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A mostrar mensagens de janeiro, 2010

Livro da Vida Perfeita - O desejo

Quando os seres humanos são iluminados pela verdadeira luz, sabem que tudo aquilo que podem desejar ou escolher não é nada comparado com o que foi desejado, escolhido e conhecido pelas criaturas enquanto que tais. É por isso que esses seres humanos iluminados abandonam todos os desejos e todas as escolhas para se reconduzirem e confiarem, eles e todas as coisas, ao Bem eterno. No entanto, permanece neles um desejo: o desejo de avançarem e de se aproximarem do Bem eterno. O desejo dum conhecimento mais próximo, dum amor mais ardente, dum desfrutar mais puro, duma submissão e duma obediência mais completas. Também, eles podiam dizer estas palavras: « Aquilo que é a mão para o ser humano, eu gostaria de o ser para o Bem eterno. » Eles temem sempre não estarem suficientemente nessa disposição e desejam que o conjunto dos seres humanos seja feliz. Mas desse desejo que está neles, os seres humanos iluminados permanecem livres: eles não se apropriam dele. Eles sabem que ele não pe

Imitação de Cristo - 1.14. Evitar os julgamentos temerários

Volta os olhos para ti, e não julgues as ações dos outros. Ao julgarmos os outros, esforçamo-nos em vão; enganamo-nos frequentemente, e cometemos muitas faltas; mas examinando e julgando-nos a nós próprios, esforçamo-nos sempre com proveito. Geralmente, nós julgamos as coisas segundo as inclinações do nosso coração, porque o amor próprio altera facilmente a retidão do nosso julgamento. Se tivéssemos sempre em vista Deus apenas, não nos perturbaríamos tanto, quando somos contrariados. Mas muitas vezes há qualquer coisa fora de nós, ou oculta em nós, que nos arrasta. Muitos procuram-se a si próprios secretamente naquilo que fazem, sem se aperceberem. Parece-lhes que têm muita paz, quando tudo lhes corre à medida dos seus desejos. Mas se forem contrariados, logo se inquietam e entristecem. A diversidade das opiniões provoca frequentemente discussões entre amigos e vizinhos, e mesmo entre religiosos e pessoas devotas. Dificilmente se perde um hábito antigo, e ninguém ren

Livro da Vida Perfeita - O Um

A Felicidade eterna, é preciso saber, depende apenas d'Ele, e de mais nada. Para que a alma humana seja feliz, o Um quer - e deve estar - sozinho dentro da alma. « Mas bem , perguntar-me-ão, o que é que então é o Um? É o Bem - ou antes o que nos aparece como o Bem. No entanto, Ele não é este bem aqui nem aquele bem ali que se pode nomear, conhecer ou mostrar: Ele é Tudo, e para lá de tudo. Ele nem sequer tem necessidade de vir entrar dentro da alma: Ele já lá está, mas está lá desconhecido. Quando se diz que é preciso ir ter com Ele, ou que Ele deve vir para dentro da alma, isso significa que se deve procurá-l'O, senti-l'O e saboreá-l'O. E porque Ele é Um, a unidade e a simplicidade é melhor que a multiplicidade. Porque a Felicidade não depende do múltiplo e da multiplicidade, mas do Um e da unidade. Da mesma forma, para ser breve, ela não depende nem da criatura nem das suas ações, mas apenas de Deus e das suas obras. É por isso que eu só devia ter at

Imitação de Cristo - 1.13. Do resistir às tentações

Enquanto vivemos no mundo, não podemos estar isentos de trabalhos e de provas. Por isso está escrito no livro de Jó: « A tentação é a vida do homem sobre a terra » ( Jó 7, 1). Portanto, cada um deveria estar sempre de guarda contra as tentações que o assediam, e vigiar e orar para não dar azo às surpresas do demónio, que nunca dorme e que « procura por todos os lados a quem devorar » (1 Pedro 5, 8). Ninguém é tão perfeito e santo que não tenha, por vezes, tentações, e não podemos estar completamente livre delas. Mas, apesar de serem importunas e penosas, as tentações frequentemente são muito úteis porque nelas somos humilhados, purificados e instruídos. Todos os santos passaram por muitas tentações e sofrimentos, e foi por essa via que eles avançaram. Mas aqueles que não suportaram as suas provas, Deus reprovou-os, e desfaleceram na via da salvação. Não há ordem tão santa, nem lugar tão secreto, onde não se encontrem tentações e adversidades. Enquanto vivermos, não p

