Mestre Eckhart – Simão Pedro, feliz és tu 1


Sermão 45 - Simão Pedro, feliz és tu
  1. Nosso Senhor diz: «Simão Pedro, feliz és tu: não foi a carne nem o sangue que to revelou, mas o meu Pai que está no céu.» (Mt 16, 17). 1
  2. São Pedro tem quatro nomes: ele chama-se «Pedro», ele chama-se «Bar Iona», ele chama-se «Simão» e ele chama-se «Cefas».
  3. Nosso Senhor diz: «Feliz és tu!» Todas as pessoas desejam a beatitude.
  4. Ora um mestre diz: todas as pessoas desejam ser louvadas.
  5. Ora Santo Agostinho diz: uma pessoa boa não deseja louvor, deseja apenas ser digna de louvor.
  6. Os nossos mestres dizem: no seu fundo e na sua especificidade, a virtude é tão pura, e tão cerceada, e tão desprendida de todas as coisas terrestres que absolutamente nada se pode misturar com ela sem sujar a virtude e a transformar em vício.
  7. Um único pensamento, ou qualquer procura do interesse próprio, e não é mais uma verdadeira virtude, ela torna-se num vício.
  8. Eis a essência da virtude. 2

Notas
  1. Segundo toda a verosimilhança, este sermão foi pronunciado numa das festas de São Pedro: Cadeira de São Pedro (22 de Fevereiro), Santos Pedro e Paulo (29 de Junho), São Pedro Acorrentado (1 de Agosto). [  ]
  2. Ele começa por um desenvolvimento da frase de Cristo a Pedro: «Feliz (beatus) és tu!» Eckhart reduz aqui a beatitude ao desejo de ser louvado, e responde pela boca de Agostinho que só o desejo de ser digno de louvor deve animar a pessoa virtuosa.

    Toda a virtude é conspurcada quando procura qualquer outra coisa que não seja ela própria. [  ]


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