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A mostrar mensagens de fevereiro, 2013

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 28

Que um ser humano não poderá pretender trabalhar nesta obra antes de ser legitimamente na sua consciência purificado, em todas as suas ações particulares, do pecado. Mas se tu me perguntas quando eles deverão trabalhar nesta obra, então eu te respondo e te digo: que não seja antes que eles tenham purificado a consciência deles de todos os atos de pecado previamente cometidos, segundo a habitual ordenança da santa Igreja. Porque nesta obra, a alma põe a seco nela própria as raízes e o fundamento do pecado que sempre lá ficam depois da confissão, e (como) nunca tão vivazes. E é por isso que quem quer trabalhar nesta obra, que ele purifique primeiro a sua consciência; depois em seguida, tendo-o feito, tudo segundo as regras, que ele se prepare a isso e se disponha intrepidamente, mas com humildade. E que ele considere quanto tempo ele esteve mantido afastado! Porque é essa a própria obra à qual uma alma deveria trabalhar durante toda a sua vida, se ela nunca tivesse pecado mortal

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 27

Quem trabalhará na obra da graça que diz este livro. Previamente e antes de tudo, eu quero dizer-te quem trabalhará nesta obra, e quando, e por quais vias; e também que discrição tu terás nisto. Se tu me perguntas quem trabalhará nela, eu respondo-te: todos, que numa firme vontade abandonaram o mundo, e assim não se entregam mais à vida ativa, mas a esta vida que é chamada contemplativa. Esses todos poderão trabalhar nesta graça e nesta obra; e quaisquer que eles sejam, e tenham sido ou não pecadores endurecidos. [ Anterior ] [ Índice ] [ Seguinte ] Início » Espiritualidade » Nuvem de Desconhecimento » Capítulo 27

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 26

Que sem uma graça muito especial, ou um longo emprego da graça comum, a obra que diz este livro é com efeito laboriosa; e nesta obra, qual é a obra da alma assistida pela graça, e qual é a obra de Deus sozinho. É por isso portanto que tu obra firmemente e trabalha fortemente no instante, e bate (à porta) dessa alta "nuvem de desconhecimento", depois repousa-te. Mas é um trabalho árduo que ele terá, aquele que se quer empregar nesta obra, ha! certamente, um trabalho verdadeiramente duro e grande esforço, a menos que ele tenha uma graça mais especial ou então, que ele se tenha aplicado a ela durante um muito longo período de tempo. Mas onde será esse trabalho, e do quê feito, eu te pergunto? Seguramente, não desse devoto impulso de amor sem cessar suscitado na vontade, não por ele próprio, mas pela mão de Deus Todo-Poderoso, o qual está sempre pronto para essa obra em cada alma que a isso se dispôs, preparou, e que fez todo o seu possível, e que o fez há bastante tempo

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 25

Que no tempo desta obra, uma alma perfeita não dá nenhuma consideração mais particular, a quem quer que seja, nesta vida. Eu não digo que o operário nesta obra considerará à parte qualquer ser humano que seja, amigo ou inimigo, parente ou estrangeiro; porque isso não é possível se a obra for realizada com perfeição, o que é no esquecimento completo de todas as coisas abaixo de Deus, assim como precisa e convém a esta obra. Mas eu digo que o operário será, pela eficácia desta obra, e tornar-se-á tão vigoroso nas virtudes e na caridade, que a sua vontade, quando ele depois descer ao comum, falando e orando pelo seu próximo – não que chegue ao ponto em que ele abandone completamente esta obra, o que não poderia acontecer sem grande pecado; mas abandonando a sua altura, o que por vezes requer e exige a caridade – eu digo que então a sua vontade irá toda tanto em particular para o seu inimigo, como para o seu amigo, para o estrangeiro como para o seu irmão. E mesmo, sim, algumas veze

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 24

O que nela própria é a caridade; e como ela está verdadeiramente e perfeitamente contida na obra que diz este livro. E assim como foi dito da humildade, e como ela está verdadeiramente e perfeitamente contida nesse pequeno ardor de amor cego batendo (à porta) dessa obscura "nuvem de desconhecimento", sendo todas as outras coisas rejeitadas e esquecidas, – assim é preciso entender e compreender sobre todas as virtudes, e em particular da caridade. Porque a caridade não é nada mais, e não deve significar para o teu entendimento, que o amor de Deus por Ele próprio acima de todas as criaturas, e o amor do próximo como de ti próprio, pelo amor de Deus. Ora, que Deus, nesta obra, seja amado por Si próprio e acima de todas as criaturas, isso parece suficientemente evidente: porque assim como foi dito antes, a própria substância desta obra não é nada mais do que um impulso nu em direção a Deus em Si próprio. Um impulso nu, chamei-lhe eu. E porquê? Porque nesta obra, o apre