Livro da Vida Perfeita - Conhecer a sua própria vida

Nenhuma virtude, nenhum bem, nem mesmo o Bem soberano que é Deus: nada disso pode alguma vez tornar o homem virtuoso, nem bom, nem feliz, enquanto isso lhe permanecer exterior. O mesmo se passa com o pecado e o mal. É preciso considerar este ponto e compreendê-lo de verdade. Certo, é bom perguntar, aprender e saber o que é que os homens bons e santos realizaram e suportaram, como é que eles viveram e o que é que Deus quis e operou por eles e neles. Mas vale mil vezes mais que o homem compreenda e conheça a sua própria vida: o que ela é e como; o que Deus é, quer e opera em si; e naquilo que Deus quer - ou não quer - servi-lo. Também, esta expressão é muito verdadeira: « Sair não é sempre tão bom que não valha mais ficar. » [ Anterior ] [ Índice ] [ Seguinte ] Início » Espiritualidade » Vida Perfeita » Amar o melhor » A Libertação » Conhecer a sua própria vida

Vida de Nuno Álvares Pereira - O partido da aliança portuguesa em Castela

«Dez anos depois de ter acompanhado, em 1340, D. Afonso IV à batalha do Salado, o prior D. fr. Álvaro fora para Castela, a pedido do rei D. Pedro, que era neto do português e subira ao trono em 1350. Por Castela andara como aliado e amigo de D. João Afonso, senhor de Albuquerque e Medelin, e ambos governavam o Reino. Toda a política terrível, mas forte, dos primeiros anos do reinado do filho da infanta Maria de Portugal, tragicamente finada em Évora, fora mais ou menos obra dos dois, que representavam em Castela o partido da aliança portuguesa. Quase português era, com efeito, D. João Afonso, neto de el-rei D. Dinis, por ser filho do bastardo Afonso Sanches e portanto sobrinho natural do rei Afonso IV e primo de sua filha, a rainha mãe de Castela. Ambas as famílias reinantes andavam, tão enlaçadas, e tão penetrados os interesses e as relações das famílias patrícias, que, se o sentimento senhorial do principado acentuava a separação das duas coroas, pode dizer-se que não existia, nas a

Imitação de Cristo - 1. Conselhos úteis para a vida espiritual

LIVRO UM CONSELHOS ÚTEIS PARA A VIDA ESPIRITUAL Da imitação de Cristo e desprezo de todas as vaidades do mundo Do humilde conceito que devemos ter de nós próprios Da doutrina da verdade Da prudência nas ações Da leitura dos livros santos Dos afectos desordenados Do fugir da presunção e da vã esperança Do evitar demasiada familiaridade Da obediência e sujeição Da necessidade de evitar as conversas inúteis Dos meios para adquirir a paz interior e do desejo de avançar na virtude Da utilidade das adversidades Do resistir às tentações Evitar os julgamentos temerários Das obras de caridade Do suportar os defeitos dos outros Da vida religiosa Do exemplo dos Santos Padres Dos exercícios do bom religioso Do amor da solidão e do silêncio Da compunção do coração Da consideração da miséria humana Da meditação da morte Do julgamento e das penas dos pecadores Da séria emenda de toda a nossa vida Início » Espiritualidade » Imitação de Cristo » 1. Conselhos úteis p

Livro da Vida Perfeita - A contemplação do mistério

« É possível , perguntarão, que a alma, enquanto está no corpo, consiga deitar uma olhada para a eternidade e receber assim um antegozo da vida e da felicidade eternas? ». A isso, a resposta comum é: Não! Esta resposta é exacta num sentido: enquanto a alma tem em vista o corpo e as coisas do corpo, o mundo e as criaturas, enquanto ela se deforma e se dispersa assim, isso não é possível. Para chegar a esta visão, a alma deve estar vazia de todas as imagens e despojada de todas as criaturas: em primeiro lugar, de si própria. E isso, pensarão, nunca aconteceu neste mundo. Mas São Dioniso, ele, afirma que isso é possível. Podemos constatar por estas palavras que ele escreve a Timóteo: « Para contemplar os mistérios divinos, tu deves abandonar os sentidos, as sensações e o sensível. Tu deves abandonar o intelecto, as operações intelectuais e o inteligível: criado e incriado. Levanta-te! Sai de ti próprio, entra na ignorância de tudo aquilo que foi dito e une-te ao que está acima d

