Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 66



Que quem não conhece as faculdades de uma alma e a maneira das suas operações, facilmente pode ser enganado na compreensão das palavras espirituais e das operações espirituais; e como uma alma é feita um Deus em graça.
  1. Vê portanto, amigo espiritual! Em qual miséria, tal que tu podes ver, nós caímos pelo pecado: e que não é de espantar, portanto, que nós sejamos cegamente e facilmente enganados na compreensão e no entendimento das palavras espirituais e das operações espirituais, – e mais particularmente aqueles que não conhecem as faculdades e os poderes das suas almas e as maneiras das suas operações?
  2. Porque sempre que a Memória está ocupada com qualquer objeto corporal, – tivesse ele sido agarrado pelo melhor dentre todos os fins – tu estás no entanto por baixo de ti próprio nessa ocupação ou trabalho, e fora da tua alma. E sempre, quando tu tens o sentimento de que a tua Memória está ocupada com os carateres e subtis estados das faculdades da tua alma nas suas operações e obras espirituais, como são os vícios e as virtudes, teus ou de qualquer criatura, a qual é tua igual em natureza, e isto a fim de poderes com isso aprender a conhecer esse tu próprio em previsão e em vista da perfeição: então tu estás dentro de ti próprio e igual a ti. Mas sempre, quando tu sentes a tua Memória ocupada de alguma maneira com um objeto corporal ou espiritual, mas unicamente da própria substância de Deus, assim como ele é e pode ser na experiência da obra que diz este livro: estão tu estás por cima de ti, e por baixo do teu Deus.
  3. Por cima de ti, tu estás: visto que tu chegas a chegar pela graça para lá do que, por natureza, tu podes e poderias atingir. Quer dizer, (atingir) a ser unido a Deus, em espírito, pelo amor, e por conformidade de vontade. E por baixo do teu Deus, tu estás: visto que, e apesar que se possa duma certa maneira afirmar que nesse momento Deus e tu não são dois mas um, em espírito – a tal ponto que tu ou um outro, conhecendo por experiência esta unidade pela perfeição da obra, poderá muito seguramente, por testemunho das Escrituras, ser chamado um Deus – no entanto tu estás por baixo de Deus. E porquê? É que Ele é Deus por natureza e sem começo; enquanto que tu, que recentemente eras em substância nada, e que, rapidamente depois de teres sido, pelo Seu poder e pelo Seu amor, feito qualquer coisa, tu fizeste de ti próprio pior do que nada pelo pecado voluntário e aceite, é apenas pela Sua misericórdia e sem mérito nenhum da tua parte, que tu és feito um Deus na graça, unido a Ele em espírito sem partilha, tudo em conjunto aqui e na beatitude do céu e sem fim. E assim, apesar de tu seres um com Ele na graça, no entanto tu estás distante por baixo Dele em natureza.
  4. Vê portanto, amigo espiritual! Aqui tu podes ver e compreender qualquer coisa, em parte, de como aquele que não conhece as faculdades da sua alma e a forma como elas operam, ele pode ser muito facilmente enganado no entendimento das palavras escritas com um sentido espiritual. E com isto tu podes perceber a causa porque é que eu não tive a audácia de te mandar e pedir para tu mostrares plenamente e abertamente o teu desejo a Deus, mas infantilmente te requisitei para fazeres em ti uma espécie de esconder e cobrir. E eu fiz, isso, com receio que tu concebesses corporalmente aquilo que era entendido espiritualmente.


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