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Mestre Eckhart – Esta é a vida eterna

A vida eterna, é que eles te conheçam, único verdadeiro Deus Quando nós queremos rezar, que antes nós nos abaixemos Deus opera mais num coração humilde porque lá Ele tem mais possibilidades de operar Na medida em que a alma avança, ela penetra mais na luz Tudo o que se pode acrescentar a Deus encerra Deus Aquele que conhece alguma coisa mais de Deus, não conhece Deus só Início » Espiritualidade » Mestre Eckhart » Esta é a vida eterna

Mestre Eckhart – Esta é a vida eterna 1

Sermão 54b - Esta é a vida eterna Nosso Senhor diz: «A vida eterna, é que eles te conheçam, único verdadeiro Deus, e aquele que tu enviaste, Jesus Cristo.» «Nosso Senhor levantou os olhos para o céu e disse: "Pai, a hora chegou, glorifica o teu Filho para que o teu Filho te glorifique", e ele rezou por aqueles que lhe tinham sido dados e disse: "Dá-lhes a vida eterna; faz com que eles sejam um contigo como eu e tu nós somos um".» (Jo 17, 1-3) 1 Notas Este sermão está em relação estreita com o precedente. Josef Quint estabeleceu o texto do sermão 54b baseando-se nos dois originais que o contêm, bastante próximos um do outro. Quando eles divergem ele escolheu, por intermédio de critérios internos, aquele que lhe pareceu o melhor. Para além disso ele apresentou as variantes mais importantes, mais ou menos paralelamente. Apesar de nós já termos lido antes desenvolvimentos análogos - também subtis e difíceis -, consideramos que seria bom seguirmos aqui o ed

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«Ele levou os olhos para o alto.» Com isto ele ensina-nos: quando nós queremos rezar, que antes nós nos abaixemos, numa humildade verdadeira e submetida, abaixo de todas as criaturas. Apenas depois nós devemos subir diante do trono da Sabedoria, e tanto quanto nós nos abaixamos, tanto será atendida a oração que nós realizamos. Ora um texto diz que cada vez que Nosso Senhor levantava os olhos, ele queria realizar uma grande obra. Era com efeito uma grande obra, aquilo que ele diz aqui: «que eles sejam um contigo como eu e tu nós somos um». Está dito no Livro da Sabedoria «que Deus só ama aquele que habita na Sabedoria»; ora o Filho é a Sabedoria. Como na pureza na qual Deus criou a alma, nós tornamo-nos tão puros na Sabedoria que é o Filho. Porque, assim como eu disse frequentemente, ele é uma porta pela qual a alma regressa ao Pai, tudo o que Deus alguma vez operou não era nada mais que uma imagem e um sinal da vida eterna. 1 Notas «Ele levantou os seus olhos par

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«Ele levou os seus olhos ao alto», do verdadeiro fundo da mais extrema humildade. Da mesma forma que o poder do céu não opera tanto como no fundo da terra (apesar de ser o elemento mais baixo), porque é lá que ele tem mais possibilidades de operar, da mesma forma Deus opera mais num coração humilde porque lá Ele tem mais possibilidades de operar, encontrando lá a maior similitude com Ele próprio. Com isto, ele ensina como nós devemos penetrar no nosso fundo da verdadeira humildade e do verdadeiro denodo, afim de que nós nos desapossemos de tudo o que não é nosso por natureza, quer dizer os nossos pecados e as nossas faltas, e também daquilo que é nosso por natureza, quer dizer tudo o que faz parte do eu próprio. Porque aquele que quer penetrar no fundo de Deus, naquilo que Ele tem de mais interior, deve primeiro penetrar no seu próprio fundo, naquilo que ele tem de mais interior. Com efeito, ninguém pode conhecer Deus se ele não se conhece primeiro a si próprio. 1 Ele deve

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Uma outra interpretação: «ele levantou os olhos». Com isto ele ensina-nos: da mesma forma que o elemento mais elevado não pode operar em nenhuma parte tão bem como no fundo da terra - ele produz aí o ouro, a prata e as pedras preciosas - e naquilo que está lá misturado à terra como a folhagem, a erva e as árvores -, isso tem em si uma semelhança com o céu e com o anjo que move o céu: isso estende-se e amplifica-se e forma um habitáculo, afim de que o sol e o poder das estrelas sejam capazes de operar muito nelas e isto inclui em si a natureza do anjo e opera como o anjo, apesar de ser de muito longe; 1 igualmente nós devemos formar um habitáculo, nos estendermos e nos amplificarmos, afim de que Deus possa operar muito em nós, nós devemos ser semelhantes a Ele e operar como Ele. O animal conhece «aqui» e «agora», mas o anjo não conhece nem «aqui» nem «agora», e o ser humano, está acima das outras criaturas, conhece numa luz verdadeira onde não existe nem o tempo nem o espaço, sem «

