Mensagens

A mostrar mensagens de março, 2013

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 47

Um ligeiro ensinamento desta obra sobre a pureza do coração, declarando como é que uma alma elevará o seu desejo a Deus duma maneira, e vós, pelo contrário, duma outra maneira aos seres humanos. Procura não teres surpresa nenhuma porque eu falei assim infantilmente e como que loucamente e abandonando a natural discrição, porque eu o fiz devido a certas razões, e a isso eu me senti levado, depois de muitos dias, me parece, por ti agora e igualmente por alguns outros dos meus amigos particulares em Deus, que da mesma forma sentem assim, pensam assim e falam assim. E eis uma das razões porque é que eu te disse e pedi para esconderes de Deus o teu desejo. É porque eu creio que ele chegará mais claramente ao Seu conhecimento, para teu proveito e para a realização do teu voto, com essa ocultação acima dita, do que por alguma demonstração que eu penso que tu possas fazer prova e dar. Depois, uma outra razão é que eu queria, com uma demonstração igualmente oculta, te tirar fora das br

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 46

Um bom ensinamento sobre como o ser humano deve fugir dessas ilusões, e como ele deve trabalhar mais por uma inclinação do espírito do que pela violência e a rudeza feitas ao corpo. E é por isso, pelo amor de Deus, que tu sê prudente nesta obra, e não maltrates demasiado rudemente nem para além da medida o teu coração no teu peito: mas trabalha mais por inclinação e com o desejo em vez de com qualquer inútil força e violência. Porque quanto mais tiveres de inclinação, mais humilde tu serás e mais espiritual; e quanto mais tiveres de rudeza, mais tu serás corporal e bestial. Portanto sê prudente, porque certamente aquele coração bestial, que pretender atingir a alta montanha desta obra, ele será rejeitado às pedradas. As pedras são duras e secas, em si próprias, e elas ferem muito dolorosamente onde elas batem. E tais também são as rudezas do constrangimento: duras seguramente quando elas estão ligadas ao sentimento da carne e do corpo, e secas inteiramente de todo o conhecimento

Nuvem de Desconhecimento – Introdução

Encontram-se no Pentateuco diversas manifestações da presença divina: a coluna de nuvem e a coluna de fogo (tradição javista); a "nuvem escura" e a nuvem (tradição eloísta); finalmente, associada com a nuvem, a "glória" de Iahweh (Ex 24, 16 +), fogo devorador que se move como o próprio Iahweh (tradição sacerdotal; comp. Ex 19, 16s +). Noções, ou imagens, das quais a teologia mística fez grande uso. Êxodo 13: «21. E Iahweh ia diante deles, de dia numa coluna de nuvem, para lhes mostrar o caminho, e de noite numa coluna de fogo, para os alumiar, a fim de que caminhassem de dia e de noite. 22. Nunca se retirou de diante do povo a coluna de nuvem durante o dia, nem a coluna de fogo, durante a noite.» Êxodo 16: «10. Ora, quando Aarão falava a toda a comunidade dos filhos de Israel, olharam para o deserto, e eis que a glória de Iahweh apareceu na nuvem.» Êxodo 19: « Preparação da Aliança – 9. Iahweh disse a Moisés: "Eis que virei a ti na escuridão de uma

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 45

Um bom esclarecimento de algumas e certas ilusões e erros que podem acontecer nesta obra. Mas eu digo-te uma coisa: é que nesta obra um jovem discípulo, o qual não tenha ainda a prática e a experiência do trabalho espiritual, pode muito facilmente ser apanhado no erro e talvez, a menos que ele não tenha imediatamente prudência e não tenha a graça de cessar e humildemente se submeter ao seu diretor, arriscar a ruína das suas forças físicas e a devastação das suas forças intelectuais e espirituais, ao ponto de cair em demência. E tudo isto devido ao orgulho, às paixões carnais e à curiosidade da inteligência. Esse erro pode acontecer na maneira que se segue. Um jovem homem ou mulher, novos na escola da devoção, ouviu falar dessa aflição e desse desejo, aprendendo pela leitura ou pela palavra que o ser humano deve levar o seu coração para Deus e não cessar no seu desejo de sentir o amor do seu Deus. E imediatamente ei-los, na curiosidade da inteligência deles, compreendem essas p