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 23

Que Deus responderá por todos e por todos providenciará, em espírito, por aqueles que completamente ocupados no Seu amor não respondem nem se providenciam por eles próprios. E se, sinceramente, nós queremos e temos o desejo verdadeiro, conforme está em nós, e com a ajuda da graça e do nosso diretor espiritual, de conformar, quer o nosso amor quanto a nossa vida, ao amor e à vida de Maria, ninguém duvida que Ele não responde hoje e igualmente espiritualmente em cada dia por nós, no mais secreto do coração de todos aqueles que têm, contra nós, palavras ou pensamentos. Não, que eu diga ou pretenda, que nunca homem ou mulher não tenha ou não pronuncie qualquer palavra ou pensamento contra nós, tal como eles fizeram contra Maria, tanto e tão longamente quanto nós estivermos no trabalho desta vida. Mas eu digo – se nós não quisermos prestar atenção nenhuma aos ditos deles e aos pensamentos deles, e também não interrompermos o nosso trabalho espiritual íntimo, como ela também não o fez

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 22

Do maravilhoso amor que Cristo teve por Maria, e na sua pessoa, por todos os pecadores sinceramente voltados e chamados à graça da contemplação. Muito suave era o amor entre nosso Senhor e Maria. Muito grande era o amor dela por Ele. Muito maior, aquele que Ele tinha por ela. E quem quiser ter grande atenção e considerar tudo o que existia e se fazia entre Ele e ela – não assim como contaria qualquer frívolo, mas segundo dá testemunho o relato do Evangelho, no qual não poderia haver nada de falso, de forma nenhuma – esse verá que ela estava tão profundamente no Seu amor que nada, abaixo dEle, não a podia confortar, e que nada também conseguia fazer com que ela O retirasse do seu coração. É ela, essa mesma Maria, que não quis ser consolada pelos anjos quando ela tinha ido em lágrimas procurá-lO no sepulcro. Porque quando eles lhe falaram tão ternamente com doçura e lhe disseram: «Não chores, Maria; aquele que tu procuras, nosso Senhor ressuscitou, e tu O terás e O verás bem vivo

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 21

A exata interpretação desta frase do Evangelho: «Maria escolheu a parte melhor». Como compreender isto: Maria escolheu a parte melhor ? Onde quer que seja estabelecido ou afirmado que uma coisa é a melhor, essa (coisa) reclama duas outras (coisas) antes dela: uma (coisa) boa, a segunda (coisa) melhor; por forma a que haja uma outra (coisa), a melhor (coisa), e terceira (coisa) em número. Mas quais são essas três coisas, das quais Maria escolheu a melhor? Três vidas não são, visto que a santa Igreja só considera duas: a vida ativa e a contemplativa; e são essas duas vidas que são secretamente expressas no relato do Evangelho, e figuradas pelas duas irmãs Marta e Maria: a ativa, por Marta; e a contemplativa, por Maria. Sem a primeira ou a segunda dessas vidas, não existe ninguém que possa ser salva; mas onde só há duas, ninguém pode escolher essa terceira via: a melhor . Mas ainda, apesar de só haverem duas vidas, entre essas duas vidas, no entanto, há três partes: das quais trê

Nuvem de Desconhecimento – Capítulos 20 a 29

Como Deus o Todo Poderoso quer e tem a graça de responder por esses todos que não têm nenhum desejo, afim de se desculparem a eles próprios, de abandonarem a sua ocupação que é o amor de Deus A exata interpretação desta frase do Evangelho: «Maria escolheu a parte melhor» Do maravilhoso amor que Cristo teve por Maria, e na sua pessoa, por todos os pecadores sinceramente voltados e chamados à graça da contemplação Que Deus responderá por todos e por todos providenciará, em espírito, por aqueles que completamente ocupados no Seu amor não respondem nem se providenciam por eles próprios O que nela própria é a caridade; e como ela está verdadeiramente e perfeitamente contida na obra que diz este livro Que no tempo desta obra, uma alma perfeita não dá nenhuma consideração mais particular, a quem quer que seja, nesta vida Que sem uma graça muito especial, ou um longo emprego da graça comum, a obra que diz este livro é com efeito laboriosa; e nesta obra, qual é a obra da alma assistida

