Livro da Vida Perfeita – As manhas da falsa luz
- «Donde vem, como é possível, pode-se perguntar, que a falsa luz engane tudo o que possa ser enganado?»
- Isto deve-se à sua extraordinária habilidade. Ela é tão esperta, tão subtil, tão ágil, ela eleva-se e sobe tão alto que ela imagina estar acima da natureza e que é impossível às outras criaturas ou à natureza chegar até ela.
- É por isso que ela imagina mesmo ser o próprio Deus, e se apropria de tudo o que é de Deus – e em particular o que é de Deus como Deus e não o que é dele quando Ele é ser humano.
- Ela imagina e diz então que ela está para lá de todas as ações e de todas as palavras, para lá das regras e das ordens, para lá da vida corporal de Cristo quando ele era homem.
- Ela não pode ser tocada por nenhuma criatura nem pelas suas ações – boas ou más, contra ou a favor de Deus. Tudo lhe é agora indiferente. Ela mantém-se completamente desprendida de tudo isto tal como se ela fosse Deus na eternidade...
- De tudo o que pertence a Deus, e não às criaturas, ela se apropria.
- Ela pensa que tem direito a tudo isto, que ela é digna de todas as coisas e que é justo e equitativo que todas as criaturas a sirvam e lhe sejam submetidas.
- Assim não lhe resta nenhuma pena, nenhum sofrimento, nenhuma aflição por qualquer assunto ou objeto que seja – com exceção das percepções do corpo e dos sentidos, e dos sofrimentos que daí possam vir, os quais é preciso suportar até à morte corporal.
- Ela imagina e afirma portanto ter chegado além da vida corporal de Cristo, além de todo o sofrimento e de toda a emoção, como estava Cristo depois da Ressurreição.
- E muitos outros erros estranhos que daí resultam e daí decorrem...
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