Livro da Vida Perfeita – Estado do ser humano santificado
- Tudo o que se produz num ser humano verdadeiramente santificado – duma maneira ativa ou passiva – se produz nessa luz e nesse amor: neles, por eles e regressando para eles.
- Lá existe e reside um estado de satisfação e de tranquilidade, livre de todos os desejos de saber e de ter mais ou menos, de viver ou de morrer, de ser ou de não ser, etc.: tudo isso é uma única e mesma coisa, e não nos queixamos de mais nada, senão do pecado.
- O que é o pecado, já o dissemos antes.
- É querer outra coisa para além do simples e perfeito Bem, da vontade una e eterna. É querer sem, ou contra, esse Bem e essa única vontade.
- Tudo o que resulta daí – mentira, engano, injustiça, falsidade, todos os vícios: numa palavra, tudo o que é chamado de pecado –, tudo isso provém de querermos outra coisa para além de Deus e do Bem verdadeiro.
- Se não houvesse outra vontade para além da única vontade, não haveria pecado. É por isso que se pode dizer que toda a vontade própria é pecado e não é mais nada: é dela que resulta todo o mal.
- Um ser humano verdadeiramente santificado não deplora nada para além do pecado. Ele queixa-se dele e sofre por ele de tal forma que, se ele tivesse cem vezes de sofrer uma morte vergonhosa e penosa, ele não se queixaria dela e não sofreria com ela tanto quanto com o pecado.
- Esse sofrimento deve durar até à morte corporal: lá onde ele não se encontra, não pode, sem dúvida nenhuma, haver ser humano verdadeiramente santo ou santificado.
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