Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 32



De dois expedientes espirituais, os quais serão úteis ao espiritual novo e iniciante na obra que diz este livro.
  1. Qualquer coisa sobre essas subtilezas, contudo, eu posso dar-te a minha opinião. Experimenta-as; e faz melhor, se te for possível fazer melhor. Portanto faz em ti, por forma que tu fiques como não sabendo que isso se passa tão rapidamente entre ti e o teu Deus. E procura ver, como se poderia dizer, por cima do ombro, procurando uma outra coisa: a qual outra coisa é Deus, encerrado na "nuvem de desconhecimento". E se tu fizeres assim, eu estou bem seguro que depois de um tempo bastante curto, tu te encontrarás bastante à vontade no teu trabalho. Porque eu creio bastante certamente que este expediente, por pouco que ele seja bem recebido, e verdadeiramente, não é outra coisa senão um impaciente desejo de Deus, um ardor para O ver e sentir tanto quanto se pode aqui; e um tal desejo é caridade, a qual sempre obtém satisfação e alívio.
  2. Um outro meio é este, que tu experimentarás se quiseres. Quando tu tiveres o sentimento de não poderes de nenhuma forma rebatê-los, então esconde-te debaixo do tapete como um frouxo e um cobarde vencido na batalha: imagina e pensa que não passa de loucura o quereres, tu, afrontá-los e lutar mais longamente, e com isso entrega-te a Deus nas mãos dos teus inimigos. E para ti, tem o sentimento de que tu perdeste para sempre. Tem grande cuidado com este meio, eu peço-te, porque para experimentá-lo, tu deverás, eu penso, todo inteiro desfazer-te em lágrimas. Porque ele muito seguramente, por pouco que ele seja verdadeiramente entendido e recebido, não é outra coisa senão o verdadeiro conhecimento e o sentimento verdadeiro daquilo que tu és em ti próprio: uma miserável e crassa criatura ainda pior do que nada; os quais sentimento e conhecimento são humildade. E essa humildade consegue que tu obtenhas que Deus Ele próprio, na Sua potência, venha e desça para te vingar dos teus inimigos, afim de te reerguer a ti próprio ao reconfortar-te e ao secar-te as lágrimas espirituais dos teus olhos: tal como o pai faz ao seu filho no momento de sucumbir na goela furiosa dos javalis ou dos ursos ferozes.


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