Mestre Eckhart - Sermão da Pobreza 8


  1. Em segundo lugar, é um ser humano pobre aquele que não sabe nada.
  2. Nós dissemos por vezes que o ser humano deveria viver como se ele não vivesse nem para ele próprio, nem para a verdade, nem para Deus.
  3. Mas agora nós dizemos de modo diferente, e iremos mais longe dizendo que o ser humano (que deve ter esta pobreza) deve viver de tal forma que ele ignore mesmo que ele não vive nem para si próprio, nem para a verdade, nem para Deus; bem melhor, ele deve estar de tal forma desprendido de todo o conhecimento que ele não sabe, nem reconhece, nem sente que Deus vive nele; mais ainda, ele deve estar desprendido de todo o conhecimento que viva nele, porque quando o ser humano estava no ser eterno de Deus, nada mais vivia nele (para além do ser eterno de Deus), e o que vivia lá, era ele próprio.
  4. Nós dizemos portanto que o ser humano deve estar tão desprendido do seu próprio saber, tal como ele estava quando ele (ainda) não existia; que o ser humano deixe Deus operar aquilo que Deus quer, e que o ser humano esteja desprendido. 1

Notas
  1. Em segundo lugar, é pobre o ser humano que não sabe nada, que não sabe que vive para ele próprio, nem para a verdade, nem para Deus.

    Ele deve ser desprendido de todo o saber, e de todo o conhecimento, mesmo de saber, de reconhecer, e de sentir que Deus vive nele, «porque quando o ser humano estava no ser eterno de Deus, ninguém vivia nele, e quem vivia lá, era ele próprio».

    É preciso sem dúvida aproximar estas palavras sobre a exigência do não-saber, dos textos onde, como em Mulier, venit hora, Eckhart insiste com tanto vigor sobre a exigência de viver «sem porquê». [  ]


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