Mestre Eckhart - Sermão da Pobreza 5


  1. Se me perguntassem o que é um ser humano pobre, que não quer nada, eu responderia: todo o tempo que o ser humano tem como sua vontade querer realizar a muito cara vontade de Deus - este ser humano não tem a pobreza da qual nós queremos falar, porque este ser humano tem uma vontade pela qual ele quer satisfazer a vontade de Deus, e essa não é a verdadeira pobreza.
  2. Porque se o ser humano deve ser verdadeiramente pobre, ele deve estar tão desprendido da sua vontade criada, como quando ele estava quando ele (ainda) não existia.
  3. Porque eu vos digo, pela verdade eterna: todo o tempo que vocês tiverem a vontade de realizar a vontade de Deus, e que vocês tiverem o desejo da eternidade, e o desejo de Deus, vocês não são pobres, porque só é um ser humano pobre aquele que não quer nada, e que não deseja nada. 1

Notas
  1. Talvez seja necessário ler a frase «... todo o tempo que vocês têm a vontade de realizar a vontade de Deus...» em função daquilo que se segue: «... e o desejo da eternidade e de Deus, vocês não são pobres, porque só é uma pessoa pobre aquela que não quer nada e não deseja nada».

    Podia-se então pensar que o predicador liga esta vontade de realizar a vontade de Deus ao desejo da eternidade bem-aventurada e de Deus.

    Não seria então o primeiro sermão que convidaria os seus auditores ao mais total desinteresse espiritual.

    No sermão 1, Intravit Iesus in templum..., ele comparou aos mercadores do Templo aqueles que realizam a vontade de Deus para obterem qualquer coisa que seja, mesmo que seja a beatitude eterna. [  ]


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