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A mostrar mensagens de fevereiro, 2012

Livro da Vida Perfeita – Nada das criaturas

É próprio de Deus, num ser humano santificado, o estar numa humildade profunda, verdadeira e essencial. Não há ser humano santificado sem uma tal humildade. Cristo ensinou isso com as suas palavras, com os seus atos e com a sua vida. E isso aparece quando se reconhece na verdadeira luz – como é na verdade – que a essência, a vida, o conhecimento, o saber e o poder, etc. pertencem ao verdadeiro Bem e não às criaturas. A criatura como tal não é nada, e não tem nada por ela própria. Quando ela se afasta do verdadeiro Bem por sua vontade, os seus atos e aquilo que se relaciona com eles, não se encontra aí nada mais que pura malignidade. Também é bem verdade que a criatura como tal não é por ela própria digna de nada: ela não tem direito a nada, ninguém lhe deve nada, nem Deus nem nenhuma criatura. É ela que deve com toda a justiça se abandonar e se submeter a Deus. Este ponto é o mais importante e o mais notável. Aquele que quer e deve se abandonar e se submeter a Deus deve,

Livro da Vida Perfeita – Contra a vontade própria

« Se é verdadeiro, poder-se-ia dizer, que Deus quer, deseja e faz a cada um aquilo que é o melhor, Deus deveria vir em ajuda de cada um e fazer por forma que todas as suas vontades se realizassem: para um tornar-se papa, para outro bispo, etc. » Aquele que ajuda o ser humano a realizar a sua vontade própria ajuda-o para o pior. Porque quanto mais o ser humano segue a sua vontade própria, mais ela cresce nele, e mais o ser humano se afasta de Deus e do Bem verdadeiro. Deus ajuda voluntariamente o ser humano, entre todas as coisas, a atingir aquilo que é o Melhor – o melhor em si ou o melhor para o ser humano. Mas, para que isso aconteça, é preciso, já se disse mais acima, que toda a vontade própria desapareça. E para isso também Deus ajuda o ser humano voluntariamente. Enquanto o ser humano procura aquilo que é o «seu» melhor, ele não procura o Melhor e não o encontrará. Porque o melhor para o ser humano seria – e é – o não procurar e o não considerar nem a si próprio nem o se

Livro da Vida Perfeita – O ser humano santificado

Num ser humano santificado, o amor é portanto puro, sem mistura e benevolente para com todos e todas as coisas. Nele ama-se todas as pessoas e todas as coisas. Deseja-se-lhes, quer-se-lhes, faz-se-lhes um bem sem mistura. Sim, que se faça a um ser humano santificado tudo aquilo que se quiser – bem ou mal, alegria ou pena, isto ou aquilo – sim, que cem vezes o matem e que ele regresse à vida: ele precisaria necessariamente de amar aquele que o matou, aquele que lhe fez tanto dano, mal e sofrimento. Ele quererá necessariamente desejar-lhe e querer-lhe o bem. Ele quererá necessariamente fazer-lhe todo o bem possível na condição apenas de que aquele queira bem aceitá-lo e recebê-lo dele. Pode-se confirmá-lo, prová-lo e demonstrá-lo por Cristo. A Judas, que o traiu, ele diz: « Meu amigo, porque vieste? » (Mt 26, 50), como se ele dissesse: «Tu odeias-me, tu és meu inimigo: mas eu, eu amo-te e tu és meu amigo. Tu desejas-me, queres-me e fazes-me o maior mal possível: mas eu, eu

Livro da Vida Perfeita – O Bem único

Deus é luz e conhecimento. Ora pertence à luz e ao conhecimento o aclarar e o iluminar, o brilhar e o fazer-se conhecer. Porque Ele é luz e conhecimento, Deus deve aclarar, iluminar e fazer-se conhecer. Em Deus toda essa claridade e conhecimento é sem criatura: ela não existe como «ação», mas como essência e como origem. É só nas criaturas que ela se pode produzir como ação e duma maneira ativa. Quando essa luz e conhecimento está ativa numa criatura, ela faz conhecer e ensina o que ela é: o Bem. Não sendo nem este bem aqui nem aquele bem acolá, ela não dá a conhecer, não ensina «isto» ou «aquilo». Ela ensina a conhecer o Bem único: o perfeito, verdadeiro e simples Bem. Aquele que não é nem isto nem aquilo, mas que é todo o bem e para além de todo o bem. « Ela ensina o Bem único , dizemos nós: então o que é que ela ensina? » Estejamos aqui bem atentos. Da mesma forma que Deus é bem, conhecimento e luz, Ele é também vontade e amor, justiça e verdade assim como todas

Livro da Vida Perfeita - Nem isto nem aquilo

Deus, enquanto que Ele é bom, é bom em si. Ele não é nem este bem aqui nem aquele bem acolá. Façamos aqui uma observação. Aquilo que está em «qualquer lugar», aqui ou acolá, não está em todo o lugar e para além de todo o lugar e sítio. Aquilo que está em «qualquer tempo», hoje ou amanhã, não está em todo o instante, em todo o tempo e para lá de todo o tempo. Aquilo que é «qualquer coisa», isto ou aquilo, não é todas as coisas e para lá de todas as coisas. Se Deus fosse «qualquer coisa» - isto ou aquilo -, Ele não seria, como Ele é, Tudo e para além de tudo. Ele não seria a verdadeira perfeição. É por isso que Deus «é», e no entanto nem isto nem aquilo que as criaturas, enquanto que tais, possam conhecer ou nomear, pensar ou dizer. Se Deus, enquanto que Ele é bom, fosse este bem aqui ou aquele bem acolá, Ele não seria todo o Bem e para lá de todo o bem. Ele não seria este perfeito e simples Bem que Ele é. [ Anterior ] [ Índice ] [ Seguinte ] Início » Esp