Cronologia da Época

  • 300-500 - Pais do Deserto afastam-se da civilização do seu tempo e vivem como anacoretas e cenobitas nos desertos do Egito, principalmente em Scete, Nitria e na colónia dita das Células.
  • 305 - S. António do Egito, depois de vinte anos de vida solitária no deserto, fundou uma comunidade religiosa.
  • 386 - S. Benedito determinou as leis monásticas e fundou um mosteiro no Monte Cassino em Itália. Scholástica, sua irmã, torna-se responsável por uma comunidade de freiras vizinhas ao mosteiro.
  • 476 - Início da Idade Média com a deposição do último imperador romano do Ocidente.
  • 910 - Abadia de Cluny foi fundada em França. Os cluniacenses (Monges Negros de S. Benedito) pretendiam seguir estritamente a Regra de S. Benedito, dando ênfase especial às orações.
  • 1041 - O Concílio de Nice estabeleceu as leis da guerra, as Tréguas de Deus.
  • 1084 - S. Bruno fundou o primeiro mosteiro Cartusiano em Chartreuse, região montanhosa de França. Os monges viviam como ermitães, cada um na sua cela.
  • 1090 - Bonizon de Sutri redigiu um código do cavaleiro cristão (miles christianus) no seu Livro da Vida Cristã. Onde incentiva o cavaleiro a dedicar-se ao seu senhor, a desprezar o saque, a oferecer a vida a Deus, a combater pelo bem público, a combater contra os heréticos, a proteger os pobres, as viúvas e os órfãos, e a observar o juramento de fidelidade para com o seu senhor.
  • 1095-11-26 - No Concílio de Clermont, o Papa Urbano II persuadiu os príncipes e os cavaleiros ocidentais com o seu célebre discurso a favor da cruzada. A palavra de ordem era «Jerusalém»; o símbolo era a cruz branca.
  • 1096-1099 - Primeira cruzada, não foi um movimento único, mas um conjunto de ações bélicas de inspiração religiosa, que incluiu a Cruzada Popular, a Cruzada dos Nobres e a Cruzada de 1101.
  • 1098 - A Ordem Cisterciense foi fundada em Citeaux, França. Os Cistercienses buscavam restaurar a simplicidade das Regas de S. Benedito, enfatizando o trabalho no campo (lavoura). Os mosteiros localizavam-se em regiões remotas.
  • 1099-7-15 - Jerusalém foi tomada de assalto após cinco semanas de cerco. O reino de Jerusalém teve por chefe Godofredo de Bouillon, «protetor do Santo Sepulcro».
  • 1110 - Ordem do Hospital (Ordem do Hospital de São João de Jerusalém) foi fundada por Gérard de Martine para a cruzada. Ordem de aristocratas, nunca teve entre os seus cavaleiros pessoas que não pertencessem à fidalguia.
  • 1115 - Estevão Harding envia o jovem S. Bernardo à frente de um grupo de monges para fundar uma nova casa cisterciense no vale de Langres. A fundação é chamada "Vale Claro", ou Clairvaux - Claraval. S. Bernardo é nomeado Abade desta nova Abadia.
  • 1118 - Ordem dos Templários (Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão) foi fundada em Jerusalém, onde receberam do Rei Balduíno II um local no Monte Moriah para se reunirem, monte no qual o Rei Salomão edificara o seu Templo.
  • 1118 - Ordem do Hospital entrou em Portugal.
  • 1119 - S. Bernardo faz parte do Capítulo Geral dos Cistercienses que dá a forma definitiva à Ordem. A Carta da Caridade, que é então redigida por Estevão Harding, é confirmada pouco depois pelo Papa Calisto II.
  • 1128 - S. Bernardo participa no concílio de Troyes. É durante o concílio que Bernardo consegue o reconhecimento para a Ordem do Templo, os Templários, cujos estatutos são escritos por ele próprio.
  • 1146-3-31 - Quando o reino de Jerusalém foi ameaçado, o Papa Eugénio III, ele próprio um cisterciense de Claraval, pediu a S. Bernardo que pregasse a segunda cruzada em Vézelay em 31 de Março de 1146 e mais tarde em Spire. S. Bernardo tem tanto sucesso que o rei Luís VII o Jovem e o imperador Conrado III tomam eles próprios a cruz.
  • 1147-1149 - Segunda cruzada, dirigida por Conrad III de Hohenstaufen e Luís VII de França, que tomaram a cruz por influência de S. Bernardo.
  • 1148 - Segunda cruzada fracassa na conquista de Damasco.
