Livro da Vida Perfeita – O Pai


  1. «Ninguém vem a mim, disse Cristo, se o Pai não o trouxer a mim» (Jo 6, 44).
  2. Estejam bem atentos: por «o Pai», eu entendo o Bem simples e perfeito que é Tudo e para lá de tudo, sem o qual e fora do qual não existe nenhum ser verdadeiro, nenhum verdadeiro bem, sem o qual não se produz nem se produzirá nunca nenhuma boa ação.
  3. Visto que Ele é Tudo, Ele deve também estar em tudo e para lá de tudo. Ele não pode ser nenhuma das coisas que a criatura, como tal, pode apreender ou compreender.
  4. Porque o que a criatura como tal – quer dizer, segundo a sua natureza criada – pode apreender e compreender é sempre qualquer coisa – isto ou aquilo –, e portanto sempre criatura.
  5. Se o Bem simples e perfeito fosse alguma coisa – isto ou aquilo – que a criatura compreende, Ele não seria Tudo nem estaria em tudo, Ele não seria «perfeito».
  6. É por isso que lhe chamam também «nada».
  7. Querem dizer com isto que Ele não é nada do que a criatura – segundo a sua natureza criada – pode apreender, conhecer, pensar ou nomear.
  8. Vê: quando esse Perfeito, que não tem nome, flui numa pessoa em estado de criar e de fazer nascer o seu Filho único – e Ele próprio com o seu Filho –, então dão-lhe o nome de «Pai».

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