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 20

Como Deus o Todo Poderoso quer e tem a graça de responder por esses todos que não têm nenhum desejo, afim de se desculparem a eles próprios, de abandonarem a sua ocupação que é o amor de Deus. E é por isso que eu penso que esses que se metem a viver em contemplativos, não somente deveriam desculpar os da vida ativa pelas suas palavras de repreensão, mas ainda eles deveriam, eu penso, estarem tão ocupados em espírito, que eles não prestassem muita ou nenhuma atenção ao que os seres humanos fazem ou dizem a respeito deles. Foi o que fez Maria, para exemplo de nós todos, quando a sua irmã Marta se queixou dela ao nosso Senhor; e se, fielmente, nós queremos fazer assim, nosso Senhor quererá agora fazer por nós aquilo que Ele fez então por Maria. E como foi isso? Assim seguramente: nosso gracioso Senhor Jesus, a quem nada de secreto permanece escondido, e apesar de Ele ter sido requerido por Marta como juiz, por forma a que Ele mandasse a Maria de se levantar e de ajudar a servi-lO

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 19

Curta desculpa de quem fez este livro, ensinando quanto por todos os contemplativos serão desculpados plenamente todos os ativos das suas ações e palavras de repreensão. Alguns poderão pensar que eu tenho pouco respeito por Marta, muito particularmente santa, visto que eu comparo as suas palavras de repreensão para com a sua irmã às palavras dos humanos e mundanos; e estes àquelas. Mas verdadeiramente eu não quero faltar ao respeito nem dela nem deles. E Deus não permitirá que nesta obra, eu possa dizer nada que se possa tomar e compreender como sendo uma repreensão de qualquer um dos Seus servidores em qualquer grau, e muito especialmente da Sua santa particular. Porque a minha opinião é que ela seja perfeitamente desculpada e tenha plena justificação dessa sua queixa, tendo em consideração o momento e a maneira em que ela a exprimiu. Porque daquilo que ela disse, a sua ignorância é a causa. E não é nada de espantar que ela não soubesse nesse momento que, e como Maria estava oc

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 18

Como, e até este dia, todos os ativos se queixam dos contemplativos, assim como Marta, de Maria. Da qual queixa a ignorância é a causa. Exatamente assim como Marta então se queixava de Maria sua irmã, exatamente igualmente, ainda hoje, todos os ativos se queixam dos contemplativos. Porque se há um homem ou uma mulher em qualquer sociedade que seja deste mundo, religiosa ou secular – eu não excluo nenhuma – e se esse homem ou mulher, qual quer que seja, se sente levado pela graça e também pelo conselho, a rejeitar todos os assuntos e atividades exteriores, e isso para se pôr a viver plenamente da vida contemplativa segundo as suas capacidades e a sua consciência, não sem a permissão do seu diretor espiritual; e eis imediatamente que o seus próprios irmãos e irmãs, todos os seus amigos mais próximos e bastantes outros ainda, os quais não sabem nada da sua vida interior nem nada também do género de vida que ele começa e no qual ele se mete, que todos elevam à volta dele um grande c

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 17

Que o verdadeiro contemplativo não tem nenhum desejo de se misturar com a vida ativa, nem com nenhuma coisa feita ou dita dele, nem também de responder aos seus acusadores para se desculpar. No Evangelho segundo São Lucas, está escrito que quando nosso Senhor estava na casa de Marta e da sua irmã, todo o tempo que Marta se afadigava a preparar a Sua refeição, Maria, a sua irmã, estava sentada aos Seus pés. E a escutar a Sua palavra, ela não tinha atenção ao trabalho da sua irmã, apesar desse trabalho ser obra boa e santa visto que ele é, com efeito, a primeira parte da vida ativa; e também ela não tinha atenção à Sua muito preciosa Pessoa no Seu corpo muito santo, nem também à doçura da palavra e da voz da Sua Humanidade, – apesar de ser ainda melhor e mais santa, visto que essa é a segunda parte da vida ativa, e a primeira (parte) da vida contemplativa. Mas, à muito soberana sabedoria da Sua Divindade, que a treva das palavras da Sua Humanidade envolvia, a isso, ela tinha ate