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«Ele levantou os olhos para o céu.» « Celum » significa um habitáculo do sol. Tudo o que se pode acrescentar a Deus encerra Deus, tudo o que se pode acrescentar a Ele, senão «ser puro», encerra Deus. Ora ele diz: «Pai, a hora chegou; glorifica o teu Filho afim de que o teu Filho te glorifique, e eu peço-te para além disso que dês uma vida eterna a todos aqueles que tu me deste.» Ora interroguem quem vocês quiserem, todos responderão que o seu pensamento era: «Pai, dá a vida eterna a todos aqueles que tu me deste.» Mas verdadeiramente esta frase significa: «Pai, tudo aquilo que tu me deste - o ser o Filho saído de ti, o Pai - eu te peço que lhes dês e que eles desfrutem disso; dessa vida eterna, é a recompensa eterna deles.» Vejam, isto quer dizer: tudo o que o Pai deu ao seu Filho, tudo aquilo que Ele é, que Ele lhes dê a eles. 1 Notas Tudo aquilo que se pode dizer de Deus, ou acrescentar a Deus, encobre o ser puro de Deus. Ora Cristo pede ao Pai que dê uma vida ete

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Uma «vida eterna», o que é, notem-no vocês próprios: «a vida eterna, é que eles te conheçam, a ti único verdadeiro Deus». O que entende ele dizendo: «Só a ti»? É que a alma não tenha gosto, a não ser por Deus só. É um outro significado quando ele diz: «te conhecer a ti só, é a vida eterna». Ele quer dizer que Deus é, e que nada é ao pé d'Ele. Aquele que conhece alguma coisa mais de Deus, não conhece Deus só. Mas aquele que conhece Deus só, conhece mais Deus. Os nossos mestres dizem: um tal conhece um em Deus, e um outro tal conhece mil em Deus. Aqueles que conhecem um, conhecem mais que aqueles que conhecem mil, porque é antes "em" Deus que eles conhecem, enquanto que aqueles que conhecem mil conhecem antes "ao pé" de Deus. Mais felizes são aqueles que conhecem mil, que aqueles que conhecem um, porque lá eles conhecem de Deus mais que em um. Mais felizes ainda são aqueles que conhecem um, que aqueles que conhecem mil, sempre mais um e não

Mestre Eckhart – Nosso Senhor levantou os olhos

A alma é levada até Deus pela Sabedoria divina É preciso que nós cheguemos ao nosso próprio fundo e àquilo que nós temos de mais interior, em pura humildade A alma bem ordenada no fundo da humildade, sobe e é atraída para o alto na potência divina A alma eleva-se acima do tempo e do espaço em igualdade com a luz do anjo e opera com ele espiritualmente no céu A todos aqueles que Tu me deste, Eu dou-lhes a vida eterna, e a nenhuns outros Quanto mais se conhece Deus como Um, mais se conhece a raiz de onde saíram todas as coisas Início » Espiritualidade » Mestre Eckhart » Nosso Senhor levantou os olhos

Mestre Eckhart – Nosso Senhor levantou os olhos 1

Sermão 54a - Nosso Senhor levantou os olhos Nosso Senhor levantou os olhos e dirigindo o seu olhar para cima em direção ao céu, disse: «Pai, o tempo chegou, glorifica o teu Filho para que o teu Filho te glorifique. A todos aqueles que tu me deste, dá a vida eterna. A vida eterna, é que eles te conheçam como único verdadeiro Deus.» (Jo 17, 1) 1 Eis o texto de um papa: quando Nosso Senhor levantava os olhos, Ele tinha um grande pensamento. O sábio diz no Livro da Sabedoria que a alma é levada até Deus pela Sabedoria divina. Santo Agostinho diz também que todas as obras e o ensinamento da humanidade de Deus são uma imagem e uma figura da nossa vida santa e da nossa grande dignidade diante de Deus. A alma deve ser purificada e tornada subtil na luz e na graça, totalmente desprendida e despojada daquilo que é estrangeiro à alma e também de uma parte daquilo que ela é ela própria. Eu já o disse frequentemente: a alma deve ser totalmente desnudada de tudo o que é «acidente», le

