Mestre Eckhart – Tratado do Desprendimento 5


  1. Um mestre, chamado Avicena, disse que a nobreza do espírito que permanece desprendido é tão grande que tudo aquilo que ele contempla é verdadeiro, que tudo aquilo que ele deseja lhe é concedido, e que tudo aquilo que ele ordena lhe é obedecido.
  2. E tu deves saber em verdade: quando o espírito livre permanece num verdadeiro desprendimento, ele constrange Deus a vir ao seu ser, e se ele pudesse permanecer sem forma e sem nenhum acidente, ele tomaria o ser próprio de Deus.
  3. Ora Deus não pode dar isto a ninguém que não seja a ele próprio; é por isso que Deus não pode fazer mais nada pelo espírito desprendido que não seja dar-se a si próprio a ele.
  4. E o ser humano que permanece assim, num total desprendimento, é de tal forma levado para a eternidade que nada de efémero o pode mover, que não se submete a nada do que é carnal, e é dito morto para o mundo porque não tem gosto para nada de terrestre.
  5. Era o que pensava S. Paulo quando disse: «Eu vivo, mas no entanto eu não vivo: é Cristo que vive em mim.»


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