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 44

Como uma alma se disporá pela sua parte, afim de destruir todo o conhecimento e sentimento do seu próprio ser. Mas presentemente tu perguntas-me como é que tu poderás destruir esse nu conhecimento e sentimento do teu próprio ser. Porque talvez bem vais tu pensar que se isso fosse destruído, todos os outros impedimentos seriam destruídos; e se tu pensas assim, tu pensas exatamente verdadeiro. Mas a isso, eu te respondo e digo que sem uma graça muito particular, muito livremente dada por Deus, e para além disso, da tua parte, sem uma aptidão e capacidade plenamente concedidas para receber essa graça, esse nu conhecimento e sentimento do teu ser não podem de nenhuma forma serem destruídos. E essa aptidão ou capacidade não é outra coisa senão uma extrema e profunda aflição espiritual. Mas nessa aflição, importa e é necessário que tu tenhas e metas discrição, desta maneira: tu estarás atento, no tempo dessa aflição, e não demasiado rudemente esforçarás quer o teu corpo quer o teu e

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 43

Que é preciso absolutamente que o ser humano perca toda a ideia e todo o sentimento do seu próprio ser, se a perfeição desta obra deve realmente ser tocada pela alma nesta vida. Procura que na tua inteligência e na tua vontade nada opere a não ser Deus. E procura abater todo o conhecimento e todo o sentimento do que quer que esteja debaixo de Deus; e rejeita para bem longe todas as coisas para debaixo da "nuvem do esquecimento". E tu deves compreender que tu não tens apenas que esquecer nesta obra todas as outras criaturas para além de ti próprio e também as suas ações ou as tuas, mas também que tu tens, nesta obra, que esquecer em conjunto quer a ti próprio quer as tuas próprias ações para Deus, não menos que as outras criaturas e as suas ações. Porque é o apropriado e a condição de quem ama perfeitamente, não somente de amar aquilo que ele ama mais do que a si próprio, mas também e ainda de alguma forma de se odiar a si próprio pelo amor daquilo que ele ama. Assim,

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 42

Que ao não meterem nenhuma discrição nesta, os seres humanos terão discrição em todas as outras coisas; e da outra forma nunca. Mas talvez vais tu perguntar-me como é que tu te conduzirás e governarás com discrição na alimentação, no sono, e em todas essas outras coisas. Ao qual eu penso te responder muito brevemente: «Toma aquilo que vier.» Está sempre e sem cessar a obrar nesta obra, sem discrição nenhuma, e tu terás o bom discernimento para começar e acabar todas as outras obras com uma grande discrição. Porque me é impossível pensar que uma alma que dia e noite persevera e persegue esta obra sem cessar nem discrição nenhuma, possa alguma vez errar ou se enganar em qualquer uma das outras atividades e ocupações exteriores; e de outro modo, pelo contrário, ela só pode errar sempre, na minha opinião. E por isso, se eu pudesse ter esta obra no fundo da minha alma sempre em consideração ativamente e atentivamente, então eu queria só ter inação para o comer e o beber, o sono e a

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 41

Que em todas as obras debaixo desta, é preciso que os seres humanos guardem discrição; mas nesta, nenhuma. E mais longe, se tu me perguntas qual discrição tu deves ter e meter nesta obra, eu te respondo e te digo: exatamente nenhuma! Porque em todas as tuas outras ações tu meterás discrição, como no comer, beber, dormir ou proteger o teu corpo do frio e do calor muito violentos, ou longamente rezar ou ler, ou trocar palavras com o teu próximo. Em tudo isso tu deverás guardar discrição, de tal forma que não seja nem demasiado, nem demasiado pouca. Mas nesta obra, tu não haverás de ter nenhuma medida: porque eu desejaria que tu pudesses nunca a deixar ao longo de todo o comprimento e tempo da tua vida. Eu não digo que tu nela perseverarás e persistirás sempre com um igual vigor e frescura, visto que isso não pode acontecer. Porque haverá a doença por vezes, e outras desordens e lastimáveis disposições do corpo e da alma, e muitas outras necessidades da natureza, as quais te ret

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 40

Que no tempo desta obra, a alma não dá nenhuma atenção nem consideração particular a nenhum vício em si própria e nenhuma virtude em si própria. E tu, faz igualmente, que o teu espírito esteja todo cheio da significação espiritual dessa palavra «falta», e sem consideração mais particular a nenhum tipo de pecado que seja, pecado venial ou pecado mortal: Orgulho, Cólera ou Inveja, Cobiça, Preguiça, Gula ou Luxúria. Tanto faz ao contemplativo que seja tal pecado ou tal outro, ou de qual gravidade que ele seja. Porque todos os pecados, ele os vê – eu quero dizer, durante o tempo desta obra – igualmente graves neles próprios, pelo facto de que o mínimo pecado o separa de Deus e o cerceia da sua paz espiritual. E que tu tenhas o sentimento dessa «falta» ou pecado como se ele fosse um bloco maciço e que tu nunca sabes o que é, a não ser que és tu próprio. E grita então sem cessar em espírito essa única «Falta! falta! falta! Ai! ai! ai!». O qual grito espiritual, tu aprenderás bem mel

