Livro da Vida Perfeita – Deixar-se encher por Deus


  1. «Aquele que se deixa encher por Deus, diz-se, tem suficiente de todas as coisas.»
  2. Isto é verdadeiro. E, inversamente, aquele que encontra a sua satisfação em qualquer coisa – nisto ou naquilo – não se pode satisfazer com Deus.
  3. Aquele que se satisfaz com Deus não se satisfaz com nada a não ser com aquilo que não é nem isto nem aquilo, e que é Tudo.
  4. Porque Deus é Um e deve ser Um,
    Deus é Tudo e deve ser Tudo.

    O que não é Um
    não é Deus.

    O que é e não é Tudo
    – e para lá de tudo–
    não é Deus.

    Porque Deus é Um
    e para lá de tudo,
    Ele é Tudo
    e para lá de tudo.
  5. Aquele que se satisfaz com Deus satisfaz-se com o Um, e unicamente desse Um como sendo o Um.
  6. Aquele para quem Tudo não é esse Um e para quem o Um não é esse Tudo, aquele para quem todas as coisas e nada não são uma única e mesma coisa, esse não se pode satisfazer com Deus.
  7. Mas aquele para quem é bem assim, esse encontra em Deus o contentamento, e em mais nenhum lugar.
  8. Passa-se o mesmo com aquilo que se segue.
  9. Aquele que se quer abandonar e se submeter totalmente a Deus deve apenas ser abandonado e submetido de uma maneira passiva: ele não deve nem se opor, nem se defender, nem querer se salvar. É o que se observa em Cristo.
  10. Aquele que quer e deve suportar Deus, deve suportar todas as coisas no Um enquanto ele é Um. Ele não se deve opor a nenhum sofrimento. Isso é bem Cristo.
  11. Aquele que se opõe aos sofrimentos e se defende deles, esse não quer ou não pode suportar Deus.
  12. É preciso que isto seja compreendido assim: não nos devemos opor a nenhuma coisa ou a nenhuma criatura pela violência ou pela luta, em intenção ou em ação. Mas podemos sem pecado prevenir, evitar ou fugir do sofrimento.

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