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Ora ele diz: «Ele levantou os olhos e dirigiu o seu olhar para cima». Esta frase inclui dois sentidos. Um, é um testemunho de pura humildade. Se nós devemos alguma vez chegar ao fundo de Deus e àquilo que Ele tem de mais interior, é preciso primeiro que nós cheguemos ao nosso próprio fundo e àquilo que nós temos de mais interior, em pura humildade. Os mestres dizem que as estrelas vertem toda a sua potência no fundo da terra, na natureza, e no elemento da terra, e produzem lá o ouro mais puro. Na medida em que a alma chega ao fundo e ao mais interior do seu ser, nessa mesma medida a potência divina derrama-se absolutamente nela, ela aí opera muito secretamente e manifesta muito grandes obras, a alma torna-se assim muito grande, elevada no amor de Deus que é semelhante ao ouro puro. Tal é o primeiro sentido de «Ele levantou os olhos». 1 Notas «Cristo levantou os olhos e dirigiu o seu olhar para cima.» Na interpretação de Eckhart, este texto tem dois significados. E

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O segundo, é que a alma se deve dirigir para o alto na humildade, com todos os seus defeitos e os seus pecados, ela deve-se colocar e se inclinar sob a porta da misericórdia de Deus, onde Deus se resolve em misericórdia, e ela deve também levar ao alto a sua virtude e as suas obras boas, ela deve colocar-se com elas sob a porta onde Deus se resolve em bondade. Assim a alma deve seguir e ordenar-se segundo o exemplo: «Ele levantou os olhos». Em seguida ele diz: «Ele dirigiu o seu olhar para cima». Um mestre diz: aquele que fosse astucioso, e conhecesse isto, colocaria água por cima do vinho, por forma a que a potência do vinho pudesse agir nela: a potência do vinho transformaria a água em vinho e se ela estivesse bem colocada por cima do vinho, ela seria melhor do que o vinho, pelo menos ela tornar-se ia tão boa quanto o vinho. O mesmo se passa na alma que está bem ordenada no fundo da humildade, ela sobe assim e é atraída para o alto na potência divina; ela nunca repousa ante

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É por isso que ele diz: «Ele dirigiu o seu olhar para cima, em direção ao céu». Um mestre grego diz que «céu» significa «habitáculo do sol». O céu derrama a sua potência no sol e nas estrelas, e as estrelas derramam a sua potência no seio da terra e produzem o ouro e as pedras preciosas, de tal forma que as pedras preciosas têm o poder de realizar obras maravilhosas. Umas têm o poder de atrair os ossos e a carne. Se uma pessoa se aproximasse delas, seria travada e não se poderia libertar a menos que dispusesse dos artifícios necessário para lhes escapar. Outras pedras preciosas atraem os ossos e o ferro. Cada pedra preciosa é um habitáculo das estrelas que recepta em si uma potência celeste. Assim, da mesma forma que o céu derrama a sua potência nas estrelas, da mesma forma as estrelas a derramam por sua vez nas pedras preciosas, nas plantas e nos animais. A planta é mais nobre do que a pedra preciosa porque ela tem uma vida que se desenvolve. Ela desdenharia cresce

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Mas eu falarei um pouco da sua frase quando ele diz: «todos aqueles que tu me deste». Para aquele que sabe o verdadeiro sentido, «tudo o que tu me deste» significa: eu dou-lhes «a vida eterna», a mesma que tem o Filho na primeira emanação, e no mesmo fundo, e na mesma pureza, e na mesma fruição, onde Ele tem a sua própria beatitude, e onde Ele possui o seu próprio ser: «esta vida eterna, eu dou-lhes a eles» e a nenhum outro. Eu algumas vezes apresentei este significado comum, mas esta noite eu expando-o, apesar de ele se encontrar verdadeiramente na frase latina que eu frequentemente pronunciei. Tu próprio, pede-a e pronuncia-a ousadamente, pela minha vida! 1 Notas O pregador abandona agora a imagem do mundo que ele nos apresentou, para regressar às palavras do Evangelho. Ele joga, se podemos dizer, com os dois textos de São João: «tudo o que tu lhe deste (ao Filho)» (17, 2) e «todos aqueles que tu me deste» (17, 11). A proximidade gramatical é a mesma o que cria uma

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Ele diz em seguida: «A vida eterna, é que eles te conheçam como o único verdadeiro Deus.» Se duas pessoas reconhecem Deus como Um, se uma (lhe desse o valor de mil) e se a outra reconhecesse Deus como «mais de um», mas tão pouco que seja menos (de mil), esta reconheceria mais Deus como Um do que aquela que o reconhecesse como mil. Quanto mais Deus é reconhecido como Um, mais Ele é reconhecido como Tudo. Se a minha alma fosse perspicaz, se ela fosse nobre e pura, tudo aquilo que ela conhecesse seria um. Se um anjo conhecesse uma coisa que para ele tem o valor de dez, e se um outro anjo mais nobre conhecesse a mesma coisa, não seria para ele mais do que «um». É por isso que Santo Agostinho diz: se eu conhecesse todas as coisas e não Deus, eu não teria conhecido nada. Mas se eu conhecesse Deus e não conhecesse mais nenhuma coisa, eu teria conhecido todas as coisas. Quanto mais se conhece Deus lucidamente e profundamente como Um, mais se conhece a raiz de onde saíram todas a

