Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 5



Que no tempo desta obra, todas as criaturas que alguma vez existiram, existem agora ou existirão, e todas as obras dessas mesmas criaturas, devem estar escondidas sob a nuvem do esquecimento.
  1. E se alguma vez tu chegares a essa nuvem, e se tu lá permaneceres e trabalhares dentro, como eu te peço, o que tu deves, da mesma forma que a "nuvem de desconhecimento" está por cima de ti entre ti e o teu Deus, é que exatamente da mesma forma tu metas por baixo de ti uma "nuvem de esquecimento" entre ti e todas as criaturas jamais criadas. Tu vais pensar, talvez, que tu estás com efeito longe de Deus porque a "nuvem de desconhecimento" está entre ti e o teu Deus: mas muito certamente, apesar da tua concepção ser boa, tu estás muito longe d'Ele quando tu não tens uma "nuvem de esquecimento" entre ti e as criaturas que alguma vez existiram ou foram feitas. E tão frequentemente que eu te diga: todas as criaturas que alguma vez existiram ou foram feitas, também frequentemente eu entendo não apenas essas criaturas elas próprias, mas também todas as obras e condições dessas mesmas criaturas. Eu não excluo nenhuma criatura, quer ela seja corporal ou espiritual, nem também de nenhuma condição ou obra de qualquer criatura, quer ela seja boa ou má: e para resumir, todas devem estar escondidas sob a "nuvem de esquecimento" na ocorrência.
  2. Porque, apesar de ser plenamente proveitoso por vezes pensar em certas condições e ações de tais criaturas particulares, no entanto aqui, nesta obra, o proveito é minúsculo ou nulo. Então porquê? É porque a recordação ou o pensamento de qualquer criatura que Deus alguma vez fez, ou de qualquer uma das suas ações, é uma maneira de luz espiritual: porque o olho da tua alma está exatamente fixo nisso como o olho do atirador está fixo no alvo que ele visa. E eu digo-te uma coisa, é que tudo aquilo em que tu pensas, está por cima de ti durante esse tempo, e entre ti e o teu Deus: e tanto mais tu estás longe e mais longe de Deus, quanto mais tu tens no espírito a menor coisa para além de Deus.
  3. Sim! E se é possível de o dizer com decência e conveniência, para esta obra, serve de pouco ou de nada o pensar na bondade ou na perfeição de Deus, ou da nossa Senhora, ou dos santos e anjos no céu, ou ainda nas beatitudes do céu: quer dizer, por uma consideração especial, como se tu quisesses por essa consideração alimentar o teu propósito e lhe dar mais força. Eu sou da opinião que de nenhuma maneira isso te ajudaria no caso e na obra. Porque apesar de ser bom meditar na bondade de Deus, e de O amar e glorificar por isso, no entanto é muito melhor pensar no seu Ser puro, e de O amar e glorificar por Ele próprio.


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