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A mostrar mensagens de julho, 2013

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 75

De alguns sinais seguros, os quais um ser humano pode sentir, se ele for chamado por Deus para trabalhar nesta obra. Todos aqueles que lêem, ou ouvem ler, ou ainda falar, da matéria deste livro, e que a quando dessa leitura ou audição pensam que é uma coisa boa, e que lhes assenta: eles não são por isso chamados por Deus para trabalharem nesta obra, devido apenas a esse movimento de complacência sentido neles próprios durante o tempo e o momento da leitura. Porque pode muito bem acontecer que da curiosidade da inteligência natural lhes tenha vindo esse movimento, bem mais do que de algum chamamento da graça (de Deus). Mas se eles querem sentir de onde vem esse movimento, eles podem-no como se segue, se eles quiserem. E primeiro, que eles vejam se eles fizeram tudo o que estava neles previamente, a fim de se tornarem capazes duma purificação das suas almas perante o julgamento da santa Igreja e de acordo com o diretor espiritual deles. Se acontecer assim, tanto melhor; mas se e

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 74

Como é que o conteúdo deste livro, nunca o lerá ou ouvirá ler, nem falará ou ouvirá falar, uma alma disposta a esta obra, sem sentir um verdadeiro sentimento da sua conveniência e da sua eficácia; e a reiteração da admoestação escrita no prólogo. E se tu pensas que esta maneira de trabalhar não está de acordo com as tuas disposições, tanto do corpo quanto da alma, então tu podes abandoná-la e tomar outra, com toda a segurança com o conselho de um diretor bom e espiritual, e sem censura. E eu peço-te que me desculpes, porque verdadeiramente eu desejava trazer-te qualquer proveito com este escrito da minha ciência; e tal era a minha intenção. Mas lê-o bem duas vezes ou três vezes completamente, e mesmo ainda mais vezes seria melhor, e melhor tu saberias compreender a coisa. De tal modo que, talvez, qualquer frase que te ficasse fechada na primeira ou segunda leitura, rapidamente depois tu a considerarias fácil. Verdadeiramente, sim! parece-me impossível crer que uma alma tendo d

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 73

Como, à imagem de Moisés, de Besaliel e de Aarão que se ocuparam da Arca do Testamento, nós temos três maneiras de perfeição nesta graça da contemplação, a qual graça é figurada por essa Arca. Três homens foram os mais importantes daqueles que se ocuparam dessa Arca do Antigo Testamento: Moisés, Besaliel e Aarão. Moisés aprendeu de nosso Senhor sobre a montanha como ela devia ser feita. Besaliel realizou-a e colocou-a no interior do Véu, segundo o exemplo que tinha sido mostrado na montanha. E a Aarão competiu guardá-la no Templo, vendo-a e tocando-lhe tão frequentemente quanto lhe agradava. À semelhança desses três, nós temos três maneiras de perfeição nesta graça da contemplação. Por vezes, nós aí temos perfeição apenas pela graça, e então nós somos à imagem de Moisés, o qual, por toda aquela ascensão e aquele penoso trabalho que ele tinha tido sobre a montanha, só a podia ver raramente: e mesmo essa visão, ele só a tinha quando agradava a nosso Senhor mostrar-lha, e não que

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 72

Que um operário nesta obra não deve nem julgar nem pensar do trabalho dum outro nesta obra, segundo o seu próprio sentimento interior. Vê! Com isto tu podes compreender que aquele a quem é dado de não ver e sentir a perfeição desta obra senão por um longo trabalho, e ainda (por cima) raramente, esse pode facilmente cair no erro se ele fala, pensa e julga os outros segundo aquilo que ele conhece por si próprio, decidindo que outro não consegue lá chegar senão raramente e não sem um grande trabalho. E igualmente estará no erro aquele que a pode ter quando ele a quer, se ele julga os outros segundo si próprio, dizendo que os outros a podem ter quando eles querem. Não! deixa isso: seguramente não é assim que se deve proceder. Porque talvez bem, quando e se agrada a Deus, aqueles que não a conseguem atingir imediatamente e que só a têm raramente, depois de um longo trabalho, esses mais tarde lá chegarão quando eles quiserem, e tão frequentemente quanto lhes agradar. E o exemplo disto

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 71

Que certos não conseguiriam chegar a ter a experiência da perfeição desta obra senão num tempo de êxtase, e que outros a podem ter quando eles querem no estado comum da alma humana. Certos, consideram esta matéria tão árdua e perigosa, que eles afirmam que não se pode chegar a ela senão com um trabalho prévio enormemente enérgico, e mesmo assim só raramente, e só num tempo de êxtase. E a esses seres humanos eu quero responder, tanto quanto pode a minha fraqueza, e dizer: que tudo é segundo a ordenança e disposição de Deus, e também segundo a aptidão e a capacidade da alma à qual é dada esta graça da contemplação e da obra espiritual. Porque há certos que não conseguem lá chegar sem longos e numerosos exercícios espirituais, e mesmo assim só raramente eles terão a experiência da perfeição desta obra, e sob um apelo muito particular de nosso Senhor: o qual é denominado êxtase. Mas há outros, os quais são tã

