Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 6



Curta consideração da obra que se trata, tirada de uma questão.
  1. Mas agora tu me interrogas e me dizes: «Como é que eu vou pensar n'Ele, e o que é Ele?» e a isso eu não te posso responder a não ser isto: «Eu não sei nada.»
  2. Porque, com a tua questão, tu lançaste-me nessa mesma obscuridade e nessa mesma "nuvem de desconhecimento" onde eu gostaria que fosses tu próprio. Porque de todas as outras criaturas e das suas obras, sim certo, e das obras de Deus Ele próprio, é possível que um ser humano tenha pleno conhecimento delas pela graça, – e sobre elas, ele pode muito bem pensar; mas sobre Deus Ele próprio, ninguém pode pensar. É por isso que eu deixaria todas as coisas em que posso pensar, e escolheria para meu amor a coisa em que eu não posso pensar. Porque eis: Ele pode verdadeiramente ser amado, mas pensado não. O amor pode atingi-l'O e retê-l'O, mas nunca o pensamento.
  3. Também portanto, apesar de ser bom pensar por vezes em particular na bondade e na perfeição de Deus, e ainda que seja uma luz e parte da contemplação, no entanto portanto nesta obra, isso será rejeitado e coberto com uma "nuvem de esquecimento". E tu avançarás valentemente por cima, mas prudentemente, num devoto e alegre impulso de amor, tentando penetrar a obscuridade por cima de ti. E bate com golpes redobrados nessa espessa "nuvem de desconhecimento" com a lança aguda do amor impaciente; e não saias de lá por nenhuma coisa que aconteça.


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