Nuvem de Desconhecimento – Capítulos 40 a 49

Que no tempo desta obra, a alma não dá nenhuma atenção nem consideração particular a nenhum vício em si própria e nenhuma virtude em si própria Que em todas as obras debaixo desta, é preciso que os seres humanos guardem discrição; mas nesta, nenhuma Que ao não meterem nenhuma discrição nesta, os seres humanos terão discrição em todas as outras coisas; e da outra forma nunca Que é preciso absolutamente que o ser humano perca toda a ideia e todo o sentimento do seu próprio ser, se a perfeição desta obra deve realmente ser tocada pela alma nesta vida Como uma alma se disporá pela sua parte, afim de destruir todo o conhecimento e sentimento do seu próprio ser Um bom esclarecimento de algumas e certas ilusões e erros que podem acontecer nesta obra Um bom ensinamento sobre como o ser humano deve fugir dessas ilusões, e como ele deve trabalhar mais por uma inclinação do espírito do que pela violência e a rudeza feitas ao corpo Um ligeiro ensinamento desta obra sobre a pureza do cora

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 39

Como rezará um perfeito operário da obra, e o que é nela própria a oração; e se alguém reza com palavras, que palavras se acordam melhor à índole da oração. E é por isso que é preciso rezar na altura e na profundidade, no comprimento e na largura do nosso espírito. E isto, não com frases e numerosas palavras, mas com uma pequena palavra duma breve sílaba. Mas qual será essa palavra? Certo, será uma palavra tal que se acorde pelo melhor à índole da oração. Mas qual é então tal palavra? Vejamos primeiro o que é a oração propriamente em si própria; e em seguida nós saberemos mais claramente qual palavra se acorda melhor à índole da oração. A oração é propriamente em si própria, não outra coisa senão um devoto impulso para Deus para obter o bem e afastar o mal. E portanto, sendo que todo o mal, quer pela sua causa quer pelo seu estado, está todo inteiro compreendido e tido no pecado, ou Falta, segue-se que quando nós queremos intensamente rezar para sermos livrados do mal, nós n

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 38

Como e porquê esta curta oração penetra no céu. E porquê penetra ela no céu, esta breve e curta oração duma única sílaba? Porque, certo, ela é rezada com todo o espírito: na altura e na profundidade, no comprimento e na largura do espírito que a reza. Ela é na altura, porque é com toda a potência do espírito; e na profundidade, porque nessa curta sílaba estão contidas todas as inteligências do espírito. Ela é em todo o seu comprimento, porque se ele pudesse sentir sempre aquilo que ele sente então, ele gritava sempre assim como ele grita; e ela é na sua largura, porque ele quer para todos os outros aquilo que ele quer para si próprio. Nesse momento acontece que a alma, segundo a lição de são Paulo, «torna-se capaz de compreender com todos os santos – não plenamente e absolutamente, mas em parte e de uma maneira que se encontra em relação e harmonia com esta obra – a qual é a largura e o comprimento, a altura e a profundidade» do eterno Deus e todo amor, potência e sabedoria. A

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 37

Das orações particulares daqueles que estão no contínuo trabalho da obra que diz este livro. E tão exatamente como as meditações daqueles que estão no contínuo trabalho da graça e desta obra, subitamente se elevam e jorram sem vias nem meios nenhuns; tão exatamente igualmente fazem as suas orações. Eu falo das orações particulares deles, não daquelas orações que são ordenadas pela santa Igreja. Porque aqueles que são verdadeiros operários nesta obra, eles não têm em veneração nenhuma oração tal como esses últimos, e também eles as fazem tais e segundo a forma e a lei que lhes foram ordenadas pelos santos Pais antes de nós. Mas as orações particulares deles elevam-se sempre mais repentinamente em direção a Deus, sem nenhuma via nem premeditação particular, nem nada que as prepare ou as leve. E se elas (as orações) são feitas de palavras, o que acontece raramente, então elas não o serão senão com muito poucas palavras, sim, e quanto menos melhor. Ah! sim, e se for uma única pala

