Imitação de Cristo - 4.4. Que Deus derrama graças abundantes sobre aqueles que comungam dignamente

  1. Alma: Senhor meu Deus, «favorecei o vosso servo com as vossas dulcíssimas bênçãos» (Salmos 21(20), 3), para que eu me aproxime dignamente e com fervor do vosso augusto Sacramento.
  2. Chamai o meu coração para vós; despertai-me do sono profundo em que definho.
  3. «Visitai-me para me salvares» (Salmos 106(105), 4), para que eu possa saborear interiormente a doçura que está escondida em abundância neste Sacramento, como na sua fonte.
  4. Fazei também brilhar a vossa luz nos meus olhos para que eles possam discernir um tão grande mistério, e fortificai a minha fé para que eu creia nele inabalavelmente.
  5. Porque ele é obra do vosso amor e não do poder humano, ele é uma instituição sagrada vossa e não uma invenção do ser humano.
  6. Ninguém consegue conceber por si próprio maravilhas que estão acima da penetração dos próprios anjos.
  7. O que poderia então, eu, indigno pecador, eu, cinzas e pó, descobrir e compreender dum tão sublime mistério?
  8. Senhor, com simplicidade no coração, com uma fé firme e sincera, e seguindo a vossa ordem, eu me aproximo de vós cheio de confiança e de respeito; e eu creio sem hesitação que vós estais presente aqui neste Sacramento, quer como Deus quer como homem.
  9. Vós desejais que eu vos receba, e que me una a vós na caridade.
  10. Por isso, eu imploro a vossa clemência, e vos peço neste momento uma graça particular, para que, ardendo de amor, eu me funda e consuma inteiramente em vós, e que eu não deseje mais nenhuma outra consolação.
  11. Porque este adorável Sacramento é a salvação da alma e do corpo, o remédio para toda a languidez espiritual. Ele cura os vícios, reprime as paixões, dissipa ou enfraquece as tentações, aumenta a graça, acresce a virtude, fortalece a fé, fortifica a esperança, inflama e dilata o amor.
  12. Quantas bênçãos não tendes concedido, e ainda concedeis em cada dia, neste Sacramento, àqueles que vós amais, e que o recebem com fervor, ó meu Deus, único apoio da minha alma, reparador das enfermidades humanas, fonte de toda a consolação interior!
  13. Porque vós os consolais abundantemente nas suas várias tribulações; vós os levantais dos seus abatimentos pela esperança da vossa proteção.
  14. Vós os reanimais interiormente e os iluminais com uma graça nova; por forma que aqueles que se sentiam cheios de perturbação e tibieza antes da Comunhão, se sentem completamente mudados depois de se terem alimentado com esta carne e esta bebida celeste.
  15. Vós procedeis assim com os vossos eleitos para que eles reconheçam claramente e por uma experiência manifesta, toda a fraqueza que lhes é própria e tudo o que eles recebem da vossa graça e da vossa bondade.
  16. Por si próprios, frios, duros, sem gosto pela piedade, por vós eles tornam-se piedosos, zelosos, fervorosos.
  17. Quem, de fato, aproximando-se humildemente da fonte da doçura, não ganha um pouco de doçura?
  18. Ou quem, estando perto dum grande fogo, não recebe algum calor dele?
  19. Vós sois, meu Deus, essa fonte sempre cheia e superabundante, esse fogo sempre ardente e que nunca se apaga.
  20. Se, portanto, não me for permitido beber da plenitude da fonte, e saciar a minha sede perfeitamente, aproximarei no entanto a minha boca da abertura por onde correm as águas celestes, para recolher pelo menos uma pequena gota para apaziguar a minha sede, e não cair numa completa secura.
  21. E se eu ainda não consigo ser todo celeste, e todo fogo como os Querubins e os Serafins, procurarei, no entanto, animar-me com a piedade e preparar o meu coração, para que, participando com humildade neste Sacramento de vida, eu receba pelo menos alguma pequena centelha desse fogo divino.
  22. Bom Jesus, Santíssimo Salvador, supri vós próprio, com a vossa bondade e a vossa graça, aquilo que me falta, vós que vos dignastes chamar todos os seres humanos a vós, dizendo: «Vinde a mim, todos os que viveis em trabalhos e estais oprimidos, e eu vos aliviarei» (Mateus 11, 28).
  23. Eu trabalho com o suor do meu rosto, o meu coração está quebrado de dor, o peso dos meus pecados esmaga-me, as tentações agitam-me, uma multidão de paixões más cercam-me e impelem-me.
  24. E não há ninguém que me socorra, que me liberte, que me salve, senão vós, Senhor meu Deus, meu Salvador, em cujas mãos me entrego e tudo o que é meu, para que vós me protejais e conduzais à vida eterna.
  25. Recebei-me para honra e para glória do vosso nome, já que me preparastes o vosso corpo e o vosso sangue como alimento e bebida.
  26. «Fazei, Senhor meu Deus, meu Salvador, que o meu fervor e o meu amor cresçam tanto mais quanto mais eu participar neste mistério divino» (Oração da Igreja).
[ Anterior ] [ Índice ] [ Seguinte ]

Início » Espiritualidade » Imitação » 4. Sacramento da Eucaristia » 4.4. Que Deus derrama graças abundantes sobre aqueles que comungam dignamente