Livro da Vida Perfeita – As ilusões da falsa luz
- Sendo natureza, a falsa luz possui também as suas propriedades, a saber: procurar-se a si própria e o seu em todas as coisas, e só desejar o que é mais cómodo, o mais confortável e o mais agradável a si própria e à natureza.
- Devido a ela estar no erro, ela imagina e afirma que aquilo que lhe é mais divertido, mais agradável e mais cómodo é também o melhor.
- Ela declara que é o melhor das coisas que cada um procure e faça o que lhe é mais agradável. E ela não quer saber nada de nenhum outro bem para além do seu: que ele é bom para ela, segundo ela imagina.
- Se lhe falam do verdadeiro e simples Bem – que não é nem isto nem aquilo –, ela não quer saber e faz troça.
- Isto é evidente: porque a natureza como tal não pode lá chegar e esta luz, sendo apenas natureza, também não pode lá chegar.
- A falsa luz afirma também que ela está para além dos remorsos e dos escrúpulos, e que tudo aquilo que ela faz é bem feito.
- Um espírito falsamente livre que estava neste erro ia até ao ponto de proclamar: «Se eu matasse dez seres humanos, eu não teria mais remorsos do que se eu matasse um cão.»
- Numa palavra, esta falsa luz foge de tudo o que é contrário e penoso à natureza – e isto é bem normal, porque ela é ela própria natureza.
- E devido a ela estar de tal forma no erro que ela imagina ser Deus, ela juraria por todos os santos que ela sabe o que é o Melhor e que ela só deseja e só procura a Ele!
- É por isso que ela não pode nunca ser convertida nem instruída – tal como o diabo.
[ Anterior ] | [ Índice ] | [ Seguinte ] |
Início » Espiritualidade » Vida Perfeita » As duas luzes » As ilusões da falsa luz