Livro da Vida Perfeita – O amor do Um pelo Um


  1. Quando a verdadeira luz e o verdadeiro amor estão num ser humano, o verdadeiro Bem é conhecido e amado por ele próprio.
  2. No entanto, ele não se ama aí para si próprio, por si próprio ou como si próprio, mas como o verdadeiro e simples Bem.
  3. O Perfeito, sendo ele próprio amor, não pode e não quer amar nada mais que o único, o verdadeiro Bem.
  4. Sendo Ele próprio esse Bem, Ele deve amar-se a Ele próprio: no entanto, não por si próprio, para si próprio e como si próprio, mas como o único e verdadeiro Bem ama o único e verdadeiro Bem, e como o único, o verdadeiro e perfeito Bem é amado pelo único, o verdadeiro e perfeito Bem.
  5. É nesse sentido que se diz – e é a verdade –: «Deus não se ama enquanto Ele próprio, porque se existisse uma coisa melhor que Deus, seria ela que Ele amaria e não a Ele próprio».
  6. Nessa verdadeira luz, nesse verdadeiro amor, não reside nem «eu», nem «meu», «me», nem «tu», «teu», etc.
  7. Essa luz conhece e indica um Bem que é todo o bem e para lá de todo o bem: todos os bens são essencialmente um nesse Um e, sem esse Um, não há nenhum Bem.
  8. É por isso que lá não se ama nem isto nem aquilo, nem «eu» nem «tu», etc., mas apenas o Um que não é nem «eu» nem «tu», nem isto nem aquilo, mas para além de todo o «eu» e «tu», de todo isto e aquilo: n'Ele todo o bem é amado como um Bem único. Como se diz:
  9. Tudo no Um enquanto que Um,
    o Um em tudo enquanto que Tudo,
    o Um e todo o bem
    amados pelo Um no Um
    e pelo amor do Um,
    pelo amor
    que se sente pelo Um.
  10. Tudo deve ser aqui perdido e abandonado – todo eu, todo ter próprio, todo amor próprio, etc. Nada disso está em Deus, exceto aquilo que é necessário para a distinção das pessoas divinas.

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