Mestre Eckhart – O melhor dom 8

  1. Ora bem! escutem uma frase verdadeira! Se um ser humano desse mil marcos de ouro para construir igrejas e claustros, seria uma grande coisa.
  2. No entanto, teria dado muito mais, aquele que pudesse considerar mil marcos como nada; ele teria feito muito mais do que o outro.
  3. Quando Deus fez todas as criaturas, elas eram tão lamentáveis e tão reduzidas que ele não podia mover-se dentro delas.
  4. Então ele fez a alma tão semelhante e tão igual a ele, a fim de se poder dar à alma, porque o que quer que ele lhe desse de outro, ela o consideraria como sendo nada.
  5. Deus deve dar-se a si próprio a mim, em próprio, tanto quanto ele se pertence a si próprio, ou então eu não tenho nada, nada tem gosto para mim.1
  6. Aquele que o deve acolher assim totalmente, deve ter-se abandonado totalmente ele próprio e ter saído dele próprio; esse, recebe de Deus tudo o que Deus possui, em completa propriedade, como ele próprio o possui, e Nossa Senhora, e todos os que estão no céu; isto tudo pertence-lhe, também, em próprio.
  7. Aqueles que saíram assim deles próprios, e se abandonaram eles próprios, também receberão assim, e nada de menos.

Notas

  1. Nós encontramos aqui um dos aspetos mais profundos do pensamento eckhartiano: «Deus deve dar-se a si próprio a mim, em próprio, tanto quanto ele ser pertence a ele próprio, ou então eu não tenho nada, nada tem gosto para mim.» Mas para o recebermos, é preciso nós termos saído de nós próprios, sermos desprendidos de todas as coisas. Então, o amor não é a condição para que Deus se dê a nós, mas antes é a consequência e o sinal desse dom. [  ]
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