Imitação de Cristo - 1.12. Da utilidade das adversidades

É bom que algumas vez tenhamos aflições e contrariedades, porque frequentemente fazem-nos regressar a nós próprios, fazendo-nos sentir que vivemos no exílio, e que não devemos pôr a nossa esperança em coisa alguma do mundo. É bom sermos submetidos a contrariedades, e que pensem mal ou pouco favoravelmente de nós, ainda que as nossas ações e intenções sejam boas. Estas coisas servem para termos humildade, e preservam-nos contra a vanglória. Porque nós temos mais pressa de procurar Deus, que vê o fundo do coração, quando somos vilipendiados e desacreditados pelos outros. Por isso, devíamos firmar-nos de tal modo em Deus, que não tivéssemos necessidade de tantas consolações humanas. Quando o homem de boa vontade é atribulado, tentado ou afligido com maus pensamentos, então reconhece melhor a necessidade que tem de Deus, e compreende que sem Ele nada de bom pode fazer. Então entristece-se, geme e reza por causa das misérias que padece. Então cansa-se de viver, e deseja que

Livro da Vida Perfeita - Os olhos da alma

O que é o pecado A Apropriação A queda A usurpação A mestria A ilusão O apego Os olhos de Cristo Os olhos da alma A contemplação do mistério A Libertação Conhecer a sua própria vida O Um O desejo O amor de Deus A descida ao inferno O Reino celeste Dois caminhos bons e seguros A verdadeira paz Início » Espiritualidade » Livro da Vida Perfeita » 1. Amar o melhor

Imitação de Cristo - 1.11. Dos meios para adquirir a paz interior e do desejo de avançar na virtude

Nós poderíamos ter muita paz, se não nos quiséssemos ocupar com o que dizem e fazem os outros, que não são da nossa conta. Como pode alguém ficar por muito tempo em paz, que se intromete na vida alheia, que busca ocasiões para se distrair exteriormente, que raras vezes e mal se recolhe interiormente? Felizes os simples, porque terão muita paz! Como é que alguns santos subiram a um grau tão elevado de virtude e de contemplação? Porque se desfizeram de todos os desejos terrenos, e assim puderam unir-se a Deus no fundo mais íntimo do seu coração, e ocuparem-se livremente de si próprios. Nós, porém, ocupamo-nos demasiado com as nossa paixões, e andamos demasiado inquietos com as coisas que passam. Raramente conseguimos vencer perfeitamente um único vício, não temos ardor para fazer alguns progressos em cada dia, por isso permanecemos tíbios e frios. Se estivéssemos completamente mortificados e menos preocupados interiormente, podíamos saborear as coisas divinas e adquirir

Livro da Vida Perfeita - Os olhos de Cristo

« A alma de Cristo tem dois olhos: um olho direito e um olho esquerdo. » Sejamos atentos a essas palavras, que se dizem e que se lêem. No princípio, quando ela foi criada, a alma de Cristo voltou o «olho direito» para a Eternidade e a Divindade: ela ficou imóvel na contemplação e na possessão da essência e da perfeição divinas. Ela ficou imperturbável e livre de todos os acidentes e os tormentos, de todas as emoções, os sofrimentos, as aflições e as dores do homem exterior. Com o «olho esquerdo», a alma de Cristo olhou para as criaturas e aí reconheceu todas as coisas. Ela considerou as suas diferenças: melhor e pior, nobre e ignóbil, etc. É segundo essas regras que se dirigia o homem exterior de Cristo. O seu homem interior estava assim, pelo «olho direito» da alma, na perfeita possessão da natureza divina, nas delícias e uma alegria perfeitas. O seu homem exterior estava, pelo «olho esquerdo» da alma, no extremo do sofrimento, da miséria e das penas, enquanto que o seu

Imitação de Cristo - 1.10. Da necessidade de evitar as conversas inúteis

Evita, quanto puderes, o bulício do mundo, porque há perigo em te ocupares das coisas mundanas, mesmo que tenhas intenção pura. Depressa, a vaidade suja e cativa a alma. Eu gostava de ter-me calado mais vezes, e de não ter estado entre os humanos. Por que razão gostamos tanto de falar e de conversar quando tão raramente acontece que regressemos ao silêncio sem termos dano na consciência? É porque nesses encontros procuramos consolação mútua e alívio para o coração cansado de pensamentos contraditórios. Gostamos de falar e de ocupar o espírito com aquilo que nos dá prazer, com aquilo que desejamos, e com aquilo que contraria os nossos desejos. Mas ai! Muitas vezes é em vão. Porque essa consolação exterior é muito prejudicial à consolação que Deus dá interiormente. Portanto, é preciso vigiar e orar, afim que o tempo não passe ociosamente. Se te é lícito e conveniente falar, fala de coisas edificantes. O mau hábito, e o descuido com o nosso progresso, impedem-nos de