Nuvem de Desconhecimento – Capítulos 70 a 75

Que pela ultrapassagem e a cessação dos nossos sentidos corporais, nós começamos a chegar mais rapidamente ao conhecimento das coisas espirituais; como pela ultrapassagem e a cessação dos nossos sentidos espirituais, nós começamos a chegar mais rapidamente ao conhecimento de Deus, tanto quanto é possível, pela graça, aqui em baixo Que certos não conseguiriam chegar a ter a experiência da perfeição desta obra senão num tempo de êxtase, e que outros a podem ter quando eles querem no estado comum da alma humana Que um operário nesta obra não deve nem julgar nem pensar do trabalho dum outro nesta obra, segundo o seu próprio sentimento interior Como, à imagem de Moisés, de Besaliel e de Aarão que se ocuparam da Arca do Testamento, nós temos três maneiras de perfeição nesta graça da contemplação, a qual graça é figurada por essa Arca Como é que o conteúdo deste livro, nunca o lerá ou ouvirá ler, nem falará ou ouvirá falar, uma alma disposta a esta obra, sem sentir um verdadeiro sentim

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 70

Que pela ultrapassagem e a cessação dos nossos sentidos corporais, nós começamos a chegar mais rapidamente ao conhecimento das coisas espirituais; como pela ultrapassagem e a cessação dos nossos sentidos espirituais, nós começamos a chegar mais rapidamente ao conhecimento de Deus, tanto quanto é possível, pela graça, aqui em baixo. E é por isso que tu deves trabalhar firmemente nesse "nada" e nessa "parte nenhuma", e deixar os teus sentidos corporais do lado de fora e tudo aquilo que eles fazem: porque eu digo-te verdadeiramente, esta obra não pode e não poderia ser concebida por eles. Porque pelos teus olhos, tu não fazes ideia de uma coisa, senão que ela é larga ou comprida, grande ou pequena, redonda ou quadrada, distante ou próxima, e que ela tem tal cor. E pelas tuas orelhas, nada senão o barulho ou qualquer tipo de som. Pelo teu nariz, nada senão o fedor ou o perfume. E pelo gosto, nada senão o azedume ou a doçura, o amargor ou a insipidez, a aprovaçã

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 69

Como é que a afeição de um ser humano é maravilhosamente mudada em sentimento espiritual nesse nada, quando ele é concebido em parte nenhuma. Prodigiosamente é metamorfoseada a afeição humana em sentimento espiritual por esse "nada" quando ele é concebido em "parte nenhuma". Porque no primeiro instante que uma alma olha para lá, ela aí encontrará e verá todos os atos pecaminosos particulares que ela cometeu desde o nascimento, do corpo e do espírito, representados obscuramente ou secretamente. E para onde quer que ela se volte em roda, sempre ela os verá diante dos seus olhos: até que o tempo venha, em que, com muito duro e penoso trabalho, e muitos suspiros cruéis, e muitas lágrimas amargas, ela se veja em grande parte lavada neles. Por vezes parecer-lhe-á, durante esse trabalho, que está a olhar para lá como para o inferno, de tal forma lhe parecerá que ela desespera de alguma vez triunfar sobre essa pena, na perfeição do perfeito repouso espiritual. Até a

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 68

Que corporalmente em nenhuma parte, é em toda a parte espiritualmente; e como o ser humano do exterior chama nada à obra que diz este livro. E da mesma maneira, se qualquer outro ser humano te dissesse para recolheres completamente em ti próprio as tuas faculdades e os teus sentidos, e assim adorar Deus – apesar daquilo que ele diz ser perfeitamente bem e completamente verdade, ah! e ninguém diria maior verdade, por pouco que isso seja bem concebido – no entanto, por temor das ilusões e dos erros, e que essas palavras sejam entendidas corporalmente, eu não te pedi para tu o fizesses. Tem atenção para não estares de forma nenhuma dentro de ti próprio. Muito rapidamente eu te direi, e resumidamente: não é que eu queira que tu estejas fora de ti próprio, nem por baixo, nem atrás, nem dum lado, nem do outro. «Mas então onde, perguntas tu, é preciso que eu esteja? Em nenhuma parte, segundo parece!» Mas sim, realmente tu disseste bem: porque é aí que eu te quero ter. Porque em nenhu

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 67

Que quem não conhece as faculdades de uma alma e a maneira das suas operações, facilmente pode ser enganado na compreensão das palavras espirituais e das operações espirituais; e como uma alma é feita um Deus em graça. Vê portanto, amigo espiritual! Em qual miséria, tal que tu podes ver, nós caímos pelo pecado: e que não é de espantar, portanto, que nós sejamos cegamente e facilmente enganados na compreensão e no entendimento das palavras espirituais e das operações espirituais, – e mais particularmente aqueles que não conhecem as faculdades e os poderes das suas almas e as maneiras das suas operações? Porque sempre que a Memória está ocupada com qualquer objeto corporal, – tivesse ele sido agarrado pelo melhor dentre todos os fins – tu estás no entanto por baixo de ti próprio nessa ocupação ou trabalho, e fora da tua alma. E sempre, quando tu tens o sentimento de que a tua Memória está ocupada com os carateres e subtis estados das faculdades da tua alma nas suas operações e o

