Imitação de Cristo - 3.11. Que devemos examinar e moderar os desejos do coração
- Cristo: Meu filho, é preciso que tu aprendas muitas coisas que ainda não sabes o suficiente.
- Alma: E o quê, Senhor?
- Cristo: Tu tens que submeter inteiramente os teus desejos à minha vontade, não te amares a ti próprio, e buscares em tudo só o que me agrada.
- Muitas vezes os teus desejos se inflamam e te arrebatam impetuosamente, mas considera se esse ardor tem por motivo a minha glória ou o teu próprio interesse.
- Se é a mim que tu tens em vista, ficarás contente, seja o que for que eu te ordenar.
- Mas se alguma busca secreta por ti próprio se esconde nas profundezas do teu coração, ficarás abatido e perturbado.
- Cuida, pois, de não te apegares demais a desejos sobre os quais não me consultaste, para que depois não te arrependas, ou sintas repugnância pelo que antes te agradou e que acreditaste ser o melhor.
- Porque qualquer movimento que pareça bom não deve ser seguido imediatamente; assim como não se deve ceder imediatamente às suas repugnâncias.
- Às vezes, convém moderares o mais santo zelo e os melhores desejos, para que não ocupem e distraiam o teu espírito, ou que, seguindo-os indiscretamente, causem escândalo aos outros; ou que, finalmente, a oposição que tu encontrares por parte dos outros te lancem na perturbação e no abatimento.
- Também, às vezes, é necessário usar de violência e resistir com grande força à avidez dos sentidos, sem prestar atenção ao que quer a carne e ao que não quer; e trabalhar sobretudo em submetê-la ao espírito, apesar do que ela quer.
- Ela tem que ser castigada e submetida até que, pronta para tudo, ela tenha aprendido a satisfazer-se com pouco, a gostar das coisas simples e a nunca se queixar de nada.
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