Livro da Vida Perfeita - O apego

« Porque nós não amamos o que é o melhor , diz um mestre chamado Boécio, é essa realmente a nossa imperfeição! » Sim, ele diz a verdade. O Melhor devia ser o mais amado e, dentro desse amor, não se devia considerar o útil ou o inútil, o ganho ou a perca, a honra ou a vergonha, o elogio ou a crítica, nem nada desse género. O que é verdadeiramente o mais nobre e o melhor devia ser o mais amado - e apenas porque é o melhor e o mais nobre. É a partir daí que o ser humano pode dirigir a sua vida, tanto exterior como interior. Em primeiro lugar a sua vida exterior. Entre as criaturas, uma é melhor que a outra: isto depende do Bem eterno, que brilha e atua mais ou menos dentro de uma que dentro de outra. Aquela onde o Bem eterno brilha, ilumina e atua mais, aquela onde Ele é mais conhecido e amado, essa é a melhor. Aquela onde Ele se manifesta menos é também a menos boa. O ser humano que vive com as criaturas e se ocupa delas, se conhece esta distinção, deve preferir aquelas

Imitação de Cristo - 1.9. Da obediência e da sujeição

Grande coisa é viver na obediência, sujeito a um superior, e não ter vontade própria. É muito mais seguro obedecer do que mandar. Alguns obedecem mais por necessidade que por amor: por isso facilmente sofrem e murmuram. Esses nunca alcançarão a liberdade de espírito, a menos que se submetam com todo o coração à causa de Deus. Anda por onde quiseres, não encontrarás descanso senão na humilde sujeição às ordens do superior. Vários imaginando que estariam melhor noutros lugares, foram enganados por esta ideia de mudança. É verdade que cada um gosta de seguir o seu próprio parecer, e tem mais inclinação para aqueles que pensam como ele. Mas se Deus está entre nós, por vezes é necessário renunciar ao nosso parecer, para bem da paz. Quem é tão esclarecido que saiba tudo perfeitamente? Portanto, não confies demasiado no teu parecer, mas escuta também de boa vontade o dos outros. Se o teu parecer for bom, e por causa de Deus, renunciares a ele para seguir outro, terás nisso

Livro da Vida Perfeita - A ilusão

Quando eu atribuo a mim próprio um bem, é porque eu imagino que ele é meu ou que eu próprio sou esse bem. Se eu conhecesse a verdade, ser-me-ia claro que esse bem não sou eu, nem meu, nem «de mim», etc.: a apropriação cessaria por si própria. Mesmo se o homem imagina que é ele que louva e ama Deus, é melhor que Deus - naquilo que Lhe pertence - seja assim conhecido, amado, louvado e honrado, em vez de não o ser de todo. Porque, desde que a ilusão e a ignorância se transformam em saber e conhecimento da verdade, a apropriação cessa: Ah, pobre louco! diz o homem então. Eu imaginava que era eu, enquanto que era - enquanto que é - verdadeiramente Deus! » [ Anterior ] [ Índice ] [ Seguinte ] Início » Espiritualidade » Vida Perfeita » Amar o melhor » A Apropriação » A ilusão

Livro da Vida Perfeita - Conclusão

O que deveria ser o ser humano Ser a mão de Deus Estar de guarda sempre Início » Espiritualidade » Livro da Vida Perfeita » Conclusão

Livro da Vida Perfeita - 4. A vontade eterna

Nada é contra Deus O Paraíso Não se procurar a si próprio O nascimento de Cristo em nós Deixar-se encher por Deus Amar todas as coisas no Um Tudo o que existe é bom O que quer dizer «acreditar» O que quer dizer «o inferno» O Paraíso A inteligência e a vontade Toda vontade criada é de Deus A dentada A nobre liberdade Não se apropriar da única vontade A nobre liberdade não existe sem sofrimento Não ter nada de próprio Tomar a cruz Estar atento a si próprio O bom caminho O Pai A atração do Pai O caminho para a verdadeira vida interior Outro caminho para a vida interior A passagem para o inefável Início » Espiritualidade » Livro da Vida Perfeita » 4. A vontade eterna