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 36

Da meditação daqueles que estão no contínuo trabalho da obra que diz este livro. Mas não acontece assim com aqueles que estão no contínuo trabalho da obra que diz este livro. Porque as meditações deles são tais como se fossem ideias bruscas e sentimentos cegos da miséria própria deles ou da bondade de Deus, sem nenhuma via prévia de leitura ou de audição de leitura, sem nenhuma consideração particular do que quer que seja debaixo de Deus. Essas ideias súbitas e esses sentimentos cegos são mais aprendidos de Deus que dos seres humanos. Eu não me inquieto nada, mesmo se tu presentemente não tiveres feito meditações sobre a tua miséria própria ou sobre a bondade de Deus (eu quero dizer e eu entendo: que tu lá fosses levado às meditações pela graça e pelo conselho) para além daquelas (meditações) que tu pudesses ter feito desta palavra FALTA e desta outra palavra DEUS, ou de qualquer outra assim à tua conveniência. Mas sem quebrar nem explorar essas palavras pela curiosidade da in

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 35

De três vias às quais se deve empregar um aprendiz contemplativo: leitura, pensamento e oração. Estas contudo, são vias às quais se deve empregar um aprendiz contemplativo, as quais são: Lição, Meditação e Oração; ou doutra forma chamadas, afim de que tu compreendas: leitura, reflexão e oração 1 . Dessas três, tu encontrarás que foi escrito num outro livro por um outro homem 2 muito melhor do que eu seria capaz de dizer; e é por isso que não é necessário que eu te fale aqui das qualidades delas. Mas há aqui algo que te posso dizer: essas três estão a tal ponto atreladas e ligadas em conjunto que para os iniciantes, os quais são os beneficiários delas – e não os perfeitos, não! perfeitos tanto quanto se pode ser aqui – o exercício do pensamento não seria benfazejo sem uma prévia leitura ou audição da leitura; porque é exatamente a mesma coisa, ler ou ouvir ler: os letrados lêem nos livros, e os não letrados lêem pela audição dos letrados quando eles pregam a palavra de Deus. E t

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 34

Que Deus dá esta graça, não por vias mas livremente, e que não será possível chegar lá por nenhuma via. E se tu me perguntas por quais vias tu chegarás a esta obra, eu peço ao Todo-Poderoso Deus, na Sua grande graça e cortesia, que Ele te ensine Ele próprio. Porque na verdade, eu não posso mais do que dar-te a pensar quanto incapaz eu sou de to dizer; e não há nada de espantoso nisso. Porque, com efeito, esse é o trabalho e a obra de Deus apenas, que Ele realiza Ele próprio na alma que Lhe agrada, sem nenhum mérito dessa própria alma. E sem isso, não há nem santo nem anjo que possa pensar sequer em a desejar. E eu tenho confiança que nosso Senhor tão frequentemente e tão particularmente consinta, sim! e mais particularmente mesmo e mais frequentemente, em realizar esta obra naqueles que foram acostumados pecadores, do que em outros tais que nunca O ofenderam tão gravemente quanto aqueles. O que Ele faz (assim), porque Ele quer ser visto como Todo-Misericordioso e Todo-Poderoso,

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 33

Que por esta obra uma alma é purificada de todo o conjunto dos seus pecados particulares e da pena deles; e que portanto não há perfeito repouso nesta vida. Quanto ao presente, eu não te darei mais nenhuns outros expedientes ou meios, porque se tu tens a graça de fazeres a experiência deles, eu estou convencido de que tu terás então e terás muito mais para me ensinares, do que eu a ti. Portanto era isso que era preciso; mas na verdade parece-me que eu ainda estou longe disso, de te ter ensinado em tudo e nada mais a aprender. E é por isso que, eu te peço, ajuda-me e age tanto por mim quanto por ti. Age, portanto, e trabalha no terreno, eu te peço; e toma e suporta com toda a humildade a tristeza e a pena, se acontecesse que tu não possas, com esses meios, triunfar imediatamente. Porque é na verdade o teu purgatório; e quando a tua pena tiver sido cumprida e passada completamente, e quando por Deus esses meios te tiverem sido dados, e pela graça entrado nos teus hábitos: então

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 32

De dois expedientes espirituais, os quais serão úteis ao espiritual novo e iniciante na obra que diz este livro. Qualquer coisa sobre essas subtilezas, contudo, eu posso dar-te a minha opinião. Experimenta-as; e faz melhor, se te for possível fazer melhor. Portanto faz em ti, por forma que tu fiques como não sabendo que isso se passa tão rapidamente entre ti e o teu Deus. E procura ver, como se poderia dizer, por cima do ombro, procurando uma outra coisa: a qual outra coisa é Deus, encerrado na "nuvem de desconhecimento". E se tu fizeres assim, eu estou bem seguro que depois de um tempo bastante curto, tu te encontrarás bastante à vontade no teu trabalho. Porque eu creio bastante certamente que este expediente, por pouco que ele seja bem recebido, e verdadeiramente, não é outra coisa senão um impaciente desejo de Deus, um ardor para O ver e sentir tanto quanto se pode aqui; e um tal desejo é caridade, a qual sempre obtém satisfação e alívio. Um outro meio é este, que

