Mestre Eckhart - Sermão da Pobreza 3
- Certas pessoas perguntaram-me o que é a pobreza em si própria, e o que é um ser humano pobre.
- Nós queremos responder a isso. 1
- O bispo Alberto disse que um ser humano pobre é aquele que não se pode satisfazer com todas as coisas criadas por Deus, e são palavras certas.
- Mas nós diremos ainda melhor, e consideraremos a pobreza segundo um significado mais elevado: é um ser humano pobre aquele que não quer nada, e que não sabe nada, e que não tem nada.
- Falaremos destes três pontos, e eu peço-vos, pelo amor de Deus, de compreenderem esta verdade se puderem, e se não a compreenderem, não se preocupem, porque eu quero falar de uma tal verdade que poucas pessoas boas a podem compreender. 2
Notas
- A pobreza é aqui apenas o tema ocasional que permite reunir as intuições mais profundas de Mestre Eckhart: a identidade entre o fundo de Deus e o fundo do ser humano, a natureza "não-nascida" do ser humano, a dialética da "douta ignorância", a ultrapassagem de tudo o que pode ser um objeto para a vontade, a insistência sobre a vacuidade que era a nossa antes de nascermos neste mundo, a necessidade de se libertar de Deus enquanto face a face do ser humano, a felicidade como consequência da recuperação de Deus por ele próprio no ser humano. [ ↑ ]
- A pobreza exterior é boa, diz Eckhart, e deve ser louvada, tendo-a Nosso Senhor praticado ele próprio, mas não é dessa que ele quer falar.
O bispo Alberto (Alberto, o Grande, foi bispo de Ratisbona em 1260, e demissionário em 1262) disse que uma pessoa pobre é aquela que não se pode contentar com todas as coisas criadas por Deus, mas ele, Mestre Eckhart, toma a pobreza segundo um significado mais elevado: é uma pessoa pobre aquela que não quer nada, que não sabe nada, e que não tem nada. [ ↑ ]
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