Livro da Vida Perfeita - 3. As duas luzes

Quatro tipos de seres humanos Leis do ser humano interior e do ser humano exterior A falsa luz O que é a falsa luz Os erros da falsa luz As manhas da falsa luz As ilusões da falsa luz O Anticristo Erros sobre o que é o melhor A semente do Diabo A verdadeira luz Primazia do amor O verdadeiro amor Falso saber e falso amor O amor do Um pelo Um Estado do ser humano santificado O amor da vida nobre Vida santa e vida natural Estar de guarda Início » Espiritualidade » Livro da Vida Perfeita » 3. As duas luzes

Livro da Vida Perfeita - 2. Os três caminhos

Deixar Deus agir A Purificação A verdadeira obediência A humanidade de Cristo O homem novo A desobediência A origem do sofrimento O que é contra Deus Responsabilidade do ser humano Conhecer o verdadeiro bem Renunciar a si próprio Amargura da vida de Cristo A Iluminação Conduta do ser humano iluminado A despossessão A preparação espiritual A melhor preparação Viver a vida de Cristo Riqueza e orgulho espirituais Pobreza e humildade espirituais Necessidade das regras e instruções O exemplo de Cristo Manifestar a Verdade A União O que é a união Imobilidade e movimento Não há impassibilidade nesta vida Para além da Lei A natureza e a graça Nem isto nem aquilo O Bem único O ser humano santificado Contra a vontade própria Nada das criaturas Todas as coisas têm o seu ser em Deus O sofrimento do pecado A vida nobre e verdadeira Não esperar recompensas Início » Espiritualidade » Livro da Vida Perfeita » 2. Os três caminhos

Livro da Vida Perfeita - 1. Amar o melhor

O que é o pecado A Apropriação A queda A usurpação A mestria A ilusão O apego Os olhos de Cristo Os olhos da alma A contemplação do mistério A Libertação Conhecer a sua própria vida O Um O desejo O amor de Deus A descida aos infernos O Reino celeste Dois caminhos bons e seguros A verdadeira paz Início » Espiritualidade » Livro da Vida Perfeita » 1. Amar o melhor

Livro da Vida Perfeita - Introdução

O Perfeito A criatura O ser Início » Espiritualidade » Livro da Vida Perfeita » Introdução

Imitação de Cristo - 1.8. Do evitar demasiada familiaridade

« Não abras o teu coração a qualquer um » ( Eclesiástico 8, 22); mas aconselha-te com o sábio e temente a Deus. Conversa pouco com os jovens e os estranhos. Não lisonjeies os ricos, nem procures a companhia dos grandes. Procura a companhia dos humildes, dos simples, dos devotos, e dos que têm bons costumes, e trata com eles apenas de assuntos edificantes. Não tenhas familiaridade com nenhuma mulher, mas recomenda a Deus todas as que são virtuosas. Procura ter familiaridade apenas com Deus e os anjos, e foge de ser conhecido dos homens. Devemos ter caridade para com todos, mas não convém ter familiaridade. Sucede, frequentemente, uma pessoa desconhecida ser estimada pela boa fama que tem, mas quando está presente desagrada aos olhos que a vêm. Às vezes, julgamos agradar aos outros com a nossa assiduidade, e é então que lhes começamos a desagradar com os defeitos que descobrem em nós. [ Anterior ] [ Índice ] [ Seguinte ] Início » Espiritualidade »

Livro da Vida Perfeita - A mestria

« É preciso , dizem alguns, abandonar todo o saber, todo o querer, todo o amor, todo o desejo e todo o conhecimento. » Isto não significa de modo nenhum que o ser humano não deva ter nenhum conhecimento ou que Deus não deva ser por ele conhecido, amado, querido, desejado, louvado e honrado. Seria um grande mal, e o homem seria então como os animais selvagens ou o gado. Bem pelo contrário, o conhecimento do ser humano deve ser tão puro e tão perfeito que nele apareça claramente que esse conhecimento não pertence nem ao homem nem à criatura, mas que é o conhecimento do Eterno, que é o Verbo eterno. O ser humano e a criatura desaparecem e não o atribuem a si. Quanto menos a criatura se apropria do conhecimento, mais ele se torna perfeito. O mesmo se passa com a vontade, com o amor, com o desejo, etc.: quanto menos nos apropriamos deles, mais eles se tornam nobres, puros e divinos; pelo contrário, quanto mais nos apropriamos deles, mais eles se tornam grosseiros, impuros e impe