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 31

Como um ser humano terá, no começo desta obra, que se guardar contra todos os pensamentos e apelos do pecado. E a partir desse momento, em que tu tiveres o sentimento de ter feito tudo em ti, segundo a regra, para te emendares ao julgamento da santa Igreja, então mete-te intrepidamente ao trabalho desta obra. E se acontecer que alguma das tuas ações anteriores se vem sempre intrometer na tua memória entre ti e o teu Deus, ou então qualquer pensamento novo, ou qualquer outra inclinação para o pecado, então resolutamente passa-lhes por cima, com um fervoroso impulso de amor, e espezinha-os com os teus pés. E depois esforça-te por os recobrir sob uma espessa "nuvem de esquecimento", tanto como se não tivessem nunca tido lugar nesta vida, nem vinda de ti nem de um outro ser humano qualquer que ele seja. E se frequentemente eles se levantam, igualmente frequentemente deita-os a baixo; em suma, de cada vez, cada vez. E se tu pensas que o trabalho é demasiado imenso, nada imp

Nuvem de Desconhecimento – Capítulos 30 a 39

A quem competiria censurar e condenar os defeitos dos outros Como um ser humano terá, no começo desta obra, que se guardar contra todos os pensamentos e apelos do pecado De dois expedientes espirituais, os quais serão úteis ao espiritual novo e iniciante na obra que diz este livro Que por esta obra uma alma é purificada de todo o conjunto dos seus pecados particulares e da pena deles; e que portanto não há perfeito repouso nesta vida Que Deus dá esta graça, não por vias mas livremente, e que não será possível chegar lá por nenhuma via De três vias às quais se deve empregar um aprendiz contemplativo: leitura, pensamento e oração Da meditação daqueles que estão no contínuo trabalho da obra que diz este livro Das orações particulares daqueles que estão no contínuo trabalho da obra que diz este livro Como e porquê esta curta oração penetra no céu Como rezará um perfeito operário da obra, e o que é nela própria a oração; e se alguém reza com palavras, que palavras se acordam mel

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 30

A quem competiria censurar e condenar os defeitos dos outros. Mas por quem, eu te pergunto, serão julgadas as ações dos seres humanos? Por aqueles, muito certamente, que têm a responsabilidade das suas almas e têm o poder: quer seja abertamente pelo estatuto e a ordenança da santa Igreja, ou então secretamente e em espírito sob uma particular incitação do Espírito Santo na perfeita caridade. Que cada um, portanto, cuide de não pretender tomar sobre si o censurar e o condenar dos defeitos e faltas de nenhum outro ser humano, se não for com o sentimento de a isso ser chamado pelo Espírito Santo e no instante; porque de outra forma, ele poderia errar e enganar-se nos seus julgamentos com uma ligeireza completa. E é por isso que tu tem atenção: julga por ti próprio segundo o que tu sentes entre ti e o teu Deus ou o teu pai espiritual, e deixa que os outros cuidem deles próprios. [ Anterior ] [ Índice ] [ Seguinte ] Início » Espiritualidade » Nuvem de Desconheci

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 29

Que o ser humano deve habitar fielmente no trabalho desta obra, suportando a pena e o sofrimento, e não julgar ninguém. Também acontece, que aquele que ambiciona chegar a esta pureza, a qual ele perdeu pelo pecado, e conquistar este salutar estado onde toda a pena está ausente, convêm-lhe que assiduamente habite o seu trabalho nesta obra e que sofra toda a pena dele, qualquer que ela seja, e quem quer que seja ele próprio: pecador endurecido ou não. Todos os seres humanos têm forte pena nesta obra: em conjunto todos os pecadores e os inocentes, os quais nunca pecaram gravemente. Mas bem maior pena aí encontram aqueles que foram previamente pecadores, do que aqueles que não o foram; e é uma grande justiça. Contudo, frequentemente acontece que aqueles que foram horríveis e endurecidos pecadores chegam no entanto mais cedo à perfeição da obra que os outros, que não o foram. E é este o milagre da misericórdia de nosso Senhor, o qual faz assim dom da Sua graça particular para espan