Imitação de Cristo - 1.2. Do humilde conceito que devemos ter de nós próprios
- Todo o ser humano tem o desejo natural de saber; mas para que serve a ciência sem o temor de Deus?
- Por certo, melhor é o camponês humilde que serve a Deus do que o filósofo soberbo que estuda o movimento dos astros mas descuida a sua alma.
- Quem se conhece perfeitamente tem-se por vil e não se compraz nos louvores humanos.
- «Se eu soubesse todas as coisas do mundo e não estivesse em graça, de que me serviria tudo isso diante de Deus, que me há de julgar segundo as minhas obras» (1 Coríntios 13, 2)?
- Não te deixes dominar pelo desejo desordenado de saber, porque nele há muita dissipação e engano.
- Os letrados gostam de ser vistos e tidos por sábios.
- Há muitas coisas que pouco ou nada aproveitam à alma saber.
- E muito insensato é quem se ocupa de tudo, menos do que pode ser útil à sua salvação.
- Muitas palavras não satisfazem a alma, porém, uma palavra boa refrigera o espírito, e a consciência pura dá grande confiança em Deus.
- Quanto mais e melhor souberes, com tanto maior rigor serás julgado, se com esse saber não viveres mais santamente.
- Por isso, não te envaideças com alguma arte ou ciência que possuas, antes teme pelos dons que recebeste.
- Se te parece que sabes muito e és inteligente, lembra-te que é muito mais o que ignoras.
- «Não te presumas de alta sabedoria» (Romanos 11, 20), antes confessa a tua ignorância.
- Como te queres considerar superior a alguém, quando há tantos mais doutos do que tu e mais conhecedores da lei?
- Queres aprender alguma coisa de proveito? Deseja que não te conheçam nem te estimem.
- Não há estudo melhor nem mais útil que conhecer-se perfeitamente e desprezar-se a si próprio.
- Ter-se a si próprio em nenhuma consideração e pensar sempre bem e favoravelmente dos outros, é prova de grande sabedoria e perfeição.
- Se vires alguém pecar abertamente ou cometer uma falta grave, não te deves considerar melhor do que ele, pois não sabes por quanto tempo serás capaz de perseverar no bem.
- Nós somos todos fracos; no entanto, não deves considerar ninguém mais fraco que a ti próprio.
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