Mestre Eckhart – Vi sobre o Monte Sião 7

O texto diz: «Eles tinham o nome deles e o nome do seu Pai escrito nas suas testas.»
Qual é o nosso nome, e qual é o nome do nosso Pai?
O nosso nome, é que nós temos que ser gerados, e o nome do Pai é «gerar», lá onde a Divindade derrama a sua luz a partir da pureza primordial que é a plenitude de toda a pureza, como eu disse no Mariengarten.
Felipe disse: «Senhor, mostra-nos o Pai, isso basta-nos.»
Em primeiro lugar, isso significa que nós devemos ser Pai, em segundo lugar devemos ser «graça», porque o nome do Pai é «gerar»; ele gera a sua imagem em mim.
Se vejo um prato que me agrada, eu sinto desejo dele, ou então, se eu vejo um homem que se assemelha a mim, resulta uma inclinação em direção a ele.
Acontece o mesmo: o Pai celeste gera em mim a sua imagem, e dessa semelhança nasce um amor que é o Espírito Santo.
Aquele que é pai gera o filho segundo a natureza; aquele que segura na criança no batismo não é o seu pai.
Boécio diz: Deus é um bem imutável que move todas as coisas.
A imutabilidade de Deus coloca todas as coisas em movimento.
Ele é qualquer coisa de benéfico que move e empurra, e que põe todas as coisas em movimento, para que elas regressem para lá de onde elas fluíram, e que permanece imutável em si mesmo.
E quanto mais uma coisa é nobre, mais o seu curso é constante.
O fundo original move todas as coisas.
A sabedoria, a bondade e a verdade acrescentam-lhe algo; o Um só lhe acrescenta o fundo do ser.¹

Notas

Josef Quint pensa que o texto sobre o nome do Pai e sobre o nosso nome escrito na testa foi transcrito incorretamente. Sem dúvida é necessário aproximar a fórmula «Nós devemos ser Pai...» com os textos onde se diz que unidos ao Pai, nós geramos o Filho. Nós encontramos o pensamento de Eckhart com mais clareza quando lemos que o nome do Pai é «gerar»; ele gera a sua imagem em mim, e dessa similitude nasce um amor que é o Espírito Santo. [ ↑ ]

São Nuno