Mestre Eckhart - Sermão da Pobreza 12


  1. Notem isto com aplicação e seriedade!
  2. Eu disse frequentemente, e os grandes mestres disseram-no também, que o ser humano deve ser liberto de todas as coisas, e de todas as obras, interiores e exteriores, de tal forma que ele possa ser um lugar próprio de Deus, onde Deus possa operar.
  3. Agora nós dizemos de modo diferente.
  4. Se o ser humano é liberto de todas as criaturas, e de Deus, e dele próprio, mas se ele ainda está tal que Deus encontra nele um lugar onde operar, nós dizemos: todo o tempo em que isto acontecer neste ser humano, este ser humano não é pobre da mais extrema pobreza.
  5. Porque, nas suas operações, Deus não visa um lugar no ser humano, onde ele possa operar: a pobreza em espírito, é que o ser humano esteja de tal forma liberto de Deus, e de todas as suas obras, que Deus, se ele quer operar na alma, seja ele próprio o lugar onde ele quer operar, e isso, ele o faz de boa vontade.
  6. Porque, quando ele encontra o ser humano tão pobre, Deus opera a sua própria obra, e o ser humano acolhe assim Deus nele, e Deus é o lugar próprio das suas operações, pelo facto de que Deus opera em si próprio.
  7. Aqui, nesta pobreza, o ser humano reencontra o ser eterno que ele (antes) foi, que ele é agora, e que ele permanecerá para sempre. 1

Notas
  1. Eckhart disse antes, assim como outros mestres, que o ser humano devia ser livre de todas as obras exteriores e interiores, afim de deixar a Deus um lugar onde ele possa agir.

    Ele fala hoje de forma diferente: a pobreza em espírito, é que o ser humano seja de tal forma liberto de Deus, e de todas as suas obras, que Deus, quando ele quer operar dentro da alma, seja ele próprio o local onde ele pode operar.

    «Aqui, nesta pobreza, o ser humano reencontra o ser eterno que ele foi, que ele é agora, e que ele permanecerá para sempre.»

    Podemos também nos perguntar se não devemos ler estas últimas linhas na perspectiva da união mística. [  ]


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