Mestre Eckhart – O Senhor estendeu a sua mão

Deus é uma palavra, uma palavra inexpressa O Pai é uma operação que se exprime e o Filho é uma Palavra que opera É desprezível o ser humano que não se eleva acima do humano Nós não conseguimos encontrar nenhum nome que nós possamos dar a Deus Todas as criaturas são uma palavra de Deus Tu deves morrer a todas as coisas, e a imagem em ti deve reunir-se com aquilo da qual ela é a imagem na altura, onde nós residimos no Espírito Santo Início » Espiritualidade » Mestre Eckhart » O Senhor estendeu a sua mão

Mestre Eckhart – O Senhor estendeu a sua mão 1

Sermão 53 - O Senhor estendeu a sua mão O Senhor estendeu a sua mão, tocou na minha boca e disse... (Jr 1, 9-10) 1 Quando eu prego, eu tenho o costume de falar do desprendimento e de dizer que o ser humano deve ser desprendido dele próprio e de todas as coisas. Em segundo lugar, que devemos ser reintroduzidos no Bem simples que é Deus. Em terceiro lugar, que nos recordemos da grande nobreza que Deus colocou na nossa alma afim de que o ser humano chegue assim maravilhosamente até Deus. Em quarto lugar, eu falo da pureza da natureza divina - de quanta claridade tem a natureza divina, é inexprimível. Deus é uma palavra, uma palavra inexpressa. 2 Notas O texto deste sermão é retirado à epístola para a vigília de São João Batista (23 de junho). [  ↑  ] No início, Eckhart resume os temas principais da sua prédica em geral: o desprendimento, dito de outra forma, a obrigação do ser humano de se desprender dele próprio e de todas as coisas; de se inserir no bem simples q

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Agostinho diz: «Toda a Escritura é vã. Se dizem que Deus é uma palavra, ele é expresso; se dizem que Deus é inexpresso, Ele é inexprimível.» E no entanto Ele é qualquer coisa; quem pode exprimir essa Palavra? Ninguém o faz, senão aquele que é essa Palavra. Deus é uma Palavra que se exprime a ela própria; onde Deus está, Ele pronuncia essa Palavra; onde Deus não está, Ele não fala. Deus é expresso e Ele é inexpresso. O Pai é uma operação que se exprime e o Filho é uma Palavra que opera. Aquilo que está em mim sai de mim; se eu só o penso, a minha palavra revela-o e fica no entanto no interior. Igualmente, o Pai exprime o Filho inexpresso que permanece no entanto n'Ele. Eu já aliás o disse frequentemente: quando Deus sai d'Ele próprio, ele regressa a Ele próprio. Quanto mais eu estou próximo de Deus, mais Deus se exprime em mim. Quanto mais, as criaturas dotadas de intelecto, saem delas próprias nas suas obras, mais elas reentram nelas próprias. Não se pas

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David diz: «O Senhor é o seu nome.» «Senhor» indica a situação superior que é uma senhoria, «servidor», uma situação inferior. Certos nomes são apropriados a Deus e separados de todas as outras coisas, como «Deus». «Deus» é o nome mais apropriado a Deus, como «homem» é o nome dum ser humano. Um ser humano é sempre um ser humano, quer ele seja insensato quer seja sábio. Séneca diz: «É desprezível o ser humano que não se eleva acima do humano.» Certos nomes designam atributos de Deus, como «Paternidade» e «Filiação». Quando se diz «Pai» entende-se também «Filho». Não pode existir um Pai a menos que exista um Filho, nem um Filho a menos que exista um Pai, mas ambos têm em si um ser eterno para lá do tempo. 1 Notas Certos nomes têm uma ligação com Deus, como «Paternidade» e «Filiação». [  ↑  ] [ Anterior ] [ Índice ] [ Seguinte ] Início » Espiritualidade » Mestre Eckhart » O Senhor estendeu a sua mão 3