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 16

Que pela virtude desta obra, um pecador sinceramente voltado e chamado à contemplação chega mais rapidamente à perfeição que por qualquer outra obra; e que por ela, ele pode mais cedo ter de Deus o perdão dos seus pecados. Vê bem: ninguém iria pensar que haja presunção em ousar, apesar de ser o mais miserável pecador nesta terra, – mas depois de se ter convenientemente emendado, e depois de ter sentido em si o apelo desta vida chamada contemplativa, com o assentimento quer da sua consciência quer do seu diretor espiritual – em ousar tomar sobre si e ter um humilde impulso de amor para o seu Deus, pressionando secretamente essa "nuvem de desconhecimento", a qual está entre o ser humano e o seu Deus. Quando nosso Senhor, dirigindo-se a Maria, e na sua pessoa a todos os pecadores, lhe disse: «Os teus pecados estão perdoados», não fez isso apenas para a recordação dos seus pecados nem pela grade tristeza que ela tinha deles, nem também pela humildade que ela teria ganho ao

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 15

Uma curta demonstração contra o erro deles: daqueles que dizem que não há mais perfeita causa para a humildade, que o conhecimento por um ser humano da sua própria miséria. E também fia-te firmemente nisto, que há uma humildade perfeita tal como eu disse, e que é possível pela graça chegar até ela nesta vida. O que eu afirmo, para a confusão daqueles que pretendem, no seu erro, que não há mais perfeita causa de humildade que aquela que resulta da recordação da nossa miséria e dos pecados que nós cometemos. Eu concordo que, para aqueles que têm estado no hábito do pecado, como eu estou e estive eu próprio, é, uma muito necessária e eficaz causa de humildade, a recordação da nossa miséria e dos pecados que nós cometemos, tanto e até ao momento em que seja raspada em grande parte a grande ferrugem do pecado, e isto, com a atestação da nossa consciência e do nosso diretor espiritual. Mas para os outros que são como inocentes, nunca tendo pecado mortalmente por vontade determinada

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 14

Que sem chegar primeiro à humildade imperfeita, é impossível a um pecador chegar nesta vida à virtude perfeita da humildade. Porque, apesar de eu lhe chamar humildade imperfeita, contudo, é tanta quanto eu tiver tido o conhecimento verdadeiro e o sentimento de mim próprio tal qual eu sou, que o mais rapidamente me será dada, com a causa perfeita, a virtude da humildade ela própria: e mais rapidamente que se todos os santos e os anjos do céu, e todos os homens e mulheres da santa Igreja sobre a terra, religiosos ou seculares de todos os graus, todos em conjunto se metessem a não fazer nada mais que rezar a Deus afim de que eu tenha a humildade perfeita. Sim, e mesmo então é impossível a um pecador de ter, ou de conservar tendo-a tido, essa virtude perfeita da humildade sem a outra. E é por isso que tu deves sangrar e suar tanto quanto tu possas e poderás, afim de ter, por ti próprio, o conhecimento verdadeiro e o sentimento daquilo que tu és. Porque então, eu penso que pouco de

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 13

O que é a humildade em si própria; e quando ela é perfeita, e quando ela é imperfeita. Vejamos portanto primeiro a virtude da humildade: como ela é imperfeita quando ela tem por causa, misturada com Deus, qualquer outra razão, apesar de Ele ser a principal; e como ela é perfeita com Deus n'Ele próprio como único fim. E antes, é preciso saber o que é a humildade em si própria, se é que a coisa pode ser claramente vista e compreendida; sobre o quê, mais verdadeiramente poder-se-á conceber, na verdade do espírito, qual é a causa dela. A humildade não é em si própria nada mais que o verdadeiro conhecimento e o sentimento verdadeiro, para o ser humano, daquilo que ele é em si próprio. Porque seguramente, quem puder ver-se a si próprio na verdade e sentir aquilo que ele é, na verdade esse será humilde. E essa humildade tem duas causas, as quais estão aqui: a primeira é a sujidade, miséria e fragilidade do ser humano, nas quais ele caiu pelo pecado, e que lhe compete guardar o se

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 12

Que pela eficácia e virtude desta obra não somente o pecado é destruído, mas também as virtudes suscitadas. É portanto por isso que, se tu queres aguentar-te e não cair, não pares nem acabes nunca em repouso: mas sempre e mais, bate (à porta) nessa "nuvem de desconhecimento", a qual está entre ti e o teu Deus, com a "lança aguda de amor impaciente"; afasta-te horrorizado do pensamento de qualquer objeto que esteja por baixo de Deus; e não te afastes de lá por nenhuma coisa que aconteça. Porque é só por esta obra, e nela apenas, que destróis o fundamento e a raiz do pecado. Jejua como nunca, vigia mais tarde do que nunca, levanta-te mais cedo do que nunca, como nunca deita-te em cama dura, estafa-te como nunca, sim! e mesmo se fosse permitido fazer – o que não é – arranca os teus olhos, corta a tua língua, tapa as orelhas e as narinas hermeticamente como nunca, e ainda corta os teus membros e inflige ao teu corpo todas as dores e sofrimentos imagináveis: nad