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 66

Que quem não conhece as faculdades de uma alma e a maneira das suas operações, facilmente pode ser enganado na compreensão das palavras espirituais e das operações espirituais; e como uma alma é feita um Deus em graça. Vê portanto, amigo espiritual! Em qual miséria, tal que tu podes ver, nós caímos pelo pecado: e que não é de espantar, portanto, que nós sejamos cegamente e facilmente enganados na compreensão e no entendimento das palavras espirituais e das operações espirituais, – e mais particularmente aqueles que não conhecem as faculdades e os poderes das suas almas e as maneiras das suas operações? Porque sempre que a Memória está ocupada com qualquer objeto corporal, – tivesse ele sido agarrado pelo melhor dentre todos os fins – tu estás no entanto por baixo de ti próprio nessa ocupação ou trabalho, e fora da tua alma. E sempre, quando tu tens o sentimento de que a tua Memória está ocupada com os carateres e subtis estados das faculdades da tua alma nas suas operações e o

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 65

Do primeiro dos poderes secundários, de seu nome a Imaginação; e das obras e da obediência desta à Razão, antes do pecado e depois. A Imaginação é um poder pelo qual nós representamos para nós próprios todas as imagens das coisas presentes e ausentes; e em conjunto, ela e a coisa na qual ela obra, estão contidas na Memória. Antes do ser humano ter pecado, a Imaginação era tão obediente à Razão, para com a qual ela é como que uma serva, que ela nunca lhe mandava uma imagem contrafeita de qualquer criatura corporal, nem nenhuma imagem fantástica de qualquer criatura espiritual; mas presentemente não é assim. Porque a menos que ela seja refreada pela luz da graça na Razão, nunca ela deixará, na vigília como no sono, de representar imagens contrafeitas das criaturas corporais, ou então fantasmas, os quais não são nada mais do que representações corporais de coisas espirituais, ou ainda representações espirituais de coisas materiais. O que é sempre fingimento e falsidade, e muito pr

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 64

Das duas outras faculdades principais: a Razão e a Vontade; e da obra destas antes do pecado, e depois. A Razão é o poder pelo qual nós separamos o bem do mal, o mau do pior, o bem do melhor, e o pior do pior, e o melhor do melhor de tudo. Antes do ser humano ter pecado, a Razão poderia por natureza fazer naturalmente toda essa separação. Mas tão cega está ela presentemente, pelo erro do pecado original, que ela não é capaz de realizar essa obra sem ser iluminada pela graça. E em conjunto estas duas, a própria Razão e a coisa na qual ela trabalha, estão compreendidas e contidas na Memória. A Vontade é o poder pelo qual nós escolhemos o bem, depois de ele ter sido discriminado pela Razão; e pelo qual também nós amamos o bem, nós desejamos o bem, e repousamos sem fim com pleno consentimento e contentamento eterno n'Ele. Antes do ser humano ter pecado, não era possível que a Vontade fosse enganada na sua escolha, no seu amor, nem em nenhuma das suas obras. Porque ela possuí

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 63

Dos poderes e faculdades da alma em geral, e como a Memória em particular é uma potência principal, a qual contém nela todas as outras faculdades e todas as coisas sobre as quais elas operam. A Memória é em si própria uma potência de tal forma, que a falar propriamente e duma certa maneira, ela não opera ela própria. Mas a Razão e a Vontade são duas potências operativas, e também o são igualmente a Imaginação e a Sensibilidade. Todas as quatro faculdades e as suas obras, a Memória as contém e as compreende nela própria. Mas de outra forma não poderíamos dizer que a Memória opera, se não fosse que uma tal compreensão seja uma obra e uma operação. Daí segue-se que eu chamo a certos poderes a alma, a uns principais e a outros secundários. Não porque uma alma seja divisível, visto que ela não o pode ser: mas porque todas essas coisas nas quais ela opera são divisíveis, certas sendo principais como coisas todas espirituais, certas outras sendo secundárias como coisas todas corpora

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 62

Como um ser humano deve conhecer quando a sua obra espiritual está por baixo dele ou sem ele, e quando ela está com ele ou nele, e quando ela está por cima dele e por baixo do seu Deus. E para isso, para que tu sejas capaz de melhor saber como devem ser concebidas espiritualmente essas palavras que são ditas corporalmente, eu pensei em dar-te os significados espirituais de certas palavras que pertencem à obra espiritual. Por forma a que tu possas saber claramente e sem erro quando a tua obra está por baixo de ti e sem ti, quando ela está contigo e ainda dentro de ti, e quando ela está por cima de ti e por baixo do teu Deus. Todos os tipos de coisas corporais estão por fora da tua alma e por baixo dela por natureza, sim! e mesmo o sol e a lua e as estrelas todas, apesar delas estarem por cima do teu corpo, no entanto elas estão por baixo da tua alma. Todos os anjos e todas as almas, apesar de confirmadas e ornamentadas pela graça e pelas virtudes, e por isso acima de ti em pu