Livro da Vida Perfeita - Imobilidade e movimento


  1. Quando a união se fez realmente, a pessoa interior permanece imóvel nessa união.
  2. Quanto à pessoa exterior, Deus faz ela ir aqui e acolá, e realizar isto ou aquilo, que é necessário ou indispensável. A pessoa exterior diz então - e é realmente assim na verdade: «Eu não quero ser nem não ser, viver nem morrer, saber nem ignorar, fazer nem não fazer, nem nada de semelhante. Mas eu obedeço a tudo o que deve ser, por necessidade ou por obrigação, quer seja agindo quer sujeitando-me.»
  3. A pessoa exterior não tem assim outro objetivo nem outra procura que não seja satisfazer a vontade eterna.
  4. Porque é sabido na verdade que a pessoa interior deve permanecer imóvel enquanto que a pessoa exterior deve ter movimento.
  5. Se a pessoa interior tem um "porquê" no movimento da pessoa exterior, isso só vem de uma necessidade e de uma obrigação ordenadas pela vontade divina. É assim mesmo quando Deus ele próprio é pessoa, como se vê em Cristo.
  6. Quando isto se produz na ou pela luz divina, não há nem orgulho nem liberdade intemperada nem espírito indócil, mas uma profunda humildade e um coração abatido, abismado e afligido, um espírito de ordem e de sabedoria, de igualdade e de verdade.
  7. Tudo o que pertence a estas virtude deve aí estar presente, assim como a paz e o contentamento.
  8. Mas quando isto não se produz assim, isso não é bom, como foi dito noutro sítio com razão. Da mesma forma que nada pode servir nem ajudar a esta união, também nada pode impedi-la nem afastá-la: nada exceto a vontade própria da pessoa.

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