Livro da Vida Perfeita - A descida aos infernos


  1. A alma de Cristo desceu aos infernos antes de subir ao céu. A alma do ser humano deve fazer o mesmo.
  2. Observa bem como é que isso se produz.
  3. Quando o ser humano se examina e se perscruta a si próprio, considera-se mau e indigno de todo o bem e de toda a consolação que lhe possa vir de Deus ou das criaturas. Não espera nada mais que uma condenação e uma perca eternas, e ainda assim considera-se indigno.
  4. Sim, ainda assim considera-se indigno de todo o sofrimento que lhe possa ocorrer no tempo. Considera justo e equitativo que todas as criaturas se oponham a ele e lhe façam penas e sofrer, e ainda assim considera-se indigno.
  5. Da mesma forma, considera justo ser condenado por toda a eternidade e servir de capacho a todos os demónios do inferno. E ainda assim considera-se indigno disso.
  6. Ele não quer, não pode, desejar a consolação nem a libertação de Deus nem das criaturas e prefere permanecer assim cativo e inconsolado.
  7. Ele não deplora a sua condenação e o seu sofrimento. Porque são justos e equitativos. Não são contra Deus: bem pelo contrário, são a vontade de Deus. Ele aceita-os voluntariamente e submete-se a eles.
  8. Ele apenas deplora o seu pecado e a sua malignidade. Porque eles são, eles sim, injustos e contra Deus.
  9. Ele sente pena e desolação por causa deles.
  10. É aquilo a que se chama - e que é verdadeiramente - o arrependimento do pecado.

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