Imitação de Cristo - 1.7. Do fugir da presunção e da vã esperança

Insensato é quem põe a esperança nos homens ou nas criaturas. Não te envergonhes de servir os outros, e ser tido por pobre neste mundo pelo amor de Jesus Cristo. Não confies em ti próprio, mas põe a tua esperança em Deus. Faz aquilo que puderes, e Deus ajudará a tua boa vontade. Não confies na tua ciência, nem na habilidade de nenhuma criatura, mas antes confia na graça do Senhor, que ajuda os humildes e abate os presunçosos. Não te glories das riquezas que possas ter, nem do poder dos teus amigos, mas gloria-te em Deus, que dá tudo, e que, sobretudo, deseja dar-se a si próprio. Não te enleves com a força ou a beleza do teu corpo, porque uma ligeira enfermidade o pode corromper e desfigurar. Não tenhas complacência para com a tua habilidade ou talento, para que não desagrades a Deus, de quem é todo o bem natural que tiveres. Não te estimes melhor que os outros, para que não suceda que sejas considerado pior aos olhos de Deus, que sabe o que está dentro dos humanos.

Livro da Vida Perfeita - A usurpação

« Eu não darei , disse Deus, a minha honra a ninguém » (Is 42, 8; 48, 11). Isto significa que a honra e a glória só pertencem a Deus. Se eu atribuo a mim próprio um «bem» - qualquer coisa que eu seja, possa, saiba ou faça, qualquer coisa que seja minha ou de mim, qualquer coisa que me pertença ou provenha de mim, etc. - eu aproprio-me também da glória e da honra. O meu ato é duplamente mau. É, primeiro, como se disse, uma queda e um afastamento. Mas também, eu atribuo a mim a honra de Deus, e aproprio-me daquilo que é só d'Ele. Porque, tudo aquilo a que se deve chamar «bem», não pertence a ninguém, a não ser ao único eterno e verdadeiro Bem. Aquele que dele se apropria, faz mal a Deus e age contra Ele. [ Anterior ] [ Índice ] [ Seguinte ] Início » Espiritualidade » Vida Perfeita » Amar o melhor » A Apropriação » A usurpação

Imitação de Cristo - 1.6. Dos afetos desordenados

Sempre que o ser humano começa a desejar alguma coisa desordenadamente, fica logo inquieto. O soberbo e o avaro nunca têm descanso, mas o pobre e o humilde de espírito vivem em muita paz. O homem, que ainda não está perfeitamente mortificado, é facilmente tentado e vencido em coisas pequenas e insignificantes. Quem tem o espírito pouco firme, pesado pela carne e inclinado para as coisas sensíveis, tem grande dificuldade em se desapegar totalmente dos desejos terrenos. Por isso, muitas vezes fica triste por não fazer a sua vontade, e facilmente se impacienta quando alguém o contraria. Porém, se alcança o que deseja, sente logo o remorso da consciência, porque obedeceu ao seu apetite, que não vale nada para alcançar a paz que procurava. É resistindo às paixões, e não seguindo-as, que se encontra a verdadeira paz do coração. Portanto, não há paz no coração do homem carnal, nem do que se entrega às coisas exteriores, mas somente no do que é fervoroso e espiritual. [

Livro da Vida Perfeita - A queda

« Eu caí mil vezes mais baixo, eu afastei-me mil vezes mais que Adão. A queda, o afastamento de Adão, toda a humanidade não a pôde reparar nem apagar. Como é que a minha própria queda pode ser reparada? » Como a de Adão, pela mesma pessoa e do mesmo modo! « Por quem foi ela reparada? De que modo? » O homem não o conseguiria fazer sem Deus. Deus não o teria querido fazer sem o homem. Foi por isso que Deus se revestiu da natureza humana. Ele fez-se homem, e o homem foi santificado. Assim ocorreu a reparação! É do mesmo modo que deve ser reparada a minha queda. Eu não a posso sem Deus, e Deus não a deve nem a quer sem mim. Para que ela ocorra, é preciso que Deus se faça homem em mim também. É preciso que Ele tome para si tudo o que existe em mim - tanto o interior como o exterior - afim que nada em mim lhe resista e impeça a sua obra. Mesmo que Deus tomasse a Si todos os seres humanos, mesmo que Ele se fizesse homem neles e eles fossem Deus n'Ele: se isso não ocorresse

