Livro da Vida Perfeita - Pobreza e humildade espirituais
- Lá onde se encontram a pobreza e a humildade espirituais, as coisas passam-se de outra forma completamente diferente.
- Porque aí se encontra então que o ser humano não é nada por si próprio, nem por aquilo que é seu.
- Aí sabe-se que ele não pode, que ele não tem, que ele não quer nada: nada a não ser os seus defeitos, os seus vícios e a sua malignidade.
- Então, o ser humano considera-se indigno de tudo o que lhe possa acontecer, por Deus ou pelas criaturas.
- Ele descobre que tudo o que lhe acontece, frequentemente também tudo aquilo que ele realiza, ele fica a dever a eles. É por isso que, na verdade, ele não tem direito a nada.
- Com um coração humilde, ele diz então: «É justo e equitativo que Deus, e todas as criaturas, estejam contra mim, e tenham direito sobre mim. É justo e equitativo que eu não esteja contra ninguém, e que eu não tenha direito sobre ninguém.»
- Então, o ser humano não pode, nem quer, pedir nada, nem desejar de Deus, nem das criaturas, senão o estritamente necessário. Mesmo assim, só o aceita com temor, não como um direito, mas como uma graça.
- Ele só concede ao seu corpo, e à sua natureza, as satisfações e os prazeres que lhes são necessários.
- Ele não deixa, nem permite a ninguém que o ajude, a não ser em caso de necessidade - e mesmo assim, sempre com humildade.
- Porque ele não tem direito a nada, e não merece nada.
- Ele acha que tudo o que diz, que tudo o que explica, não vale nada, e é completamente absurdo.
- É por isso que ele não fala, nem explica nada, quer para ensinar quer para criticar, a menos que seja levado a isso pelo amor divino e pela fé - e mesmo assim, sempre com humildade, e a maior moderação.
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