Mestre Eckhart – Daniel o profeta diz: nós te seguimos 6


  1. Ora ele diz: «Eu e o Pai nós somos um.»
  2. A alma em Deus e Deus nela.
  3. Se metessem água num vaso, o vaso rodearia a água, mas a água não penetraria no vaso nem o vaso na água, mas a alma é com efeito um com Deus, de tal forma que eles não podem ser compreendidos um sem o outro.
  4. Pode-se conceber bem o calor sem o fogo e a luz sem o sol, mas não se pode conceber Deus sem a alma, nem a alma sem Deus, de tal forma eles são um. 1

Notas
  1. Cristo diz: «Eu e o Pai, nós somos um»: a alma em Deus e Deus nela. A comparação do vaso e do vinho encontra-se já no sermão 16b, Como um vaso de ouro. Nós lemos em seguida uma asserção bastante insólita: «Pode-se conceber bem o calor sem o fogo e a luz sem o sol, mas não se pode conceber Deus sem a alma nem a alma sem Deus, tanto eles são um.» Nós reencontramos assim, nestes sermões, textos apresentados de forma bastante abrupta sobre a identidade entre o fundo da alma e o fundo de Deus. Eles não se podem inserir no conjunto da doutrina eckhartiana sem ser com aproximações e explicações. É assim que a afirmação desta reciprocidade, que nós acabamos de ler, faz pensar no fim do sermão 52, Felizes os pobres em espírito: «... se eu não existisse, Deus também não existiria». Tais passagem parecem sugerir que a união entre Deus e a alma é um assunto da natureza da qual depende toda a Divindade (fim do sermão 26, Mulher, vem a hora), mais do que de vontade, enquanto que, no pensamento de Mestre Eckhart, ela é uma possibilidade oferecida ao ser humano. [  ]


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