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Em terceiro lugar, certos nomes levam para o alto (nomes metafóricos) em direção a Deus e estão voltados para o tempo. Na Escritura também, se designa Deus com muitos nomes. Eu digo: ter o conhecimento de qualquer coisa em Deus e aplicar-lhe o nome, é falhar Deus. Deus está acima dos nomes e acima da natureza. Nós lemos a propósito de um homem devoto que implorava a Deus na sua oração e queria dar-lhe um nome. Um irmão disse-lhe então: «Cala-te, tu desonras Deus!» Nós não conseguimos encontrar nenhum nome que nós possamos dar a Deus. No entanto é-nos permitido dar lhe os nomes pelos quais os santos o nomearam, que Deus consagrou no coração deles e inundou de luz divina. E com isso, nós devemos primeiro aprender como devemos rezar a Deus. Nós devemos dizer: «Senhor, com estes mesmos nomes que Tu assim consagraste no coração dos teus santos e inundados com a tua luz, nós te rezamos e te louvamos.» Em seguida nós devemos aprender a não dar a Deus nenhum nome com a il

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O Pai exprime o Filho segundo todo o seu poder, e todas as coisas que estão n'Ele. Todas as criaturas são uma palavra de Deus. A minha boca exprime e revela Deus, mas o ser da pedra também o faz, e compreende-se mais pelos efeitos da obra do que pelas palavras. A obra opera pela natureza superior segundo o seu maior poder, a natureza inferior não a consegue compreender. Se ela operasse a mesma coisa, ela não lhe seria inferior, ela ser-lhe-ia idêntica. Todas as criaturas quereriam repetir em todas as suas obras aquilo que diz Deus, mas aquilo que elas podem revelar d'Ele é no entanto bastante pouco. Mesmo os anjos mais elevados que, no seu voo, tocam em Deus - são tão diferentes daquilo que está em Deus como o branco e o preto. Aquilo que as criaturas receberam no seu conjunto é completamente diferente, apesar de que todas quisessem exprimir o mais que elas pudessem. O profeta diz: «Senhor, tu pronuncias uma palavra e eu ouço duas.» Quando Deus se pronuncia

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O profeta diz: «O Senhor estendeu a sua mão» e ele quer dizer o Espírito Santo. Ele diz também: «Ele tocou na minha boca» e acrescenta também: «Ele falou-me». A boca da alma é a parte superior da alma, é aquilo que ela pensa e diz. «Ele colocou a sua palavra na minha boca.» - É o beijo da alma; a boca tocou na boca, então o Pai gera o seu Filho na alma e então a palavra é-lhe endereçada. Ora ele diz: «Vê, eu elegi-te hoje e eu estabeleci-te sobre os povos e sobre os reinos.» Num «hoje», Deus promete de nos eleger lá onde nada existe, onde no entanto, na eternidade, Ele é um «hoje». «E eu estabeleci-te sobre os povos» - é o mundo inteiro e tu deves desprender-te dele - «e sobre os reinos» - quer dizer: tudo o que é mais do que um é demasiado, porque tu deves morrer a todas as coisas e a imagem em ti deve reunir-se com aquilo da qual ela é a imagem na altura, onde nós residimos no Espírito Santo. 1 Que Deus, o Espírito Santo, nos ajude a isso. Amém. 2 Notas O pre

Mestre Eckhart – Tu deves honrar pai e mãe

Tu deves honrar pai e mãe Tudo aquilo que nós conseguimos compreender na Escritura, e tudo aquilo que nos podem dizer, revela um outro sentido escondido Todas as comparações existem para servir de comparação com o Pai Toda a alegria do Pai, e o seu carinho, e o seu sorriso, estão unicamente no Filho Tudo aquilo que é conhecido, ou que nasceu, é uma imagem Quando a alma encontra o Um, onde tudo é um, ela reside nesse único Um Todas as coisas tendem para um acréscimo de perfeição Quem honra Deus? Aquele que tem em vista a honra de Deus em todas as coisas É nas trevas que se encontra verdadeiramente a luz Início » Espiritualidade » Mestre Eckhart » Tu deves honrar pai e mãe

Mestre Eckhart – Tu deves honrar pai e mãe 1

Sermão 51 - Tu deves honrar pai e mãe Hec dicit dominus: honora patrem tuum . Esta frase que eu disse em latim está escrita no Evangelho. Nosso Senhor a pronuncia e ela significa: «Tu deves honrar pai e mãe.» (Mt 15, 4) 1 E nosso Senhor Deus dá um outro mandamento: «Tu não deves desejar o bem do teu próximo, nem a sua casa, nem a sua mulher, nem nada que lhe pertença.» O terceiro texto, é que o povo foi procurar Moisés e disse: «Perdoa-nos, porque nós não conseguimos ouvir Deus.» A quarta é o que disse nosso Senhor Deus: «Moisés, tu me farás um altar de terra e na terra, e tudo o que lá for oferecido em sacrifício, tu o queimarás.» Eis o quinto: «Moisés aproximou-se da nuvem e avançou na montanha; ele aí encontrou Deus e, nas trevas, ele encontrou a verdadeira luz.» 2 Notas Como o precedente, este sermão só aparece num texto frequentemente defeituoso, o que não facilitou o trabalho do editor. [  ↑  ] As citações que nós lemos no texto não têm entre elas uma relaçã

