Livro da Vida Perfeita - A desobediência
- «O pecado, escreveu-se, é que a criatura se afasta do seu Criador.» Isto regressa àquilo que foi dito antes.
- Aquele que está na desobediência está no «pecado». Enquanto o ser humano permanece na desobediência, o pecado não pode, faça ele o que fizer, ser apagado nem reparado. Só pode ser, pelo regresso à obediência.
- O pecado é a própria desobediência.
- Desde que o ser humano regressa à verdadeira obediência, tudo é apagado, reparado e perdoado, e não de outra forma.
- O próprio diabo, se pudesse regressar à verdadeira obediência, tornar-se-ia num anjo, todo o seu pecado, toda a sua malignidade seriam apagadas, reparadas e perdoadas.
- Um anjo, se pudesse cair na desobediência, tornar-se-ia imediatamente num diabo, mesmo se não fizesse mais nada.
- Se fosse possível que um ser humano, libertando-se verdadeiramente e totalmente de si próprio e de todas as coisas, estivesse na verdadeira obediência, como esteve a humanidade de Cristo, esse ser humano seria sem pecado. Seria, por graça, aquilo que Cristo foi por natureza.
- «Mas, dir-se-á, isso não é possível!»
- É por isso que se diz que ninguém é sem pecado!
- Resta que, quando mais nos aproximamos dessa obediência, menos ficamos no pecado. Quando mais nos afastamos, mais ficamos no pecado.
- Em resumo, que o ser humano seja bom, melhor ou excelente, que ele seja mau, pior ou execrável, que ele seja pecador ou bem-aventurado perante Deus, isso depende inteiramente dessa obediência e dessa desobediência.
- É por isso que está escrito: «Quando mais há de mim e de amor próprio, mais há de pecado e de malignidade. Quando menos há destes, menos há daqueles.»
- Está escrito igualmente: «Quanto mais o meu "eu" diminui, quer dizer o mim e o amor próprio, mais o "eu" de Deus - quer dizer Deus ele próprio - cresce em mim.»
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