Mestre Eckhart – O tempo de Isabel ficou completo 5

  1. Estas três palavras designam três tipos de conhecimento.
  2. Uma, é o conhecimento dos sensível: o olho vê coisas distantes que estão fora dele.
  3. A segunda, a do intelecto, é muito mais alta.
  4. Pela terceira, entende-se uma potência nobre da alma, tão alta e tão nobre que ela apreende Deus na simplicidade da sua essência.
  5. Esta potência não tem nada em comum com o que quer que seja; de nada, ela faz alguma coisa, e faz tudo.
  6. Ela não sabe nada de ontem, nem de anteontem, nem de amanhã, nem de depois de amanhã, porque na eternidade não há nem ontem, nem amanhã, apenas há um instante presente; o que foi há mil anos e o que será daqui a mil anos é presente, e também aquilo que está do outro lado do mar.
  7. Essa potência apodera-se de Deus no seu vestiário.
  8. Um texto diz: Nele, por ele e para ele.
  9. Nele, isto é, no Pai; por ele, isto é, no Filho; para ele, isto é, no Espírito Santo.
  10. Santo Agostinho pronuncia uma frase que parece absolutamente diferente daquela mas que, no entanto, é completamente semelhante a ela: Nada é verdade, se não contenha em si toda a verdade.
  11. Esta potência apreende todas as coisas na verdade.
  12. Para esta potência, nada está escondido.1
  13. Um texto diz que as cabeças dos homens devem estar descobertas e as das mulheres devem estar veladas.
  14. As «mulheres» são as potências inferiores que devem estar veladas, mas o «homem» é essa potência que deve estar nua e descoberta.

Notas

  1. O texto de São Paulo, convidando a compreender, com todos os santos, a largura, a altura, o comprimento e a profundidade, permite a Eckhart distinguir três tipos de conhecimento: o conhecimento sensível, o conhecimento pelo intelecto e o conhecimento por aquilo que, aqui novamente, ele nomeia de «potência», mas num sentido diferente daquele que ele deu a esta palavra no início do sermão: uma potência tão alta e tão nobre (à qual ele muitas vezes recusa o nome de potência) que ela apreende Deus na simplicidade da sua essência e da sua nudez. Ela ignora o tempo porque ela vive no instante continuamente presente da eternidade. [ ↑ ]
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