Mestre Eckhart – Assim se manifestou o amor de Deus 5

  1. E agora: «nós vivemos nele», com ele.
  2. Não há nada que se deseje tanto quanto a vida.
  3. O que é a minha vida? É aquilo que, desde o interior, é movido por si próprio.
  4. Aquilo que é movido desde o exterior não vive.
  5. Se portanto nós vivemos com ele, nós devemos também cooperar nele desde o interior e não operar movidos a partir do exterior; nós devemos antes ser movidos por aquilo que nos faz viver, quer dizer por ele.
  6. Ora nós podemos e devemos agir operando desde o interior, a partir daquilo que nos é próprio.
  7. Se portanto nós devemos viver nele ou por ele, é preciso que ele seja o nosso bem próprio e que nós operemos por esse bem próprio; da mesma forma portanto que Deus realiza todas as coisas pelo seu ser próprio e por ele próprio, nós devemos operar pelo bem próprio que ele é em nós.
  8. Ele é absolutamente o nosso bem, e todas as coisas são o nosso bem nele.
  9. Tudo o que possuem todos os anjos, e todos os santos, e Nossa Senhora, me pertencem nele, e não me é mais estrangeiro, nem mais distante, do que aquilo que eu próprio possuo.
  10. Todas as coisas me pertencem igualmente nele; e para que nós entremos em possessão desse bem e que todas as coisas sejam nossas, é preciso que nós recebamos Deus igualmente em todas as coisas, não mais dentro duma que dentro doutra, porque ele é o mesmo em todas as coisas.1

Notas

  1. «Nós vivemos com ele», por isso também devemos cooperar com ele «a partir do interior», quer dizer, operar pelo bem próprio que vive em nós. «Ele é absolutamente o nosso bem, e todas as coisas são o nosso bem nele», igualmente o que possuem os anjos, e todos os santos, e Nossa Senhora. Este texto pode ser lido à luz do dogma da comunhão dos santos, mas Eckhart vai mais longe: para que todas as coisas me pertençam nele, é preciso que eu o receba igualmente em todas as coisas, nos sofrimentos como nas satisfações, nas lágrimas como na alegria. [  ]
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