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 11

Que um ser humano deveria pesar todos os pensamentos e movimentos interiores, quaisquer que eles sejam, e sempre se guardar da indiferença quanto ao pecado venial. Se eu falo assim, não é porque eu acredite que vocês sejam, tu e todos os outros que eu disse, culpados e oprimidos por algum pecado semelhante; mas é porque eu gostaria que tu te guardasses de faltar, e pesar cada pensamento, e cada movimento interior, qualquer que seja o seu objeto, e que tu te empregasses ativamente em destruir todos os primeiros movimentos e pensamentos nas coisas onde tu poderias assim pecar. Porque eu digo-te isto: aquele que não pesa, ou que toma ligeiramente, a primeira ideia – sim! Mesmo se não há nela nenhum pecado – ele não escapará, qualquer que ele seja, à indiferença quanto ao pecado venial. A esse pecado venial, não há ninguém, nesta vida mortal, que escape a ele absolutamente. Mas à indiferença quanto ao pecado venial, sempre escaparão todos os verdadeiros discípulos da perfeição: po

Nuvem de Desconhecimento – Capítulos 10 a 19

Como uma pessoa sabe que o seu pensamento não pecou; ou se sim, quando é pecado mortal e quando é venial Que um ser humano deveria pesar todos os pensamentos e movimentos interiores, quaisquer que eles sejam, e sempre se guardar da indiferença quanto ao pecado venial Que pela eficácia e virtude desta obra não somente o pecado é destruído, mas também as virtudes suscitadas O que é a humildade em si própria; e quando ela é perfeita, e quando ela é imperfeita Que sem chegar primeiro à humildade imperfeita, é impossível a um pecador chegar nesta vida à virtude perfeita da humildade Uma curta demonstração contra o erro deles: daqueles que dizem que não há mais perfeita causa para a humildade, que o conhecimento por um ser humano da sua própria miséria Que pela virtude desta obra, um pecador sinceramente voltado e chamado à contemplação chega mais rapidamente à perfeição que por qualquer outra obra; e que por ela, ele pode mais cedo ter de Deus o perdão dos seus pecados Que o verda

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 10

Como uma pessoa sabe que o seu pensamento não pecou; ou se sim, quando é pecado mortal e quando, venial. Pelo contrário, não é nada assim da recordação de qualquer homem ou mulher vivendo nesta vida, nem também de um objeto corporal ou mundano, qualquer que ele seja. É, com efeito, que a ideia brusca e súbita de um de entre eles, vinda a ti contra a tua vontade e o teu consentimento, apesar de ela não te poder ser imputada como pecado – porque esse é o trabalho do pecado original contra ti, do qual, no batismo, tu foste purificado – no entanto, se ela não for prontamente controlada e esse súbito impulso prontamente abatido, muito rapidamente o teu fraco coração carnal nela será arrastado: quer seja por um tipo ou outro de complacência, se esse é um objeto que te agrada ou te agradou em tempos; quer seja por um tipo ou outro de sobressalto, se esse é um objeto que tu crês doloroso para ti ou que te foi doloroso no passado. E esse apego, se ele pode ser mortal de novo para eles, h

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 9

Que no tempo desta obra, a recordação da criatura mais santa que alguma vez fez Deus é mais prejudicial que proveitosa. E é por isso que esse movimento agudo do teu intelecto, que sempre te vem importunar quando tu te metes nesta obra, é sempre preciso que ele seja pisado com os pés; porque se tu não o pisas, é ele que te pisará. E assim, quando tu crês que estás no melhor, e imaginas permanecer nessa obscuridade, e que não tens no teu espírito nada mais que Deus sozinho, se tu observas com cuidado, tu encontrarás o teu espírito, não ocupado com essa obscuridade, mas antes com uma clara consideração de qualquer objeto por baixo de Deus. E sendo assim, seguramente essa coisa está por cima de ti nesse momento, e entre ti e o teu Deus. É por isso que, tem portanto o desejo de rejeitar semelhantes e claras considerações, mesmo se elas forem santas e mais favoráveis que nunca. Porque eu digo-te uma coisa: é que o mais proveitosos para a saúde da tua alma, e mais valioso em si, e mais