  • 1153-1159 - Bertoldo, inspirado pelo profeta Elias, dirigiu-se para o Monte Carmelo. Aí, com o auxílio do seu primo, o Patriarca D. Aimerico de Antioquia, construiu uma pequena capela perto da gruta de Elias e perto de ruínas que lá existiam. Aos poucos, cresceu o número de eremitas que se espalharam por todo o Monte, vivendo separados uns dos outros em pequenas cavernas, procurando assim imitar Elias.
  • 1160-1190 - Chrétien de Troyes compôs os grandes romances corteses: Lancelot, Yvan, Perceval; o primeiro trovador é Guilherme IX de Poitiers (1070-1190). O Roman de la Rose, obra inacabada de Guilherme de Lorris (cerca 1071-1127), exalta o amor cortês no meio de alegorias evocadas em sonhos.
  • 1166 - Ordem de Avis (Cavaleiros de S. Bento de Avis - 1162 ou Freires de Santa Maria de Évora - 1166) formou-se em Évora, Portugal.
  • 1174 - Ordem de Santiago (Ordem Militar de Santiago da Espada) entrou em Portugal e desempenhou um papel de relevo na conquista do Alentejo e do Algarve.
  • 1189-1192 - Terceira cruzada, dirigida com entusiasmo por Frederico I Barba-Roxa.
  • 1202-1204 - Quarta cruzada. O Papa Inocêncio III chamou a nobreza da Europa para uma nova cruzada, cujo objetivo foi o Egito.
  • 1204 - A Quarta Cruzada saqueou Bizâncio.
  • 1209 - Alberto, Patriarca de Jerusalém, deu aos eremitas que se espalharam pelo Monte Carmelo uma Norma de Vida escrita, inspirada na Regra de S. Agostinho, e reuniu-os perto da fonte de Elias. O Patriarca Alberto tinha sido religioso em Itália onde tinha praticado a Regra de S. Agostinho.
  • 1210 - S. Francisco de Assis fundou a Ordem dos Frades Menores (Franciscanos) em Itália. Os frades não tinham uma casa permanente, peregrinavam pelo campo pregando.
  • 1212 - Cruzada das crianças. Milhares de rapazes e de raparigas embarcaram em Marselha. Os armadores levaram-nos para Alexandria onde foram vendidos como escravos.
  • 1216 - S. Domingos fundou a Ordem dos Pregadores (Dominicanos) em Toulouse, França. Esta Ordem procurou combater os heréticos (Albigences) e trazê-los sob a autoridade da Santa Sé.
  • 1223 - O Papa Honório III confirmou a criação da Ordem dos Frades Menores (Franciscanos) de S.Francisco de Assis. Voto de pobreza absoluta.
  • 1226-1-30 - O Papa Honório IV aprovou a Regra dos Carmelitas mediante a Bula Ut vivendi norman.
  • 1226-1229 - Primeira emigração dos Carmelitas para a Europa.
  • 1228-1229 - Últimas cruzadas.
  • 1230-1240 - Foi composta em Portugal a Demandado Santo Graal integrando elementos de proveniência diversa tais como o tema do Graal, a lenda de Artur, os amores de Lancelot e Gueniêvre e a história de Tristão e Palamedes, articulados entre si no sentido de formar um conjunto unificado e totalizante.
  • 1231-4-1 - O Papa Gregório IX criou o Santo Ofício (Inquisição), e colocou-o sob o controle dos Dominicanos, para prender e julgar os heréticos que proliferavam em França e na Alemanha. Cerca de 2000 pessoas morreram durante a Inquisição Medieval (1231-1400).
  • 1240 - Primeiro êxodo de eremitas do Monte Carmelo em direção à Europa (Chipre, Sicília, Inglaterra e França). Na Europa adotaram o modo de vida mendicante à semelhança dos Dominicanos e Franciscanos.
  • 1244 - Jerusalém foi reconquistada pelos muçulmanos.
  • 1247-10-1 - O Papa Inocêncio IV, com a Bula Quaehonorem conditoris, reconheceu a primeira Regra da Ordem Carmelita que permitia a habitação não apenas em locais desérticos mas agora também no interior das cidades. Mais tarde, S. Teresa de Ávila apelidará esta regra de "regra primitiva".
  • 1251 - Expulsos da Terra Santa, alguns frades da Ordem da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo (Carmelitas) estabeleceram-se em Moura, sob a proteção dos Cavaleiros da Ordem do Hospital (de Malta).
