Mestre Eckhart – O tempo de Isabel ficou completo 6
- «Então, o que será esta criança?»
- Eu disse recentemente, diante de algumas pessoas que talvez estejam presentes aqui: Não há nada tão escondido que não deva ser descoberto.
- Tudo o que é nada, deve ser removido e tão escondido que nunca se deve pensar nela novamente.
- Não devemos saber nada do nada, não devemos ter nada em comum com o nada.
- Todas as criaturas são um puro nada.
- O que não está nem aqui nem ali, onde todas as criaturas são esquecidas, é a plenitude de todo o ser.
- Eu disse então: Nada, em nós, deve estar encoberto que nós não devamos descobrir totalmente a Deus e dar-lhe totalmente.
- Onde quer que nos encontremos, na fortuna ou no infortúnio, na alegria ou na dor, qualquer que seja a nossa inclinação, devemos despojar-nos dela.
- Na verdade, se lhe descobrirmos tudo, ele por sua vez nos descobrirá tudo o que ele tem e, na verdade, ele não recobrirá absolutamente nada de tudo aquilo que ele nos pode oferecer: nem a sabedoria, nem a verdade, nem a intimidade, nem a Divindade, nem o que quer que seja.
- Esta é a pura verdade, tão verdadeira como é verdade que Deus vive, na medida em que lhe revelamos o que é nosso.
- Se não o revelamos a ele, não admira que ele não nos revele o que é dele, porque tem que haver completa reciprocidade: de nós para ele, e dele para nós.1
Notas
- Enquanto que as mulheres representam as «potências» inferiores, às quais é apropriado que estejam veladas, o homem representa aquela outra potência que deve estar nua e descoberta. Tudo o que tem a ver com o nada deve, portanto, ser removido porque «todas as criaturas são um puro nada», o que Mestre Eckhart repete constantemente. «Descobrir-se», despojar-se das criaturas, significa manter a mesma atitude em relação a todas as coisas, alegria ou sofrimento. As potências inferiores têm uma relação com o nada precisamente porque estão voltadas para as coisas compostas de ser e de não-ser; só a potência «nua e descoberta» ignora o nada. E se nós lhe revelarmos tudo, Deus não encobrirá nada daquilo que ele possa nos oferecer: sabedoria, verdade, intimidade, Divindade. [ ↑ ]
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