Imitação de Cristo - 4.13. Como a alma devota deve desejar com todo o coração unir-se a Jesus Cristo na Comunhão

  1. Alma: Quem me dera, Senhor, encontrar-me a sós convosco, e abrir-vos todo o meu coração, e desfrutar de vós como a minha alma deseja; para que eu não seja mais um objeto de desprezo para ninguém, e que sendo um estranho para todas as criaturas, vós faleis a sós comigo, e eu convosco, como um amigo fala com o seu amigo e se senta com ele à mesma mesa.
  2. O que eu peço, o que eu desejo, é estar unido inteiramente a vós, que o meu coração se desprenda de todas as coisas criadas e que, pela santa comunhão e pela frequente celebração dos divinos mistérios, eu aprenda a saborear as coisas do céu e da eternidade.
  3. Ah! Senhor meu Deus, quando, completamente esquecido de mim mesmo, estarei perfeitamente unido a vós, e absorvido em vós?
  4. Que eu esteja em vós, e vós em mim; e que esta união seja inalterável!
  5. Vós sois verdadeiramente o meu bem amado, «escolhido entre mil» (Cântico 5, 10), em quem a minha alma se deleita, e em quem deseja habitar para sempre.
  6. Vós sois o Rei pacífico; em vós está a paz soberana e o verdadeiro repouso; fora de vós só há trabalho, dor, miséria infinita.
  7. «Vós sois verdadeiramente um Deus escondido». Vós vos afastais dos ímpios; «mas vós gostais de conversar com os humildes e os simples» (Isaías 14, 15; Provérbios 3, 32).
  8. «Oh! quão suave é, Senhor, o vosso espírito, pois para manifestardes a vossa bondade para com os vossos filhos, vos dignais alimentá-los com o pão suavíssimo que baixou do céu» (Antífona).
  9. «Na verdade, não há outra nação tão grande, que tenha deuses tão próximos de si» (Deuteronómio 4, 7) como vós, ó meu Deus! Vós vos tornais presente a todos os vossos devotos, entregando-vos vós próprio a eles em cada dia para serdes o seu alimento, e para que eles desfrutem de vós, a fim de os consolardes e de elevardes os seus corações ao céu.
  10. Qual é o povo, de fato, comparável com o povo cristão? quem é, debaixo do céu, a criatura tão querida quanto a alma fervorosa na qual Deus se digna entrar para a nutrir com a sua carne gloriosa?
  11. Ó favor inefável! Ó admirável condescendência! Ó amor infinito, que só foi mostrado ao ser humano!
  12. Mas o que retribuirei ao Senhor por esta graça, por esta imensa caridade?
  13. Nada posso oferecer a Deus que lhe seja mais agradável do que dar-lhe o meu coração sem reservas, e unir-me intimamente a ele.
  14. Então, as minhas entranhas estremecerão de alegria quando a minha alma estiver perfeitamente unida a Deus.
  15. Então ele me dirá: Se tu queres estar comigo, eu quero estar contigo.
  16. E eu lhe responderei: Dignai-vos ficardes comigo, Senhor: desejo ardentemente estar convosco. Todo o meu desejo é que o meu coração esteja unido a vós.
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