Livro da Vida Perfeita – Falso saber e falso amor
- Existe também um conhecimento a que se chama «saber» e que no entanto não o é: imagina-se conhecer muitas coisas pelas conversas, as leituras ou pela frequentação assídua das Escrituras.
- Chama-se a isso «saber» e diz-se: «Eu sei isto», «Eu sei aquilo». Se perguntamos: «Donde é que tu sabes isso? – Eu li-o nas Escrituras», respondem, ou outras coisas semelhantes.
- Chama-se a isso «saber», chama-se a isso «conhecer». Mas, na verdade, é «crer». Porque esse saber, esse conhecimento sabem e conhecem muito, mas não amam.
- Existe também um amor que é falso: ama-se qualquer coisa por uma recompensa. Ama-se a justiça, não por amor à justiça mas para obter por esse meio uma vantagem, etc.
- Se uma criatura ama uma outra criatura – ou Deus – por um benefício ou por qualquer outra razão, esse amor é falso e pertence apenas à natureza.
- A natureza como tal não sabe e não é capaz de outro amor para além desse, porque, se virmos bem, a natureza só ama a ela própria.
- É dessa forma ainda que qualquer coisa de bom pode ser conhecida sem no entanto ser amada.
- Inversamente, o verdadeiro amor é instruído e conduzido pela luz e o conhecimento verdadeiros.
- A luz verdadeira, eterna e divina ensina ao amor a não amar nada para além do Bem verdadeiro, simples e perfeito – não para obter uma recompensa ou o que quer que seja, mas pelo amor do Bem e porque ele é o Bem e que é justo amá-lo.
- O que é conhecido assim pela verdadeira luz deve também ser amado pelo verdadeiro amor. Ora o perfeito Bem – a que se chama Deus – só pode ser conhecido pela verdadeira luz: é por isso que Ele deve ser amado logo que Ele é conhecido!
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