Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 22



Do maravilhoso amor que Cristo teve por Maria, e na sua pessoa, por todos os pecadores sinceramente voltados e chamados à graça da contemplação.
  1. Muito suave era o amor entre nosso Senhor e Maria. Muito grande era o amor dela por Ele. Muito maior, aquele que Ele tinha por ela. E quem quiser ter grande atenção e considerar tudo o que existia e se fazia entre Ele e ela – não assim como contaria qualquer frívolo, mas segundo dá testemunho o relato do Evangelho, no qual não poderia haver nada de falso, de forma nenhuma – esse verá que ela estava tão profundamente no Seu amor que nada, abaixo dEle, não a podia confortar, e que nada também conseguia fazer com que ela O retirasse do seu coração. É ela, essa mesma Maria, que não quis ser consolada pelos anjos quando ela tinha ido em lágrimas procurá-lO no sepulcro. Porque quando eles lhe falaram tão ternamente com doçura e lhe disseram: «Não chores, Maria; aquele que tu procuras, nosso Senhor ressuscitou, e tu O terás e O verás bem vivo entre os Seus discípulos na Galileia, tal como Ele tinha dito»; ela não quis parar por causa deles. Porquê? Porque, pensava ela, quem procura na verdade o Rei dos Anjos não imagina parar por causa de anjos.
  2. E o quê mais? Seguramente, quem quer ver verdadeiramente na história do Evangelho lá encontrará numerosos e maravilhosos pontos de perfeito amor escritos dela para nosso exemplo, e também perfeitamente de acordo com a nossa obra como se eles tivessem sido escritos para ela; e tais são eles certamente, que o compreenda quem pode compreender. E se alguém tem o desejo de ver no Evangelho escrito o maravilhoso e particular amor que nosso Senhor tinha por ela, e na sua pessoa por todos os acostumados pecadores sinceramente voltados e chamados à graça da contemplação, esse descobrirá que nosso Senhor não tolerava e não deixava ninguém, homem ou mulher, não! nem mesmo a sua própria irmã, pronunciar uma única palavra contra ela, que Ele não respondesse Ele próprio. Sim. E mais? Ele criticou Simão o Leproso na sua própria morada, daquilo que ele tinha pensado contra ela. Um grande amor, era esse: um amor perfeito eminente.


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