Livro da Vida Perfeita – As ilusões da falsa luz


  1. Sendo natureza, a falsa luz possui também as suas propriedades, a saber: procurar-se a si própria e o seu em todas as coisas, e só desejar o que é mais cómodo, o mais confortável e o mais agradável a si própria e à natureza.
  2. Devido a ela estar no erro, ela imagina e afirma que aquilo que lhe é mais divertido, mais agradável e mais cómodo é também o melhor.
  3. Ela declara que é o melhor das coisas que cada um procure e faça o que lhe é mais agradável. E ela não quer saber nada de nenhum outro bem para além do seu: que ele é bom para ela, segundo ela imagina.
  4. Se lhe falam do verdadeiro e simples Bem – que não é nem isto nem aquilo –, ela não quer saber e faz troça.
  5. Isto é evidente: porque a natureza como tal não pode lá chegar e esta luz, sendo apenas natureza, também não pode lá chegar.
  6. A falsa luz afirma também que ela está para além dos remorsos e dos escrúpulos, e que tudo aquilo que ela faz é bem feito.
  7. Um espírito falsamente livre que estava neste erro ia até ao ponto de proclamar: «Se eu matasse dez seres humanos, eu não teria mais remorsos do que se eu matasse um cão.»
  8. Numa palavra, esta falsa luz foge de tudo o que é contrário e penoso à natureza – e isto é bem normal, porque ela é ela própria natureza.
  9. E devido a ela estar de tal forma no erro que ela imagina ser Deus, ela juraria por todos os santos que ela sabe o que é o Melhor e que ela só deseja e só procura a Ele!
  10. É por isso que ela não pode nunca ser convertida nem instruída – tal como o diabo.

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