  • 1265 - Raimundo Llull escreveu O Livro da Ordem de Cavalaria.
  • 1291 - São João de Acre, a última fortaleza cristã na Palestina, junto ao Monte Carmelo, foi tomada pelos muçulmanos.
  • 1309 - O papado foi transferido para Avignon.
  • 1311-1312 - Concílio de Viena de França. Os 'tomistas' (via antiqua: dominicanos) afrontaram os 'escotistas' (via moderna: franciscanos). Os 'espirituais' (extremistas minoritários) sustentaram contra a Cúria uma luta esgotante por causa do dever de pobreza.
  • 1311-1321 - A escolástica encontrou o seu simbolismo poético na epopeia religiosa, escrita por Dante Alighieri, a Divina Comédia, que transforma uma viagem desde o Inferno até ao Céu na visão de um tribunal universal de justiça.
  • 1312-5-6 - Supressão da Ordem do Templo (Templários) pelo papa Clemente V, no Concílio de Viena de França.
  • 1319-3-14 - Ordem de Cristo (Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo) foi criada pela Bula Papal Ad ea ex-quibus de João XXII, acedendo aos pedidos do rei D. Dinis. Foi herdeira das propriedades e privilégios da Ordem do Templo (Templários).
  • 1323 - O Papa João XXII condenou, no decurso de um conflito com os franciscanos, a doutrina da pobreza de Cristo e dos seus apóstolos (ideal de S. Francisco de Assis) como sendo herética.
  • 1340 - Em meados do século 14 surgiu, de forma reconhecível, a "moda" no vestuário. As roupas drapeadas e as costuras retas dos séculos anteriores foram substituídas por costuras curvas, foi o início da alfaiataria, o que permitiu que a roupa passasse a ter maior ajuste à forma humana. Além disso, o uso dos laços e dos botões permitiu um ajuste mais confortável do vestuário.
  • 1347-1349 - A Peste Negra na Europa.
  • 1358-4-15 - D. João nasceu de D. Pedro I e Teresa Lourenço. Mais tarde foi mestre de Avis e rei de Portugal.
  • 1360-6-24 - Nuno Álvares Pereira nasceu na Quinta do Bonjardim (Cernache).
  • 1361-7-24 - Nuno Álvares foi legitimado por D. Pedro I, em Portalegre, dado ser filho natural de Iria Gonçalves do Carvalhal e do Prior da Ordem do Hospital, D. Álvaro Gonçalves Pereira.
  • 1366 - D. João professou na Ordem de Avis.
  • 1367 - D. Pedro I morreu e foi sucedido por D. Fernando no trono de Portugal.
  • 1373-2 - Nuno Álvares entrou na Corte, trazido por seu pai. Saiu a reconhecer o exército castelhano, na sua marcha sobre Lisboa. Foi armado cavaleiro por D. Leonor Teles e ficou na Corte com a sua mãe e o seu tio.
  • 1376-8-15 - Nuno Álvares casou com Leonor de Alvim; bodas em Vila Nova da Rainha; lua-de-mel no Bonjardim.
  • 1377 - O Papa Gregório XI regressou definitivamente a Roma sob a influência de S. Catarina de Siena. O Vaticano tornou-se na nova residência papal.
  • 1377-1379 - Residência de Nuno Álvares no Minho; nascimento da sua filha D. Beatriz, futura condessa de Barcelos.
  • 1378-5 - Morte do prior D. Álvaro, pai de Nuno Álvares.
  • 1378-1417 - O Grande Cisma. A Europa foi dividida em dois campos.
  • 1381-1385 - Terceira Guerra Castelhana. Nuno Álvares revela-se um militar corajoso e um estratega competente.
  • 1383-10-22 - D. Fernando faleceu e D. João I de Castela proclamou-se rei de Portugal.
  • 1383-12-6 - D. João, Mestre da Ordem de Avis, procedeu ao assassinato do Conde João Fernandes Andeiro, lacaio de Castela. Nuno Álvares tomou o partido do Mestre de Avis, contra os desejos da família.
  • 1383-12-30 - Nuno Álvares ocupou o Castelo de S. Jorge em Lisboa. Seguem-se as campanhas múltiplas e históricas no Alentejo contra Castela.
  • 1385-3-3 - Cortes de Coimbra. Discurso jurídico de João das Regras a favor do direito do Mestre de Aviz ao trono de Portugal. Invocação dos argumentos de cruzada, por forma a obter o apoio do Papa.
  • 1385-4-6 - Mestre de Avis aclamado pelas Cortes como rei D. João I de Portugal.
