Livro da Vida Perfeita - Amargura da Vida de Cristo
Para aceder à verdadeira vida de Cristo, toda a natureza deve ser abandonada e deixada. O eu, o amor próprio: toda a natureza deve morrer. A vida de Cristo era para ele a mais amarga, a natureza tem horror dela. A natureza considera-a como cruel e injusta. A natureza considera-a como uma loucura. A natureza pretende uma vida agradável e confortável, e proclama - e, na sua cegueira, acredita verdadeiramente - que é a melhor de todas as vidas. E certamente, sim, não há vida mais agradável e mais confortável à natureza que essa, sem preocupações nem constrangimentos! É por isso que a natureza se prende a ela: aí ela desfruta dela própria e do seu eu, aí ela encontra as suas facilidades, e tudo o que lhe convém. É frequentemente o que acontece a pessoas de grande inteligência. A inteligência deles eleva-se tão alto na sua própria luz que ela acaba por se considerar a si própria como sendo a verdadeira luz, a luz eterna. Ela faz-se passar por tal e, no seu erro, engana igual...