Mestre Eckhart – Tratado da Nobreza 12


  1. O sexto grau, é quando a pessoa está desprendida das imagens e transformada acima dela própria pela eternidade de Deus, quando ela chegou ao esquecimento total e perfeito da vida efémera e temporal, transformada numa imagem divina, tornada filha de Deus.
  2. Para além deste, não existe grau mais elevado, lá estão o repouso e a felicidade eternas, porque o fim da pessoa interior e da pessoa nova é a vida eterna. 1

Notas
  1. Seguindo Santo Agostinho em De vera religione, mas com mais amplitude, no desenvolvimento das imagens, Eckhart indica os seis graus de ascensão da pessoa nobre, as seis etapas que deve percorrer na sua viagem.

    A pessoa nobre imita primeiro as pessoas devotas, como uma criança que ainda não se aguenta bem em pé, e se alimenta de leite.

    No segundo grau, ela volta as costas à humanidade e procura a face divina.

    No terceiro, ela rejeita o medo, e aplica-se às coisas de Deus, unida a ele no amor.

    Em seguida enraíza-se de tal forma nele que ela está pronta para aceitar os sofrimentos de qualquer natureza.

    No quinto, ela repousa em silêncio na superabundância da suprema sabedoria.

    Chegada ao sexto grau, transformada para além de si própria na eternidade de Deus, ela esquece totalmente a vida temporal, ela tornou-se filha de Deus.

    Agostinho tinha indicado um sétimo grau que é o repouso supremo, e que não se distingue da beatitude eterna. Eckhart não fala de um tal sétimo grau, só fala de repouso e de beatitude eternas, com termos equivalentes aos de Agostinho, «porque o fim da pessoa interior e da pessoa nova é a vida eterna».

    Podia-se pensar que ele só faz aqui uma alusão à vida do além. No entanto, encavalitando as comparações, ele regressa em seguida à semente e à imagem de Deus na alma, ele multiplica os símbolos retirados a Orígenes, à Santa Escritura, à experiência das coisas humanas que representam essa imagem por vezes visível por vezes escondida. [  ]


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