  • 1385-4-7 - Nuno Álvares foi nomeado Condestável do Reino.
  • 1385-8-14 - Vitória retumbante na Batalha de Aljubarrota.
  • 1386-4-27 - D. Leonor Teles morreu no exílio, em Valhadolide.
  • 1386-11-1 - D. João I e Nuno Álvares visitam o duque de Lencastre em Ponte do Muro, entre Melgaço e Monção. Aliança e negociações do casamento de D. Filipa com o rei.
  • 1387-2-2 - D. João I casou com D. Filipa de Lencastre, no Porto.
  • 1387-12-1 - Tratado de aliança com Ricardo II de Inglaterra, celebrado em Londres.
  • 1388-1 - D. Leonor de Alvim faleceu no Porto. Nuno Álvares viúvo, entrega a filha, D. Brites, aos cuidados da avó, Iria Gonçalves, em Lisboa.
  • 1393 - Nuno Álvares recebe mais terras, para além de outras já concedidas, e reparte-as com os seus companheiros de guerra.
  • 1394 - Conflito entre D. João I e Nuno Álvares sobre as doações deste. Resgate das terras doadas pelo rei aos fidalgos. Afirmação do poder soberano da Coroa. Reconciliação a breve trecho.
  • 1394 - Início das obras do Convento de Santa Maria do Vencimento, sobre o Vale Verde (Rossio) em Lisboa, por Nuno Álvares.
  • 1397 - Conclusão das partes principais do Convento. Nuno Álvares oferece-o aos frades Carmelitas de Moura, que desde logo iniciam a instalação.
  • 1401-1-1 - Escrituras do casamento da filha de Nuno Álvares, D. Beatriz, com o bastardo de D. João I, D. Afonso, em Frielas.
  • 1413-5-24 (ou 25) - Conselho real de Torres Vedras, com a presença de Nuno Álvares, onde foi decidida a tomada de Ceuta, tendo assim iniciado todo o processo histórico dos Descobrimentos Portugueses.
  • 1414 - D. Beatriz morreu em Chaves devido a complicações de parto. O pai, Nuno Álvares, foi do Alentejo a Chaves e acompanhou o saimento para Santa Cruz de Vila do Conde, onde a filha ficou a jazer.
  • 1415-7-19 - A rainha D. Filipa morreu em Lisboa.
  • 1415-7-25 - Nuno Álvares participou na expedição da tomada de Ceuta.
  • 1415 - Jan Hus e Jerónimo de Praga (1416) foram queimados vivos por heresia em Constança.
  • 1422-4-4 - Nuno Álvares fez doações e partilha dos seus bens pelos netos; distribuiu todos os seus haveres pelos familiares.
  • 1422-7 - Nuno Álvares estabeleceu residência no Convento do Carmo em Lisboa.
  • 1423-7-28 - Nuno Álvares doou o Convento à Ordem do Carmo.
  • 1423-8-15 - Nuno Álvares professou na Ordem do Carmo como simples donato (oblato), pelo que nem sequer tinha direito ao título de Frei.
  • 1425 - Projeto de expedição de socorro a Ceuta: decisão de Nuno Álvares em ir.
  • 1431-4-1 (ou 11-1) - Nuno Álvares morreu com 70 anos e onze meses no Convento de Nossa Senhora do Carmo (designação entretanto adotada) de Lisboa, onde foi enterrado.
  • 1431-5-30 - Joana de Arc morreu queimada viva em Ruão.
  • 1433-8-14 - D. João I morreu e D. Duarte foi aclamado rei de Portugal.
  • 1433 - Infante Duarte ofereceu um sermão a Fr. Francisco de Évora para pregar na festa de Nuno Álvares. Presume-se que este sermão se destinava já às festas da canonização.
  • 1433 - Data mais credível para a redação da Crónica do Condestabre, de autor anónimo, que serviu de fonte ao cronista Fernão Lopes.
  • 1437 - D. Duarte escreveu uma carta a D. Fr. Gomes, abade do Mosteiro Beneditino de Florença, solicitando empenho no processo de canonização de Nuno Álvares.
  • 1441 - Iria Gonçalves, mãe de Nuno Álvares, morreu e foi enterrada no Convento do Carmo em Lisboa, junto do filho.
  • 1453 - Fim da Idade Média com a conquista de Constantinopla pelos Turcos.

Bibliografia:

  • Oliveira Martins - A Vida de Nun'Álvares
  • J. Pinharanda Gomes - S. Nuno de Santa Maria
  • Perrin - Atlas historique