Imitação de Cristo - 1.5. Da leitura dos livros santos

Nas Sagradas Escrituras devemos buscar a verdade e não a eloquência. Os livros santos devem ser lidos com o mesmo espírito que os ditou. Devemos procurar neles o proveito e não a subtileza das palavras. Por isso, devemos ler com tão boa vontade os livros simples e piedosos como os profundos e sublimes. Não te mova a autoridade do escritor, se tem ou não grandes conhecimentos; pelo contrário, lê apenas pelo puro amor da verdade. Considera aquilo que te disseram, sem olhares a quem o disse. Os homens passam, mas « a verdade do Senhor permanece eternamente » ( Salmos 117(116), 2). Deus fala-nos de várias maneiras, e por todo o tipo de pessoas. Na leitura das Escrituras, a nossa curiosidade prejudica-nos, muitas vezes, porque queremos examinar e esquadrinhar quando devíamos ler com simplicidade. Se queres tirar proveito, lê com humildade, com simplicidade, com fé, e não queiras nunca passar por letrado. Gosta de perguntar; escuta em silêncio as palavras dos santos; e

Livro da Vida Perfeita - O que é o pecado

« O pecado não é nada mais que o ato pelo qual a criatura, afastando-se do Bem imutável, se volta para o que está submetido à mudança. » Isto é: o ato pelo qual a criatura, afastando-se do Perfeito, se volta para o parcial - o imperfeito -, e em primeiro lugar se volta para si própria. » É isso que nos dizem a Escritura, a fé e a verdade. Tem muita atenção: quando a criatura se apropria de um bem - ser, vida, conhecimento, em resumo: tudo aquilo a que se pode chamar um bem - como se ela fosse ela própria esse bem ou se ele lhe pertencesse, a criatura afasta-se do Perfeito. Que mais fez o Diabo? Que outro ato, senão este, pelo qual ele se afastou e caiu? Ele pretendeu que era - que queria ser - qualquer coisa. Ele pretendeu que possuía e tinha como sua propriedade qualquer coisa. Esta apropriação - o «eu», o «me», o «mim», o «meu» - foi o seu distanciamento e a sua queda. Ainda hoje o é. E Adão, o que fez senão isto? Mas, foi porque comeu a maçã que ele se perdeu e caiu?

Imitação de Cristo - 1.4. Da prudência nas ações

Não devemos dar crédito a tudo o que se diz, nem ir atrás das primeiras impressões, mas pelo contrário devemos examinar todas as coisas segundo Deus, com prudência e devagar. Mas ai! Nós acreditamos e dizemos mais facilmente mal acerca dos outros que bem, tal é a nossa fraqueza. Mas os perfeitos não crêem sem mais nem menos em tudo o que ouvem, porque conhecem a fraqueza humana inclinada para o mal, e inconstante nas palavras. Grande sabedoria é não ser precipitado nas ações, nem demasiado agarrado à sua própria opinião. Também é sabedoria não acreditar indistintamente em tudo o que os outros dizem, nem contar logo aos outros o que ouvimos ou suspeitamos. Toma conselho com alguém sábio e consciencioso, e deixa-te guiar por alguém mais experiente, em vez de seguires o teu parecer. A vida virtuosa torna o homem sábio diante de Deus, e dá-lhe uma grande experiência. Quanto mais formos humildes e submissos a Deus, tanta mais sabedoria e paz alcançaremos em todas as coisas.

Livro da Vida Perfeita - O ser

« Tu afirmas , perguntarão ainda, que não há nada fora do Perfeito, nada sem Ele . « Tu dizes também que d'Ele qualquer coisa flui ». « Aquilo que flui não está portanto fora d'Ele? » Foi precisamente por isso que se disse: «Não há ser verdadeiro fora do Perfeito, não há ser verdadeiro sem Ele». Aquilo que flui não é um ser verdadeiro. Aquilo não tem ser, só o Perfeito tem ser. É apenas um acidente, uma claridade, um clarão: não é um ser, aquilo só tem ser dentro do fogo de onde brota a claridade - quer se trate do sol ou de uma outra fonte luminosa. [ Anterior ] [ Índice ] [ Seguinte ] Início » Espiritualidade » Vida Perfeita » Introdução » O ser