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 8

Um bom esclarecimento de certas dúvidas que podem surgir nesta obra, tirado de uma questão, pela refutação da própria curiosidade e astúcia do espírito humano natural, e pela distinção dos graus e partes entre a vida ativa e a contemplativa. Ora eis que tu me interrogas: «E o que é então, o que me ocupa assim durante essa obra, e saber se é coisa de bem ou má? Porque se fosse coisa má, dizes tu, então eu me maravilharia que ela viesse nesse ponto acrescer a devoção do ser humano. E frequentemente me pareceu que havia aí um reconforto precioso no escutar dos seus dizeres. E há aí muitas vezes, parece-me, em que ela me tira lágrimas do coração, quer apiedando-me com a Paixão de Cristo, quer sobre a minha própria miséria ou tantos outros objetos que todos me pareceram perfeitamente santos, e de um grande bem para mim. Também, ela não seria, pela minha estimativa, nada má. Mas se a coisa é boa, e que ainda por cima ela me faça um tal e tão grande bem pelos seus dizeres e suaves pala

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 7

Como o ser humano se guardará, nesta obra, contra todos os pensamentos, e particularmente contra aqueles saídos da curiosidade e da astúcia do espírito natural. E se qualquer ideia se eleva e continuamente se quer forçar acima de ti, entre ti e essa obscuridade, te questionando e dizendo: «O que procuras tu? E o que gostarias tu de ver?» Tu dirás, tu, que é Deus que tu queres possuir: «É Ele que eu desejo, Ele que eu procuro, e nenhum outro para além d'Ele.» E se ela te pergunta: «O que é Deus?» Diz-lhe, tu, que foi Deus que te fez, e resgatou, e que graciosamente te chamou para este grau. «E n'Ele, tu dirás, nula e para nada é a tua habilidade.» E é por isso que tu ordenas: «Para baixo, tu, vai-te para baixo.» E rapidamente tu pões-lhe o pé em cima com um impulso de amor, por muito santa que ela te pareça, e que ela te parecesse querer ajudar-te a procurá-l'O. Porque, talvez certamente, ela queria meter-te no espírito diversos, muito admiráveis e maravilhosos aspe

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 6

Curta consideração da obra que se trata, tirada de uma questão. Mas agora tu me interrogas e me dizes: «Como é que eu vou pensar n'Ele, e o que é Ele?» e a isso eu não te posso responder a não ser isto: «Eu não sei nada.» Porque, com a tua questão, tu lançaste-me nessa mesma obscuridade e nessa mesma "nuvem de desconhecimento" onde eu gostaria que fosses tu próprio. Porque de todas as outras criaturas e das suas obras, sim certo, e das obras de Deus Ele próprio, é possível que um ser humano tenha pleno conhecimento delas pela graça, – e sobre elas, ele pode muito bem pensar; mas sobre Deus Ele próprio, ninguém pode pensar. É por isso que eu deixaria todas as coisas em que posso pensar, e escolheria para meu amor a coisa em que eu não posso pensar. Porque eis: Ele pode verdadeiramente ser amado, mas pensado não. O amor pode atingi-l'O e retê-l'O, mas nunca o pensamento. Também portanto, apesar de ser bom pensar por vezes em particular na bondade e na per

Nuvem de Desconhecimento – Capítulo 5

Que no tempo desta obra, todas as criaturas que alguma vez existiram, existem agora ou existirão, e todas as obras dessas mesmas criaturas, devem estar escondidas sob a nuvem do esquecimento. E se alguma vez tu chegares a essa nuvem, e se tu lá permaneceres e trabalhares dentro, como eu te peço, o que tu deves, da mesma forma que a "nuvem de desconhecimento" está por cima de ti entre ti e o teu Deus, é que exatamente da mesma forma tu metas por baixo de ti uma "nuvem de esquecimento" entre ti e todas as criaturas jamais criadas. Tu vais pensar, talvez, que tu estás com efeito longe de Deus porque a "nuvem de desconhecimento" está entre ti e o teu Deus: mas muito certamente, apesar da tua concepção ser boa, tu estás muito longe d'Ele quando tu não tens uma "nuvem de esquecimento" entre ti e as criaturas que alguma vez existiram ou foram feitas. E tão frequentemente que eu te diga: todas as criaturas que alguma vez existiram ou foram fe