Mestre Eckhart – O melhor dom 6

  1. Aquilo que Nosso Senhor nos ordenou, parece-nos difícil: é preciso amar os outros cristãos como a nós próprios.
  2. As gentes toscas dizem habitualmente: isso significa que as devemos amar com vista ao mesmo bem pelo qual nós nos amamos a nós próprios.
  3. Não, não é assim.
  4. Devemos amá-las tanto quando a nós próprios, e não é difícil.
  5. Se vocês quiserem refletir bem nisso, o amor é mais uma recompensa do que um mandamento.
  6. O mandamento parece difícil, a recompensa é desejável.
  7. Aquele que ama Deus como deve ser e como é preciso amá-lo, quer ele queira quer não, e como o amam todas as criaturas, deve amar o seu próximo como a si mesmo, rejubilar com as alegrias dele como com as suas próprias alegrias, desejar a honra dele tanto quanto a sua própria honra, o estrangeiro como um dos seus próximos.
  8. Desta maneira, o ser humano está todo o tempo na alegria, na honra e na vantagem, ele está verdadeiramente como estando dentro do reino celeste e ele tem assim mais alegrias do que se ele rejubilasse sozinho com o seu bem.
  9. E saibam-no com verdade: se a tua própria honra te torna mais feliz do que a honra de qualquer outro, isso não está bem.1

Notas

  1. A última frase do parágrafo anterior: «O amor é nobre porque é universal», introduz uma passagem sobre o amor do próximo: «O amor é mais uma recompensa do que um mandamento.» Eckhart toma à letra o texto do Evangelho: Amar o seu próximo como a si mesmo, consequência direta do amor que se deve ter por Deus, e ele o desenvolve no seu sentido mais estrito. No entanto, é preciso compreender o que Mestre Eckhart entende por «amar»: não é um assunto do coração e da sensibilidade, mas é no sentido tradicional de «querer o bem». [  ]
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