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O senhor São Gregório diz: «Onde o cordeiro toca no fundo, o boi ou a vaca nadam, e onde a vaca nada, o elefante a ultrapassa e a água passa por cima da sua cabeça.» É um sentido muito belo, de onde se pode tirar muito. O senhor Santo Agostinho diz que a Escritura é um mar profundo; um pequeno cordeiro designa uma pessoa humilde e simples que consegue tocar no fundo da Escritura. Pelo boi que nada, é preciso entender as pessoas frustes. Cada uma toma lá aquilo que lhe convém. Mas pelo elefante que corre para diante, é-nos dado entender as pessoas espirituais que penetram na Escritura e avançam nela. Eu espanto-me que a santa Escritura seja tão densa e os mestres dizem que ela não deve ser interpretada simplesmente tal qual ela é. Eles dizem que se lá se encontra alguma coisa de grosseiro, é preciso que isso seja decifrado, mas para isso são precisas comparações. (Desses animais,) um penetrou lá até ao tornozelo, o segundo até ao joelho, o terceiro até à cintura, o quart

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Ora retomemos esta frase: «Tu deves honrar pai e mãe.» Num sentido vulgar, ela designa o pai e a mãe e a honra que se deve a eles; deve-se honrar também, e mesmo um pouco mais, todos aqueles que têm um poder espiritual, igualmente aqueles dos quais tu tens todos os bens perecíveis. Lá pode-se patinhar e tocar no fundo, mas (no sentido da palavra assim entendida) aquilo que nós obtemos é bem pouco. Uma mulher diz: E se devemos honrar aqueles dos quais recebemos um bem exterior, é bem mais preciso honrar aqueles de quem temos tudo. Todos os bens que temos aqui exteriormente na multiplicidade, são possuídos lá interiormente na unidade. Ora vocês compreendem bem que esta comparação diz respeito ao Pai. Eu pensei, esta noite, que todas as comparações existem para servir de comparação com o Pai. 1 Notas O sermão propriamente dito começa pela exegese do primeiro texto proposto, sobre a honra que se deve aos seus pai e mãe e, mais geralmente, a todas as pessoas das quais

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Em segundo lugar «tu deves honrar o Teu Pai», quer dizer o teu Pai celeste de quem tu tens o teu ser. Quem honra o Pai? Ninguém outro que o Filho, só ele o honra. E ninguém também honra o Filho senão o Pai apenas. Toda a alegria do Pai, e o seu carinho, e o seu sorriso, estão unicamente no Filho. O Pai não conhece nada de exterior ao Filho. Ele tem uma tão grande alegria no seu Filho que Ele não tem outra necessidade que não seja gerar o seu Filho, porque este é uma semelhança perfeita e uma imagem perfeita do Pai. 1 Notas É portanto para o Pai celeste em primeiro lugar que deve ir toda a honra. Ora, só o Filho honra o Pai, e só o Pai honra o Filho. [  ↑  ] [ Anterior ] [ Índice ] [ Seguinte ] Início » Espiritualidade » Mestre Eckhart » Tu deves honrar pai e mãe 4

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Eu pensei, esta noite, que todas as comparações são uma condição prévia. Eu não posso ver uma coisa a menos que ela me seja semelhante, e eu não posso conhecer uma coisa a menos que ela não me seja semelhante. Deus contém misteriosamente todas as coisas n'Ele próprio, não isto ou aquilo nas suas distinções, mas «um» na Unidade. O olho não tem em si a cor, o olho recebe a cor, não é a orelha que a recebe; a orelha recebe o som, e a língua o gosto. Cada um dos órgãos possuiu aquilo, com o que, ele é um. Assim, a imagem da alma, e a imagem de Deus, são um único ser, lá onde nós somos Filhos. E se eu não tivesse nem olhos nem orelhas, no entanto eu teria o ser. Se alguém me tirasse os olhos, no entanto ele não me tiraria o meu ser, nem a minha vida, porque a vida reside no coração. Se alguém me quisesse atingir nos olhos, eu meteria a minha mão na frente, e ela receberia a pancada. Mas àquele que me quisesse atingir no coração, eu oporia todo o meu corpo para preser

