Mestre Eckhart – Vi a Cidade Santa, uma Nova Jerusalém 8


  1. Um mestre diz: aquele que quer conhecer Deus, e não está ornamentado com obras divinas, é rejeitado para o mal.
  2. Mas não existe um meio para que se conheça perfeitamente Deus?
  3. – Sim, a alma fala nisso no Livro do Amor: «O meu bem amado viu-me por uma janela» - quer dizer sem obstáculos - «e eu vi-o, ele estava perto da parede» - quer dizer perto do corpo que é perecível – e ele diz: «abre-me, minha amiga!» - quer dizer ela é absolutamente minha no amor, porque «ele é meu e eu sou dele»; «minha pomba» - quer dizer simples no desejo -, «minha bela» - quer dizer nas obras - «levanta-te depressa e vem para mim! A frieza passou», pela qual todas as coisas morrem, e igualmente todas as coisas revivem no calor.
  4. «A chuva cessou» - é a voluptuosidade das coisas efémeras.
  5. «As flores abriram no nosso país»: as flores são o fruto da vida eterna.
  6. «Foge, vento do norte!» que secas – com isto, Deus ordena à tentação para não fazer mais obstáculo à alma.
  7. «Vem, vento do sul e sopra através do meu jardim para que emanem os meus perfumes»; aí, Deus ordena a todas as perfeições que penetrem na alma. 1 2

Notas
  1. Para terminar o sermão, Eckhart multiplica as citações do Cântico e interpreta cada palavra desse monólogo da alma: «Vem, vento do sul, e sopra através do meu jardim para que emanem os seus perfumes.» Com isto, Deus ordena à tentação para nunca mais criar obstáculos, e a todas as perfeições para penetrarem dentro da alma. [  ]
  2. Esta tradução foi realizada a partir da tradução francesa de Jeanne Ancelet-Hustache, «Maitre Eckhart - Sermons 31-59 - Tome II», Éditions du Seuil, Paris, 1978, p. 175-182. [  ]


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