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Os nossos mestres dizem: Tudo aquilo que é conhecido, ou que nasceu, é uma imagem. E eles explicam-se assim: Se o Pai deve gerar o seu Filho único, é preciso que Ele gere a sua imagem que reside n'Ele próprio, no seu fundo. A imagem, tal qual ela esteve eternamente n'Ele ( forme illius ), é a sua forma residindo n'Ele próprio. A natureza ensina, e parece-me com efeito certo, que se deve dar uma ideia de Deus por comparações, por isto e por aquilo, e no entanto Ele não é nem isto nem aquilo, e é por isso que o Pai não se contenta com isso, antes pelo contrário Ele retira-se na origem, no mais interior, no fundo e no núcleo do ser paterno onde ele esteve eternamente n'Ele próprio na Paternidade, e onde Ele desfruta d'Ele próprio, Pai enquanto que Pai Ele próprio no único Um. Aqui todas as palhas de erva, e a madeira, e a pedra, e todas as coisas são Um. Esse é o bem supremo, e eu estou apaixonado por ele. Assim portanto: tudo aquilo que a natureza é capa

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Há muitos anos, eu não existia, depois há pouco tempo, o meu pai e a minha mãe comeram carne, pão e ervas que cresciam no jardim, e com isso eu tornei-me num ser humano; no entanto, o meu pai e a minha mãe não puderam cooperar nisso: Deus fez diretamente o meu corpo, e criou a minha alma a partir daquilo que é o mais elevado, então eu tomei posse da minha vida. Este grão tende a tornar-se centeio; ele tem na sua natureza o poder de se tornar fermento; é por isso que ele não tem repouso antes de ter chegado a essa mesma natureza. Este grão de fermento tem na sua natureza o poder de se tornar em todas as coisas, é por isso que ele paga a parada e aceita a morte afim de ser transformado em todas as coisas. E este mineral é cobre, ele tem na sua natureza o poder de se tornar em prata, e a prata tem na sua natureza o poder de se tornar em ouro, é por isso que ele nunca tem repouso antes de chegar a essa mesma natureza. Sim, esta madeira tem na sua natureza o poder de se tornar num

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Eu pensei esta noite que os céus são numerosos. Ora certas gentes incrédulas não acreditam que este pão sobre este altar possa ser transformado para se tornar no nobre corpo de Nosso Senhor, e que Deus o possa realizar. Essas más gentes que não conseguem acreditar que Deus o possa fazer! E se Deus deu à natureza o poder de se tornar em todas as coisas, é ainda bem mais possível a Deus que este pão sobre o altar se possa tornar no seu corpo. E se a fraca natureza pode transformar uma pequena folha num ser humano, é ainda bem mais possível a Deus o fazer de um pão o seu corpo. Quem honra Deus? Aquele que tem em vista a honra de Deus em todas as coisas. Este sentido é ainda bem mais manifesto, apesar do primeiro ser preferível. 1 Notas «Eu pensei esta noite que os céus são numerosos...» (céu da Lua, céu de Mercúrio, céu de Vénus, céu do Sol, etc.) que realizam a sua revolução em torno da Terra, centro do mundo. Eckhart, naturalmente, fez sua esta noção vinda da Antig

Mestre Eckhart – Tu deves honrar pai e mãe 9

O quarto sentido: eles mantiveram-se afastados e disseram a Moisés: «Moisés, fala-nos, nós não conseguimos ouvir Deus.» Eles estavam longe, e essa era a escória que os impedia de ouvirem Deus. Moisés entrou na nuvem e avançou na montanha, e lá ele viu a luz divina. É nas trevas que se encontra verdadeiramente a luz. Assim, quando se está no sofrimento e na aflição, essa luz está mais próxima de nós. Que Deus faça o melhor ou o pior, Ele precisa de se dar a nós, quer seja nos tormentos ou na aflição. Uma santa mulher tinha numerosos filhos, e quis matá-los, ela riu-se e disse: «Não se entristeçam, fiquem alegres e pensem no vosso Pai celeste, porque vocês não têm nada de mim.» Tal como se ela quisesse dizer: «Vocês têm o vosso ser diretamente de Deus.» Isto convém bem ao nosso propósito. Nosso Senhor diz: «As tuas trevas - é o teu sofrimento - serão transformadas em luz clara.» Mas eu não devo tender para nada, nem desejar nada. Eu disse noutro lugar: as trevas

Mestre Eckhart – Antigamente vocês eram trevas

Os profetas hesitavam em transmitir o conhecimento que tinham de Deus O Pai gera o seu Filho único, e dessa efusão desabrocha o Espírito Santo que é o Espírito de um e do outro No nascimento eterno, onde o Pai gera o seu Filho, a alma fluiu no seu ser, e a imagem da Divindade é impressa na alma Não há devir em Deus, é um «agora», um devir sem devir, um novo sem renovação: eis o devir que é o seu ser Início » Espiritualidade » Mestre Eckhart » Antigamente vocês eram trevas

Mestre Eckhart – Antigamente vocês eram trevas 1

Sermão 50 - Antigamente vocês eram trevas São Paulo diz: «Antigamente vocês eram trevas, mas agora uma luz em Deus.» (Ef 5, 8) 1 Os profetas que caminham na luz conhecem e encontram, sob a influência do Espírito Santo, a verdade escondida. Eles eram, por vezes, levados a voltarem-se para o exterior e a falar, para a nossa beatitude, das coisas que eles conheciam, e nos ensinarem a conhecer Deus, depois acontecia-lhe que se calavam porque eles não conseguiam falar. Isto por três causas. A primeira : o bem que eles conheciam e contemplavam em Deus era tão grande e tão escondido que não se podia formar no entendimento deles, porque tudo aquilo que aí se podia formar era tão desigual àquilo que eles contemplavam em Deus, e tão falso, comparado com a verdade, que eles se calavam, não querendo mentir. A segunda causa: tudo aquilo que eles viam em Deus era tão igualmente grande e nobre que eles não lhe conseguiam tirar nem imagem, nem forma, para falar daquilo. A terceira c

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Ora Paulo diz: «Antigamente vocês eram trevas, mas agora uma luz em Deus.» « Aliquando », para aquele que consegue plenamente sondar esta palavra, significa «antigamente» e designa o tempo que obstrui para nós a luz, porque nada é tão contrário a Deus como o tempo. Não apenas o tempo, ele quer dizer também uma ligação ao tempo; ele também não quer dizer apenas uma ligação ao tempo, ele quer dizer também um contato com o tempo. Não apenas um contato com o tempo, menos ainda: um cheiro e um odor do tempo, da mesma forma que um odor fica lá onde uma maçã foi colocada: entende assim o contato com o tempo. Os nossos melhores mestres dizem que o céu material, o sol e também as estrelas têm tão pouco a ver com o tempo que eles apenas tocam no tempo. Aqui eu penso que a alma é absolutamente criada longe acima do céu e que, naquilo que ela tem de mais elevado e de mais puro, ela não tem nada a ver com o tempo. Eu falei frequentemente da operação em Deus e do nascimento: o Pai gera

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É o que pensa Paulo quando diz: «mas agora uma luz em Deus». Ele não diz: «vocês são uma luz», ele diz: «mas agora uma luz». Ele quer dizer aquilo que eu disse frequentemente: é preciso que aquele que deve conhecer as coisas, as conheça na sua causa. Os mestres dizem: as coisas têm uma ligação ao seu nascimento, porque lá elas podem ter do ser a visão mais pura. Porque, onde o Pai gera o seu Filho, é um «agora» presente. No nascimento eterno, onde o Pai gera o seu Filho, a alma fluiu no seu ser, e a imagem da Divindade é impressa na alma. 1 Notas Eckhart passa ao comentário da segunda parte do texto: «Mas agora uma luz». Ele dá certamente uma grande importância à forma na qual São Paulo exprime o seu pensamento, e sublinha o facto de Paulo não dizer «vocês são uma luz», mas antes «agora uma luz em Deus». No sermão 21, Um Deus e Pai de todos , já tivemos um exemplo do comentário que ele fez desta omissão. Nesse sermão, o verbo «ser» parece a Eckhart ter para São Pa

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Quando se falou disto na Escola, alguns mestres disseram que Deus imprimiu a imagem na alma como aquele que pinta uma imagem na parede, e que se apaga. Isto foi contradito. Outros mestres falaram melhor e disseram que Deus imprimiu uma imagem permanente, como um pensamento que permanece nela. Como por exemplo: hoje eu tenho uma vontade, e eu tenho amanhã o mesmo pensamento, e eu retenho a imagem pela minha representação permanente. Eles disseram portanto que as obras de Deus são perfeitas. Se o carpinteiro fosse perfeito na sua obra, ele não teria necessidade de materiais: assim que ele pensasse nela, a casa estaria acabada. Tais são as obras de Deus: assim que Ele pensa nelas, as obras são completadas num «agora» presente. Veio o quinto mestre, ele foi o melhor a falar, e disse: não há devir (em Deus), é um «agora», um devir sem devir, um novo sem renovação: eis o devir que é o seu ser. Em Deus há uma subtileza na qual não pode haver renovação. Há também na alma uma